O influencer digital veio até Haruki, "Calma garoto, você não tinha como saber e ela entrou sem qualquer aviso. Depois que vocês conversarem poderão rir muito do primeiro encontro. Venha para meu quarto, vou mostrar para você minha técnica de massagem Shiatsu. Você está precisando equilibrar os meridianos para a energia fluir."
Com uma mão na lombar de Haruki, Yamada Daisuke levou o Atleta para o corredor.
Haruki sentiu dois pares de olhos desconfiados acompanharem sua saída. 'O que eles estão olhando?' Haruki, se perguntou enquanto deixava-se levar pelo Artista, uma massagem iria ajudar a relaxar.
ººº
Yamada Daisuke não estava mentindo. Ele dominava a técnica de shiatsu e seus dedos percorriam o corpo de Haruki com perícia.
"Esta massagem alivia enxaquecas," ele explicou para o cantor ao começar as pressões.
"Hm,... é devagar, isso dói!" Protestou o cantor.
"É um mal necessário porque você está com 'nós'. Depois da dor inicial, você sentirá um bem-estar fantástico." O influenciador digital não parou seu trabalho.
Haruki esperava mesmo que valesse a pena, pois Yamada Daisuki afundava seus polegares com vontade em suas costas fazendo brotar lágrimas nos olhos do cantor.
"Obrigada Daisuki-san, já me sinto super-energizado," o cantor disse e sua voz saiu trêmula e chorosa.
"Calma, calma! Se ainda está doendo é porque ainda está travado! Não seja um bebê chorão!" Daisuke tratou seu corpo como uma massa de Mochi no festival. O Artista continuou a tortura mesmo depois que um Hahuki dolorido e choroso tentou escapar do futon, desistindo da promessa que haveria bem-estar póstumo.
Seus olhos estavam marejados quando o influencer terminou com ele. Haruki encontrou o sonhado alívio em uma ducha gelada. Ao sair do banho encontrou Jun.
O Bad Boy o olhava preocupado.
"Você está bem?"
Seus olhos se encontraram e Haruki relembrou que a última coisa que Jun tinha dito antes da chegada de Saito era a que queria perguntar algo.
"Não, mas vou ficar," respondeu sorrindo. O cantor tinha ficado curioso para saber o que era, e esta era uma boa oportunidade. Mas foi o Bad Boy quem falou primeiro.
"Venha ver o que desenharam agora para nós," Jun 'Lovebread' o chamou.
Ao saírem para o corredor Haruki viu que mais portas tinham sido liberadas.
Dali onde eles estavam dava para ouvir os comentários de Hinata sobre o quarto que ele tinha entrado.
E o Estudante não era o único empolgado. Os outros caras também estavam empolgados explorando os dormitórios.
Ele correu para entrar na primeira porta aberta e encontrou um quarto luxuoso. A cama era enorme como ele tinha imaginado ao falar com Kenta. Havia também uma suíte com banheira de mármore rosa, entre outros luxos. Ele descobriu um closet com várias roupas chiques de marcas internacionais.
E os porta-retratos com fotos profissionais de um homem de negócios deixavam claro ser este o quarto do 'CEO' Saito.
Foram para o corredor olhar os outros quartos, cada qual inspirado no arquétipo do seu futuro ocupante.
O último quarto, no final do longo corredor deveria ser o do 'ATLETA'.
E Haruki soube que tinha algo errado ao ver que o pessoal estava do lado de fora, olhando sérios e sem entrar no aposento. Ele passou por todos e foi conferir o que tinha de errado.
Ele poderia percorrer o quarto em duas passadas largas.
Havia uma cama estreita de solteiro presa à parede por correntes, com um colchão fino. Embaixo dela, tinha um baú, e mais nada. Este era o único dormitório sem banheiro.
O cantor abriu o baú e não ficou surpreso com o que achou. Eram cinco camisetas brancas e cinco shorts azuis, com muitas e muitas cuecas e meias coloridas.
Na parede em frente a cama havia um pôster escolar com as anatomias feminina e masculina lado a lado.
E ao lado destes posters educativos estava uma foto de Haruki 15 anos, ele tinha perdido o tempo de uma bola de basquete e a deixando escapar em um jogo com sua equipe de colégio.
Rindo o cantor pegou a foto para mostrar aos outros homens. Ele lembrava desse jogo com imenso carinho. E deixou a foto passar de mão em mão do pessoal no corredor.
Haruki agradeceu mentalmente Kenta neste instante pelo abrigo secreto. Tudo indicava que ele seria perseguido por Honda.
E se por um mal entendido ele foi punido assim, o cantor não sabia o que aconteceria quando o engenheiro-chefe descobrisse sobre Kenta e suas intromissões no 'jogo'. O óbvio era que os dois corriam perigo de serem mortos.
No entanto, Haruki entendeu que foi sua entrada ali que deu ao grupo uma luz de esperança. Se eles estavam simplesmente desaparecidos, isso poderia indicar que nunca mais voltariam para o mundo real?
Haruki se agarrou a sua esperança de ter esta carta na manga. Ele confiava em Kenta e sua promessa de tirá-lo dali.
Nada ali indicava que a liberdade deles estava para acontecer se eles estavam ganhando presentes. O que o engenheiro-chefe pretendia realmente fazer com eles?
Haruki gostou do seu 'presente'. Esta cela o lembrava de sua situação de prisioneiro e não de hóspede na mansão, como o inocente Hinata e outros poderiam pensar iludidos com os confortos.
"Hm, Honda-san é rancoroso, não acham?" perguntou para ninguém em específico.
Saito invadiu o espaço e começou bruscamente a pegar as roupas dispostas ali para Haruki, em silêncio. Aquilo surpreendeu a todos, inclusive ao cantor. Antes mesmo que Haruki pedisse explicações, ele disse,
"Você não vai ficar aqui. O quarto que destinaram a mim é grande o bastante para nós dois."
"Ah, oh puxa! Obrigado!" Haruki coçou a cabeça, um pouco constrangido, mas sendo incapaz de pensar em uma boa desculpa para recusar. Ele poderia ficar ali, mas a generosidade de Saito-san foi muito espontânea.
"Eu não me importo de continuar tomando banho no vestiário. E não me importo de ter roupas repetidas, desde que estejam limpas," Haruki estava falando a verdade.
Ele abaixou a cabeça, fingindo-se pensativo e olhando a foto em suas mãos de novo.
Na verdade, ele tinha percebido que Daisuke e Hinata estavam apreensivos. Ele se perguntava se eles estavam preocupados de terem que abrir mão dos luxuosos quartos e confortos que receberam, dependendo dessa conversa.
E todos esperavam sua resposta.