"A chuva intensa apoderou-se da cidade após o ser "Desconhecido" desaparecer da área. Os poucos sobreviventes socorriam, uns aos outros, chorando cheios de dor, angustia, por perderem alguém especial, ou mesmo os seus bens. Mas afinal quem tinha feito aquilo e o porque? Deixou-os sem nada...
Brenda, ao contrário dos outros, permaneceu-se imóvel. Ela não queria acreditar no que tinha acabado de acontecer... Tanto cuidado, para no final ocorrer tudo ao contrário do que ela tinha planeado. Sua filha, sua pequena criança, seu único amor, tinha sido levado para um mundo, bem longe, do alcance de Brenda... Mas ela não iria ficar quieta, não podia, precisava de recuperar Nicole, nem que para isso tenha de morrer..."
Mundanos, seres vivos, que habitam na terra, com o objetivo de concretizar os seus sonhos, até ao fim de suas vidas... Agora questionam, e depois? Tudo acaba? Eles pensam que sim, contudo após a morte, inicia-se uma nova era, até a chegada do verdadeiro, fim.
Deep Town, um dos caminhos que ninguém quer seguir, cheio de dor, solidão, angustia, porém, se durante o teu percurso terreste, erraste, consecutivamente, não ligando as consequências desses atos, é para lá que vais conviver ao lado dos demónios. Light Town, o outro destino, desejado por todos os terrestres, que são iludidos com a esperança de encontrar um mundo cheio de amor, felicidade e união, porém nem tudo o que parece é, e por vezes o melhor lugar pode ser o pior caminho a seguir.
- Ana! Por amor de Deus! Já tens idade o suficiente para saberes que durante as aulas, NÃO SE COME... - A voz da professora Art, soou por toda a estação, chamando atenção de outros trabalhadores, que por lá andavam.
- Que eu saiba estamos numa visita de estudo, não é considerado aula... - Ana, preparou-se para entrar no comboio, acabando por não conseguir completar o seu percurso.
- Enquanto estiveres sob a minha responsabilidade, vais obedecer as minhas regras e se digo que não vais comer, tu não vais comer. – Protestou retirando os flocos de nuvem de suas mãos. – Agora entra e sem reclamações.
Art Milton, uma das professoras, mais antigas, em Brilight, escola localizada no mundo dos anjos. Todos os seres celestiais, após completarem os seus 15 anos de idade, são obrigados a frequentar um ensino rigoroso com a duração de 3 anos. O primeiro ano é o mais chato, apenas teórica, onde os alunos aprendem a história e as regras do mundo dos anjos, o segundo ano é onde tudo acontece, onde cada aluno reconhece o seu poder e o treina fortalecendo-o ao máximo, e por último, e o mais importante, o ano "completo", onde cada anjo terá que enfrentar vários desafios para conquistar as suas assas e assim, dependendo do seu sucesso, obter um estatuto no mundo celestial.
- Luke, aperta já essa camisa! Não estamos em nenhum clube de strip!
O anjo, ignorou completamente o pedido de sua professora, desviando o olhar para uma "amiga", que o observava com desejo. Luke, começou a desabotoar o resto dos botões ficando de tronco nu, a frente de todos, permanecendo com o seu olhar em cima de Nádia.
- Será que me podes explicar o que está acontecer? Ele está a comer-te com os olhos! – Maia, melhor amiga de Nádia fica impressionada fazendo com que a segunda se começasse a rir da sua atitude.
- Talvez queira repetir o que aconteceu ontem a noite. – Mordeu o lábio dando uma risada.
- Não me digas que tu e ele... - Ficou com um ar sério. – Pela milésima vez Nádia, para de correr atrás dos namorados das outras! Qualquer dia começam a chamar-te vadia! – Tentou chama-la atenção.
- E não sou? – Ditas aquelas palavras caminha em direção de Luke sussurrando alguma coisa em seu ouvido entrando, de seguida, no comboio.
Muitos seres questionavam a amizade das duas, quer dizer, elas são completamente o oposto uma da outra. Nádia é o habitual ser mimado, convencido, egoísta que pensa que é superior a todos, só porque sua mãe faz parte do departamento angelical, já Maia é divertida, amigável, protetora e esta sempre disposta a ajudar, ou sacrificar o seu bem-estar pelo dos outros. Duas personalidades opostas, mas que juntas se completam.
Os pulmões de Maia, encheram-se de ar, que pouco depois foi libertado. Ela precisava de se controlar, se não o fizesse, muito provavelmente, acabaria por discutir com sua melhor amiga. Se há atitudes que ela não tolera é a injustiça.
Quando finalmente se encontrava apta a seguir o seu caminho, algo a impede, gritos. O seu olhar desvia-se para os celestiais identificando uma delas, Luna, a antissocial de toda a escola.
- Devolve-me o livro... - A vontade de chorar estava presente em seus olhos.
- Estas a desperdiçar a tua vida com o nariz enfiado nesta coisa! – Mostrou o objeto. - Como se alguém fosse gostar de ti só por seres inteligentes.
Os nervos voltaram a consumir o corpo de Maia. Como é possível, num mundo tão "honesto" e tão "milagroso", ainda existir atos tão cruéis, como o Bullying! Ela não admitiria isso, muito menos perante seus olhos, por isso, sem sequer pensar nas consequências de seus atos, meteu-se a frente do anjo, enfrentando-o.
- Tu não tens nada haver com o que ela faz da sua vida. Se ela quer passar o tempo a ler livros, ela passa e tu não és ninguém para julgar as suas atitudes. Por isso, para de ser um puto mimado e devolve-lhe o livro. – Manteve-se firme, tentando controlar o sangue que fervia em suas veias.
- Mas agora tens defensora. – Começou a rir -se descontroladamente, aproximando-se de Maia, ficando centímetros de seus lábios. – Tu não sabes com quem te estás a meter...
- Não preciso de saber para ter noção que não vales nada. – Parou de se controlar. – Agora... – Seus olhos começaram a escurecer e o seu corpo a querer explodir. - Devolve-lhe, já, o livro.
- Afinal aquilo que falam sobre ti é verdade, Maia... - Ao ouvir aquelas palavras, Nerissa volta a cair em si, vendo o celestial atirar o livro para Luna e seguir caminho para o comboio.
- Como assim? – Ela tinha ficado, realmente confusa, primeiro, como é que ele sabe o seu nome? Segundo, afinal, o que andam a falar sobre ela, nas suas costas?
- Não lhe ligues, o Nicholas costuma usar as palavras para controlar o adversário... Provavelmente foi isso que tentou fazer. – Explicou Luna agarrando o seu livro. – E já agora, obrigada por tudo... Se não fosses tu talvez...
Nerissa estendeu a mão, ajudando Sevilha a levantar-se. Não devia ser fácil ser constantemente abordada assim, maltratada, julgada, como se tudo o que fizéssemos estivesse errado. Notava-se em seus olhos que, a vítima, encontrava-se completamente destruída.
- Não tens de agradecer... Apenas, tem cuidado, ninguém tem o direito de te fazer sofrer...
Luna respira fundo, dando um sorriu forçado prenunciando um, "Eu estou bem", antes de abandonar o local. Nerissa sabia perfeitamente que aquelas palavras não eram verdadeiras, que a dor estava a deixar seu coração destruído e isso, naquele mundo, poderia tornar-se em algo demasiado perigoso.
- MAIA NERISSA, PARA DE SER IRRESPONSAVEL E ENTRA! ESTÃO TODOS A TUA ESPERA... - Gritou a professora Art, mais uma vez, a controlar tudo e todos.
- Acabei de salvar uma "vida", caso não tenha notado... - Sussurrou para si mesma, ironizando. – Estou a ir...
Assim que Maia colocou, os pés, dentro do transporte, sentiu-o, instantaneamente, andar. Pelos vistos, estavam, mesmo a sua espera. Começou a percorrer os corredores na tentativa de descobrir o paradeiro de sua melhor amiga, algo que rapidamente foi efetuado. Nádia encontrava-se encostada a porta de uma das cabines, enquanto esperava sua melhor amiga a alcançar.
- Finalmente! – Resmungou Maia assim que chegou perto dela. - Sou a única que sente, que hoje, o dia está estranho?
- É normal... Acabou de começar a chover. – As duas amigas, entraram na cabine, fechando a porta, prontas para relaxar, durante a longa viagem. – Mas afinal o que aconteceu? Demoraste tanto tempo a chegar!
- Depois eu conto-te... Mas agora, falando de coisas serias... – Tirou umas gomas que tinha no bolso começando a comer. – Explica-me lá, o que disseste ao Luke? E não tentes negar, eu vi ...
- Pode-se dizer que hoje a noite vai haver festa... - Agarrou numa lima começando a arranjar as suas unhas.
- Nádia... Porque é que fazes isso? Tu nem sequer o amas... Para além que estás a destruir uma relação, já te imaginaste na pele da Samantha? Quando descobrir vai sentir-se um caco... Ninguém merece sentir essa dor, ninguém...
- Não sou mãe dela! Para além disso, se alguém está a ser irresponsável, aqui, é o Luke, por isso, se queres julgar alguém, julga-o a ele... Mas vamos parar de falar sobre isso, não quero ficar chateada contigo... Sabias que... - Quando Nádia começou a mudar de assunto, os altifalantes do transporte, ligam-se fazendo a voz da diretora Gomez, suar por todo o lado.
- Meus caros alunos, como todos sabem, a nossa paragem é a terra e para não acontecer os desastres, do costume, peço-vos, nada de assustar os mundanos, e mantenham-se longe dos animais, como vocês sabem, são os únicos seres que conseguem ter contacto connosco, a aproximação com eles, poderá levar-vos a danos físicos... Por isso, cumprem as regras e tudo correrá bem. Agora, boa viagem...
- E nada de comer... - Ouvisse a voz da professora Art, fazendo seus alunos revirarem os olhos.
- Como se o pedido resultasse de alguma coisa... - Começou Nádia observando as gomas na mão de sua amiga. – Sinceramente nunca percebi o porque de tanto esforço... A maior parte dos anjos começam a conquistar os seus poderes, logo no primeiro ano... Está viagem de duas horas, era desnecessária...
- Sim Nádia, já sei que dominas a terra... Mas nem todos tem as mesmas capacidades. – Olhou para os olhos de sua amiga. – Olha eu... Esse assunto ainda é um enigma para mim, e se há sítio que me vai ajudar a descobrir o meu poder e a fortalece-lo é o templo do Cálice.
- Mas afinal, o que esse sítio tem de tão especial? Rochas? – Após suas palavras serem prenunciadas as luzes do comboio desligam-se, assim como o motor do mesmo, fazendo-o flutuar. – O que aconteceu? Será que se esqueceram de pagar a luz?
- Não sei... - Maia levantou-se, indo em direção da porta, observando o corredor, pela janela da mesma. O local encontrava-se mergulhado numa enorme escuridão, as únicas luzes que o iluminavam, minimamente, eram as de emergência. – Não se vê nada...
- Tenta abrir a porta... Vamos sair daqui...
Maia, obedeceu a sua amiga, porém algo a para. A imagem de um vulto apareceu no meio dos corredores, fazendo com que uma energia negativa consumisse o seu corpo.
- Está ali alguém... - Murmurou para sua amiga fazendo Nádia, correr até a porta, olhando para os corredores, porém, ao contrário da outra, essa só viu, seus colegas a saírem das cabines, prontos para fugir do local.
- Por amor de deus, Maia, vamos embora daqui... - A amiga tentou abrir a porta, várias vezes, mas nada aconteceu. - Ela não abre! – Voltou a tentar, com mais força, mas foi em vão. – Porque é que ela não abre?- Bateu com toda a força no vidro, tentando pedir ajuda aos anjos que por lá passavam. – Socorro! Ajudem-nos! – Olhou para sua amiga, vendo que a mesma se encontrava estranha. – Vem ajudar-me MAIA...
"Maia... Foge... Rápido."
Uma voz, desconhecia por Maia, ecoou na sua mente, fazendo-a ignorar, por completo, as palavras de Nádia. Agora ela tinha a certeza, estava acontecer algo, algo muito mau
"Sai dai!!! Já!!!"
- MAIA! VEM AJUDAR-ME JÁ! – Gritou Nádia sentindo um silêncio ocupar o ar, como se do nada, todos tivessem parado.
- Não vale a pena... Eles estão aqui...
Nesse exato momento um estrondo é ouvido fazendo com que o comboio começasse a cair. As duas amigas, foram empurradas, com toda a força, contra a janela da cabine, quebrando-a. Nádia, ao sentir o impacto, agarra, rapidamente, em algo de ferro segurando-se, algo que não aconteceu com Maia. Essa apenas se deixou ir, caindo dos altos do céu, pronta a aceitar o seu destino.
- MAIAAAAAAAA!!!!!