-Tá bom então… - Tailo falou baixinho dessa vez nem Diê o escutou.
-Eu vim deixar o livro na árvore para você pegar, mas já que veio eu o entrego pessoalmente. - Diê pegou o livro e o entregou, Vashjmaebregres demorou um pouco, pensando no que tinha ouvido da conversa. Não queria que Diê descobrisse que ele ouviu mas queria concordar com ele também. A questão era, os duendes não consumiam do mesmo dos elfos mas o elfos consumiam o mesmo dos duendes. E ele já havia lido 'Memórias de uma noite triste' e também tinha achado 'As causas do meu sofrimento' uma cópia descarada.
-Leu tão rápido! - fingiu estar impressionado e olhou Diê com aqueles enormes olhos laranjas.
-Ha ha errr… - riu sem graça - A história era muito boa… - Diê era horrível mentindo e até quem não o conhecia saberia se ele falava a verdade ou não. Vashjmaebregres quis rir, mas seria deselegante e resolveu falar a verdade.
-Não se esforce para mentir, você é péssimo. Eu ouvi a conversa sobre o livro… me desculpe, não foi intencional. - Vashjmaebregres se ajoelhou na frente de Diê.
"-Essa coisa me assusta." - Tailo pensou. Desde que viu Vashjmaebregres pela primeira vez ficou com o pé atrás. Por ser um elfo deveria ter ao menos tentado se afastar mas muito pelo contrário, esperava todo dia uma chance para ver Diê.
-Não precisa disso! - Diê balançou as mãos, acenando para que ele levantasse - Levante, por favor! - e assim Vashjmaebregres fez, aos poucos - E me desculpe pela conversa, não era minha intenção ofender seu povo. - colocou as mãos juntas na testa pedindo desculpa.
-Não ofendeu. - aquela resposta pegou Diê de surpresa, ele pensou que o outro fosse ficar com raiva ou pode ser que Tailo realmente seja útil - Eu lhe emprestei esse livro por essa mesma razão, eu sabia que não era o único que achava esse livro uma cópia! Creio que muitos outros achem isso.
-Você também leu 'Memórias de uma noite triste'? - Diê perguntou subitamente animado, parecendo ter esquecido da cena de alguns minutos atrás.
-Claro! - Vashjmaebregres passou a mão no cabelo, se gabando internamente.
-Humm… - Diê pareceu pensar no que ia perguntar, apenas para soltar a frase - Qual seu personagem preferido?
-Líu! Com toda certeza! - falou convicto, depois sentou no chão esperando Diê fazer o mesmo.
-Eu gosto mais da Nia, mas ele também é legal. - como esperado Diê também se sentou. Os dois ficaram um bom tempo falando sobre o livro e as partes marcantes, enquanto eles conversavam Tailo apenas ouvia e observava tudo.
Era estranho? Muito. Porém depois de tantos anos juntos, Diê não se incomodava mais e Vashjmaebregres muito menos, não o atrapalhando durante o pouco tempo que tinha com Diê podia-se dizer que estava tudo bem. Quando o sol estava indo embora quando os dois se despediram e o elfo prometeu trazer um livro incrível futuramente. Já que estava a procura de uma história fascinante e que combinasse com Diê, ele não viria em alguns dias até acha-lá.
-Ei Diê! - Tailo o chamou, enquanto o céu escurecia rapidamente - Pode ir mais rápido? Eu tenho medo de escurecer antes de chegarmos.
-Você tem medo do escuro por acaso? - Tailo negou com a cabeça - A lua está cheia hoje, não se preocupe.
-Que lua? - rapidamente Diê olhou para o céu, nenhuma estrela, apenas nuvens. Isso foi repentino, ele jurava que à alguns minutos atrás o céu estava limpo, na verdade desde que ele havia saído o céu permaneceu o mesmo e agora mudou em um piscar de olhos. O que houve?
-Se segure, eu vou correr. - Diê avisou e Tailo se segurou nele o mais forte que conseguiu.
A casa não estava muito longe, apenas mais alguns minutos e logo chegariam porém as nuvens que misteriosamente apareceram no céu davam medo, Diê correu bastante e rapidamente chegou em casa, no mesmo instante em que abriu a porta um forte clarão acompanhado de um estrondo pertubador veio detrás dele. Um raio caiu bem ali, a alguns metros de distância, rapidamente ele fechou a porta e se escondeu no primeiro buraco que viu.
-DIÊ! DIÊ! - Tailo gritava perto da porta, no meio disso tudo ele caiu, e estava preocupado o procurando.
-A-Aqui! Na cadeira! - a voz veio de um dos cantos da sala. Como Tailo conhecia o lugar foi fácil achar o duende no escuro. Diê de alguma maneira conseguiu entrar embaixo de uma cadeira, Tailo quase riu porém parou quando viu que ele tremia de medo.
-Eu cheguei. - falou calmo, o que foi até tranquilizante para Diê que mesmo sem acreditar na sorte do outro confiou nela dessa vez.
Outro raio caiu e pareceu cair atrás de Diê novamente, ele gritou em desespero. À muito tempo ele não sentia tanto medo como nesse momento e só não correu de novo porque Tailo o impediu.
-Fique aí! Se não, não posso te proteger!
-Por que eu? - Diê começou a chorar.
-Ninguém sabe se é por você. Fique quieto! - Tailo falou, estava incomodado em vê-lo chorando que nem uma criança na sua frente.
E novamente um raio caiu, e pelo som foi no mesmo lugar do anterior.
-Isso foi estranho… - Tailo falou. Depois tudo ficou em silêncio por alguns minutos, nem Diê parecia estar mais lá, Tailo pensou que ele tinha desmaiado mas ele só estava paralisado de medo.