Chapter 4 - Capítulo 3

Alguma vez estiveram mal ao ponto de querer desistir de tudo? Talvez muitas vezes. E o que vos manteve fortes? Amigos, família ou até mesmo a vossa força interior, força essa que apenas se revela quando estamos uns verdadeiros cacos. Era essa força que mantinha Nicole intacta, sem cometer nenhuma loucura, porém, nada dura para sempre.

A rapariga tinha acabado de chegar a festa, a sua cara encontrava-se inchada, com alguns vestígios de choro, mas nada que a denunciasse, muito menos, durante a noite.

Ela começou a andar pelo local vendo de tudo, pessoas bêbadas, algumas a vomitarem, outras as comerem-se pelos cantos, comida a voar pelos ares… Nicole não se sentia numa Festa, mas num verdadeiro hospício! Era por causa disto que ela odiava tanto aquele tipo de comemorações, para além de serem muito barulhentas, as pessoas faziam demasiadas figuras, figuras essas que acabavam por ser filmadas e ir parar a internet. No dia seguinte já todos sabiam o que tinha acontecido. Para além disso, as festas acabavam sempre da mesma maneira, confusão e polícia a porta de casa.

Depois de conseguir passar por muitos homens bêbados, sem ter que andar a porrada, finalmente avistou sua melhor amiga. Shia encontrava-se sentada no sofá com Lúcia enquanto falavam animadamente. Elas eram aquele tipo de pessoas que iam para as festas, mas com coincidência dos seus atos, não entrando em conflitos, não ficando muito bêbadas e não agindo de maneira a arrependerem-se no dia seguindo, como por exemplo, trair.

Nicole ao vê-las tão contentes perdeu logo a vontade de as interromper, de estragar aquele momento com os seus dramas da vida. Sim, Shia é sua melhor amiga, mas isso não quer dizer que tenha de abdicar de todos os segundos para ouvi-la.

Depois de algum tempo, a rapariga decide voltar a abandonar a casa, amanhã contaria tudo, explicaria calmamente o que tinha acontecido, sem confusão, sem barulho.

Quando Nicole estava prestes atravessar a porta da rua, sente algo que a faz sobressaltar. Uma mão tinha pousado em seu ombro, quem seria? Talvez um homem tarado pronto para abusar dela? Não, não podia ser! Será que teria de andar a porrada ainda antes de sair da festa!? Com algum receio, Nicole vira-se para trás tentando identificar a pessoa e qual foi o seu alívio quando vê Shia.

- Mas tu queres matar-me do coração! – Pousou a mão no peito esperando que a respiração abrandasse.

- Tu é que estavas a tentar escapar da festa! – Cruzou os braços olhando para sua melhor amiga. – Conta lá o que aconteceu? Porque estas com essa cara tão triste? Foi o Edward, de novo? – Notava-se a preocupação na voz e nos olhos da amiga.

- Aqui esta muito barulho, amanhã falamos melhor sobre o assunto. – Olhou para Lúcia que tinha permanecido sentada no sofá, notava-se que estava amuada, talvez porque Shia abandonou-a ali para falar com Nicole.

- Eu também já me ia embora, falamos pelo caminho, vou só despedir-me da… - Preparou-se para ir ter com sua namorada, mas Nicole agarra-a na mão impedindo.

- Não. Eu estou muito cansada hoje. – Respondeu tentando manter um sorriso em sua cara. – Vamos fazer assim, emprestas-me as chaves de tua casa, eu vou lá dormir, e amanhã, quando ambas acordar-mos, falamos, pode ser? – Questionou esperando que a resposta fosse positiva.

Shia ainda hesitou um pouco, ela queria mesmo saber o que estava a incomodar sua melhor amiga, ajuda-la, apoia-la, mas depois de olhar para Lúcia, acabou por ceder. Ela adorava Nicole, mas ao ir agora com ela iria estar a falhar a sua namorada, mesmo sendo difícil, as vezes é preciso tomar este tipo de decisões para não ter problema com ninguém.

- Ok… - Agarrou nas chaves e deu a amiga. – Mas amanhã, sem falta, contas-me tudo.

- Não te preocupes. – Agarrou nas chaves. – Quando chegares a casa, avisa, para eu abrir a porta. – Pediu olhando de novo para Lúcia. – Agora vai ter com ela antes que comeces a ouvir.

Shia acenou positivamente e abandonou o local deixando Nicole volta a colocar sua cara triste. Impressionante como um sorriso conseguia mentir tanto…

A rapariga deu meia volta e saiu da casa começando a andar em direção do seu destino. O facto da habitação dos Gomez não ser uma grande mansão, causada muita confusão, principalmente, fora do local. Haviam pessoas por tudo o que era sítio, mas o que chamou mais atenção de Nicole foi um rapaz e uma rapariga a discutirem.

- Achas mesmo que vou acreditar em ti! – Revirou os olhos resmungando. – Ainda só passou um mês, um único mês… - Murmurou olhando triste para o rapaz. – Dês que nos separamos… Como é possível já teres outra?

- A culpa não é minha, tu é que quiseste afastar-te de mim, eu apenas aceitei a tua decisão. – Riu ironicamente. – Segui em frente, porque Tu, apenas TU, já não querias estar ao meu lado.

- Tu sabes bem que não foi assim… Eu tive os meus motivos. – A rapariga começou a deixar a voz falhar, notava-se que brevemente desataria a chorar.

- Motivos! Encontrares-me com uma amiga no cinema, depois de ter-te avisado que ia lá com ela, e ainda ter-te convidado é motivo de acabares comigo! Achas! – Olhou cheio de raiva para a ex. – Estou a pagar pelas tuas inseguranças, pelas tuas desconfianças… Eu fartei-me.

- Por isso é que arranjaste outra? Para preencher o espaço que deixei no teu coração, para te dar o que eu nunca te dei? – Começou a aumentar o tom de voz.

- Sim…

- Eu não acredito em ti… - Revirou os olhos andando de um lado para o outro. – É mentira, eu sei que é mentira, só queres que eu fique com ciúmes e que volte para ti, mas isso não vai acontecer… Não até deixares de ser mulherengo…

- Não Samantha, não é mentira. – Começou a olhar para os lados. – E eu posso provar isso.

Nick afastou-se de sua ex-namorada acelerando o passo até a primeira rapariga que lhe apareceu a frente. Ele não queria saber se tinha ou não namorado, Nick precisava de provar a sua ex que, ou ela começava a lutar por aquele amor, ou o iria perder para sempre. O rapaz estava farto de levar com as consequências das inseguranças de Samantha, verdade, houve uma altura da vida em que ele era um mulherengo, mas isso mudou.

Quando avistou uma rapariga, sozinha, acelerou o passo até a ela, verificando se Sam ainda se encontrava a observar, e sem sequer pedir autorização a desconhecida, puxa-a e beija-a intensamente.

- EU ODEIO-TE. – Foi a última coisa que Nick ouviu de sua ex, pois assim que parou o beijo, olhou para trás não a vendo mais lá.

O rapaz suspirou triste, pelos vistos aquela tentativa de fazer ciúmes não tinha resultado como esperava. Voltou a olhar para a frente, pronto para ver quem tinha sido a sua cúmplice naquela mentira e qual foi o seu espanto quando a viu. Ele não conseguia acreditar. Numa cidade tão grande como aquela, qual era a probabilidade de beijar a melhor amiga do seu maior inimigo? Pelos vistos muita!

- Nicole! – Ficou admirado. - Estou sujeito a levar uma chapada neste momento? – Questionou ele ao notar o olhar confuso da rapariga. – E talvez um pontapé no meu abono de família…

- É o que mereces, mas estou demasiado cansada para me exaltar… – Limpou os lábios com a camisola tirando aquele sabor deles e de seguida, ignorou o rapaz, voltando a seguir o seu caminho.

A medida que se afastava da festa, o som intenso da música diminuía, fazendo com que a rapariga conseguisse identificar outro tipo de sons, por exemplo, passos. Sim, alguém estava a segui-la. Sem pensar duas vezes, e controlando todo o seu receio, ela vira-se para trás conseguindo identificar rapidamente a pessoa.

- Mas afinal o que queres de mim? – Cruzou os braços parando de andar.

- Notei que estavas triste… - Murmurou parando a sua frente. – E como vi que estavas sozinha, pensei que talvez quisesses companhia…

- Mas agora estás preocupado comigo! – Levantou a sobrancelha admirada. – A melhor amiga do teu inimigo! Não quero dizer nada, mas acho que não é assim que as coisas funcionam! – Sorriu pela primeira vez, verdadeiramente, naquele dia. – Ou será que estas a fazer isso para desculpares-te pelo péssimo beijo que me deste?

- Péssimo! – Levantou a sobrancelha admirado com tal comentário. – Se eu te tivesse beijado de verdade mudavas logo de ideias.

- Desculpa desiludir-te, mas não quero experimentar. – Afastou-se do rapaz fazendo-o dar uma pequena risada. - Agora explica-me porque é que fizeste aquilo? – Questionou ainda confusa com o que tinha acontecido.

- Ciúmes… Mas acho que não funcionou muito bem. – Meteu as mãos nos bolsos dando de ombros. – Desculpa lá isso… Não quero que penses que sinto alguma coisa por ti… Eu só…

- Não precisas de te justificar… - Deu um breve sorriso. – E não te preocupes com isso, não me passou uma única vez pela capaz essa ideia de sentires alguma coisa por mim. – Olhou-o nos olhos. – Vamos apenas esquecer-nos que isto aconteceu. – Nick acena positivamente desviando o olhar do da rapariga. - Agora se me dás licença, tenho que ir para casa, descansar…

- Não queres companhia? Talvez assim te sintas melhor, menos sozinha… - Perguntou preocupado.

- Não, não precisas. Já estou habituada a esse sentimento. – Começou a andar de costas. – Vá, vou andando. Já agora… - Parou. - Não andes por aí a beijar todas as raparigas que te aparecem a frente.

- Não prometo nada.

Ambos seguiram o seu caminho com esperança que ninguém chegasse a descobrir o que tinha acontecido naquela noite. Não era por Nick, nem sequer por Nicole, mas se aquilo chegasse aos ouvidos de Edward, era certo que haveriam muitos problemas, para as duas partes.