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Ódio Renascido no Amor (PT-BR)

Azull
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Chapter 1 - Livre Pra Viver

Sentia o que não deveria.

Ouço o som da chuva batendo contra o telhado que não deveria ouvir...

Também da maciez da cama em que me deitava

Os ventos frios que entram pela janela aberta trazendo o cheiro de grama molhada.

Visão preenchida com o corpo familiar, mas, ao mesmo tempo, desconhecida.

Eu me lembrava que havia morrido. Mas da morte voltei.

Não sei de onde fui expulso, mas naquele momento reviver era a pior dor possivel.

— Ahh, cara...

Lembrando da expressão que fiz quando estava morrendo, me sinto um idiota.

Minhas mãos tremiam, meu corpo tremia de ódio que senti naquele momento.

Eu podia sentir o gosto metálico do sangue causado pelos dentes que rasgavam meus lábios.

Droga...

''Oh! Céus... Quão cruel você poderia ser?''

(Sim...)

De repente, naquele momento, de algum lugar desconhecido, uma voz desconhecida assustadora, paralisa meus movimentos.

(Possui o ódio.)

O corpo se estica e eu sinto uma pressão na garganta quando a ouço de novamente.

(Mas privado do amor...)

Cada vez piorando a dor que sentia a cada palavra proferida.

(Uma invariavel da mesma linha)

Eu não conseguia mais respirar direito, apenas piorando a cada segundo que passava.

(Mas... Ren)

A menção do meu nome faz meus sentidos desvanecerem por um momento.

(Você não possui uma parte dela.)

Senti que perderia a consciência a qualquer momento, implorei, desejei nunca mais acordar.

(Não possui...)

No entanto, em sua última palavra, a pressão em minha garganta e corpo desaparece como se nunca tivesse existido.

(Não possuía nada, mas não se preocupe, estarei com você de agora em diante, pra sempre...)

''...''

A voz agora falada lentamente em minha mente, era quente e me envolveu suavemente com suas palavras espinhosas.

''Quem é você?''

(Quem sou eu? Sou o que você precisa.)

(Eu sou Micaela, um Espírito Celestial Demoníaco. Outrora Divino do Amor e Ódio.)

''Porque não mais?''

(Porque não sou só eu de agora em diante, Ren.)

(Porque você é o meu ódio de hoje em diante e eu sou o amor que lhe faltou de agora em diante.)

''Você vai ser o amor de hoje em diante? Hahaha....''

''Desculpe, mas isso é muito desagradável. Pegue esse amor e engula.''

(Ren... Suas palavras...)

Me sinto pressionado no colchão, meu corpo começa a hiperventilar, sua voz que era magnifica até recentemente volta à sua origem maliciosa.

''Eu não pedi para...'' *Suspira*

''...''

''Onde... estou?''

(Atualmente em Dandara)

As mudanças repentinas de personalidade estavam me deixando encantado.

''Espere... Dandara? Eu recordo desse nome...''

(Sim, Ren. Renascemos na sétima dimensão ou, no seu caso, no jogo em que você jogava.)

Quando ouço suas palavras, os esforços que faço para me levantar param.

Eu não acreditei.

''...Em que ano estamos?''

( Dia 2 de fevereiro de 2043 )

''Pare...''

O ar desaparece dos pulmões. O mundo começa a girar. Eu precisava de ar fresco.

''Quem sou eu...?''

(O personagem que você criou ou, no meu caso, o humano a quem você deu vida.)

Ela falava cada vez mais rápido e feliz, como se esperasse que depois de me contar isso recebesse alguma recompensa, mas não percebeu? Que isso só me faz sofrer?

''Pare...''

''Pare por favor... Diga-me que estou no inferno agora e você é apenas um demônio que veio me atormentar com falsas esperanças... Não me faça sofrer mais do que já sofri!''

(Ren! Seu humano tolo! Não me compare com uma existência de tão baixo nível! Porque não conseguir acreditar... em mim? )

A temperatura cai. Uma frieza desconhecido enche a sala, intensificando o frio que eu já sentia. O som da chuva que ouvi lá fora agora não podia mais ser ouvido, como se estivesse em um lugar isolado do universo.

(Se fosse outra pessoa que duvidasse de mim! Essa pessoa já estaria morta!)

Novamente sua voz fria ecoou em minha cabeça. Sinto o chão desaparecer, minha visão escurecer, quando meus olhos enxergam novamente, fico sem expressão, me encontrava no meio da calçada acompanhado da chuva.

(Olhe ao seu redor! Você reconhece isso!?)

Sim...

Eu já sabia onde estava.

Como se fosse um prelúdio, a chuva se transforma em tempestade carregando minhas lágrimas.

Não precisava de nenhuma explicação de como cheguei lá. Não por algo tão insignificante.

Meu corpo era como uma estátua congelada, olhando apenas em uma única direção.

Eu conhecia aquele bairro.

Conhecia aquela casa.

Sabia quem morava naquela casa.

Eu sabia... quem dormia naquele quarto.

''Mia...''

...

''Sven pegue os pratos. Vamos comer. ''

''Ok. ''

"O que vamos comer, Mia?''

''Hmm... O que sera?.''

''Brixi?. ''

''Sera? Eu ach... ''

Din-don Din-don.

O barulho da campainha interrompem minhas palavras.

''Sven, já volto. Termine de colocar as louças na mesa.''

Din-don Din-don.

''Estou indo!''

Din-don Din-don.

Percebo que quando ouve minha voz, a frequência do toque aumenta.

Din-don Din-don.

As campainhas constantes tornam meus passos rápidos.

Toc, Toc! Toc, Toc!

As batidas fortes na porta acabam me causando um certo pânico.

Pego as chaves da bandeja e abro a porta.

''Si..''

...

''Estou indo.''

A voz que uma vez foi selada nas profundezas da minha mente mais uma vez a ouço. Mas, ao contrário de antes, escuto sua voz pessoalmente... Tão doce, perfeita... ahh, Mia...

Preciso vê-la, meu corpo inteiro tremia, não sabia se era por causa da ansiedade ou de qualquer coisa que guardava aqui dentro de mim.

Mas uma coisa eu sabia, eu precisava puxá-la em meus braços e segurá-la por horas. Para que os fios do seu calor feche os rasgos do meu coração.

Ouço os sons de chave girando na fechadura.

Meu coração batia tão rápido.

Momentos seguintes abre-se a porta.

''Si..''

*Bum!!

Em um instante frenético, eu entro na casa e me vejo em frente de seu rosto olhando em seus olhos...

(Ren... Calma.)

Eu não consigo mais.... Não posso. Que este momento seja eterno enquanto dure... Tão bela. Seus longos cabelos rosas alcançando a ponta das costas. Olhos que encantariam até imperadores orgulhosos. Sim... esta é minha Mia...

Minha respiração, agora acelerada, provocava agitação no ar.

''QUEM É VOC...''

*Urgh!

Eu estendo a mão e a puxo em direção a mim. Com uma mão na sua cintura e com a outra a levo até o seu queixo, trazendo seu rosto até o meu e passando meu dedo sobre seus lábios delicados.

Seus olhos refletiram o pânico que sentiu com a situação repentina. Eu não queria te assustar, mas naquele ponto eu já estava louco.

''Eu vivi minha vida inteira no inferno, pensando que nunca poderia te ver novamente Mia, eu te amo tanto...''

As dúvidas que eu tinha se tudo isso era apenas mais uma alucinação desaparecem quando sinto sua respiração acelerada em meu rosto e o calor que aquece meu corpo encharcado.

''Mia... Você é real...''

Envolvo minha mão em volta do seu pescoço e a puxo em direção aos meus lábios...

(Ren! Cuidado!)

Crash!

Mas antes que eu possa beijá-la, sou chutado e lançado da porta em direção à lama que se formou pela chuva.

Ssghnn...ssghnn...ssghnn..... (Respiração profunda)

''Filho da puta! O que você pensa que está fazendo!? Você ta louco!? Quem é você!?''

Quando levanto a cabeça, o que vejo quebra algo no meu coração. Foi então que as memórias que tinha apagado foram forçadas a voltar... Compreendo que o amor que sentiam por mim não passava de um amor inexistente programado... que ainda não me amavam. Vê-la se levantar com a ajuda de um cara que saiu da sua casa fez algo queimar dentro de mim.

''Mia...''

''A minha...''

''Mia...''

''A minha...''

Cof, cof, cof!

Eu levanto-me, mal conseguindo evitar cair novamente. Quando fui jogado, sofri uma contorção no pé esquerdo.

''Solte-a...!''

''Não toque com as suas mãos imundas na...''

''Cale a boca seu filho da puta! Porque eu vou chamar a policia!''

A visão do lixo ao lado dela queima minha a visão que já estava confusa pela chuva.

''Foda-se você! Já falei para você sair do lado dela!''

''Você ainda não calou a boca!?''

Chegando perto de mim, pulo em direção a ele chutando com a minha perna direita na lateral da sua costela.

Craccc!

Mas antes que eu pudesse alcançá-lo, ele fez-me tropeçar, fraturando os ossos da perna que me apoiavam no chão.

Ele então veio e subiu em cima de mim e começou a socar-me no rosto...

...

''Pare...! Irmão, pare! Você vai matá-lo! Por favor pare!''

Sendo banhado no meu próprio sangue, naquela época, eu já estava inconsciente há muito tempo, mas o desejo que ardia na minha alma era incomparável!

Existindo apenas uma voz, emitindo uma unica vontade:

'' Eu... ''

'' Vou... ''

'' Eu... vou... Mata-lo. ''

'' Eu vou mata-lo... ''

'' Mata-lo... ''

'' Eu... ''

'' Eu vou te matar! ''

'' Eu vou-te matar filho da puta... ''

'' Vou queima-lo por ousa encostar nela! ''

'' Mil mortes lentas não serão suficientes!! ''

(Sim... você irá.)

(Como pode ser tão bela essa visão... O abismo que existe no nosso ser agora era preenchido com chamas tão profundamente negras... Tão deslumbrantes...)

...

O mundo gritou uma tempestade de raios negros enquanto o céu mostrava a sua fúria tornando-se pura escuridão.

As gotas de chuva caíram como lâminas em volta de violentas rajadas de vento. O céu envolvia-se num manto negro, nuvens que pareciam ter voltado à sua cor original; Negras.

Como se negassem essa situação, como se estivessem furiosos.

Toda essa situação inesperada estava-me deixando louca.

Senti o meu elemento natural gritar.

''Porque...?''

''Porquê??''

Por que me senti tão desconfortável em ver o cara que me assediou na minha própria casa sendo espancado ...?

Como uma adaga envenenada perfurando o meu coração, o gosto ruim na minha boca me fazia sentir angustiada.

Cada vez que Sven o, socava, o desconforto aumentava.

Talvez por causa das suas palavras...? Não sei, talvez por sua expressão quando falou comigo... parecia tão real, como se me conhecesse, embora não nos conhecêssemos.

Cada soco me atormentava.

Eu não aguentava mais.

A culpa só aumentou.

''Pare...''

''Pare...! Irmão, pare! Você vai matá-lo! Por favor pare!''

''Saia, Mia! Está chovendo! Você vai ficar molhada.''

''Não até você deixá-lo! Irmão, você já o puniu o suficiente! Saia agora! Ou você vai matá-lo! Por favor...''

As lágrimas caem. Um cataclismo de tristeza repentina se apodera de mim.

''Calma... Eu já parei, agora pare de chorar, ok?''

''Apenas entre enquanto vou chamar a polícia e está tudo acabado, certo?''

''Irmão! Você não vai ligar para ninguém! Chame uma ambulância...''

...

'' Bip, Bip, Bip, Bip, Bip, Bip... ''

*Crash!

Mia... Onde está você...

''...Mia? ''

O mundo escuro em que eu estava desaparece, então acordo num lugar desconhecido.

'' {...} Os danos causados pela tempestade de dois dias atrás ainda impossibilitam o funcionamento adequado de muitos dos locais mais afetados. O Salão de Proteção garante que até o final dessa tarde o funcionamento voltará ao normal. ''

Posso ouvir o noticiário de algum lugar.

''Micaela...?''

(Sim, Ren?)

''Sim... Não foi um sonho...!''

''Eu vou... mata-lo, Micaela.''

(Eu sei.)

''Acho que algo quebrou de novo aqui dentro de mim.''

(Sim... E eu adorei)

''...''

''....Eu a senti, Micaela.''

(Sentiu.)

''Micaela...''

''Ah, minha Micaela...''

''Eu a senti...''

''Haha... Hahaha... hahahahaah ...''

''Tão bela...! E ela só pertence a mim!''

''Haha ha ...! Haha ha ...! Hahah !! Ahaah ...''

Tentei conter a minha risada, mas elas simplesmente foram embora.

Eu não aguentava mais.

A sensação que nunca senti hoje transbordou, sim, era pura felicidade.

''OH MEU DEUS! Ela está-me deixando louco!''

''Micaela você sabe qual é a melhor parte de toda essa merda!? Ela não será a única que me fará enlouquecer! Vou encontra-las! EU promento!''

(Sim... talvez você veja algumas... amanhã?)

''HAHAHAAH!!!''

Micaela falou com uma voz tão adorável, tão sonhadora, que me lembrou que os meus dias monótonos acabaram.

Como eles poderiam ser os mesmos agora que eu vivia com uma voz na minha cabeça que tinha dupla personalidade? Não tinha como. Heeheee.

''Ei, Micaela, você pode consegue-me mandar para casa?''

(Tem certeza? Será o último por um tempo.)

''Sim''

Novamente sinto o chão desaparecer, a minha visão escurece e quando enxergo novamente já estava no quarto onde acordei pela primeira vez..

Olhando em volta, começo as tirar minhas roupas e vou em direção ao banheiro. Ainda sentia um pouco de dor nas pernas, mas provavelmente foram curadas por magia de cura, nada que valesse a minha importância.

Desde o momento em que acordei no hospital, Micaela esteve-me dizendo o que eu precisava saber. Que ela aparti do momento em que acordou aqui, sugou todas as memórias do antigo corpo, por isso que eu não tenho as memorias que deveria.

Ela também esclareceu que moro sozinho nesta casa porque os pais do garoto morreram num ataque terrorista. Sinceramente, não podia pedir menos, mas o que me chamou a atenção é que vou estudar na academia Arkinia porque o governo aceitou as famílias das vítimas. No jogo, eu não sabia que também era uma das vítimas, então agora posso usar ao meu favor quando for procurá-la.

Quando entro no banheiro e olho-me no espelho percebo algo diferente, o meu cabelo estava diferente.

''Ei, Micaela, qual a razão do cabelo preto? Até ontem estava cinza.''

Eu pergunto e entro no chuveiro, eu precisava-me molhar para refrescar o meu humor na água fria.

(Simples, quando uma pessoa tem um elemento muito forte, ele muda naturalmente algumas características físicas, uma das mais comuns é a cor do cabelo. Lembre-se de que as pessoas neste planeta geralmente julgam as pessoas pela cor do cabelo, mas não se preocupe, com o que eu sei, seriamos considerado um caso raro de um elemento escuro.)

(Sim... lindos e poderosos.)

Tomando banho, as minhas mãos começaram a tremer, o meu coração batia mais rápido, sim, foi outro ataque de pânico que senti por causa das memórias malditas. Era como se houvesse algo dentro do meu coração causando essa dor.

''Ahhh ... Só água fria me ajuda nesses momentos.''

Desligo o registro e saio do banheiro ainda molhado em direção à cama, estava cansada demais para qualquer outra coisa.

Pego a coberta do chão e me deito-me.

(As aulas começam amanhã, Ren.)

''Que horas?''

(7:15.)

''Então acorde-me às 6 horas.''

(Sim, Ren... Tudo por você meu...)

...