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Diário de Kami

🇧🇷LionDX
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Synopsis
Este é o diário de Kami, meu personagem de um RPG D&D 5e. Créditos da criação do universo aos respectivos livros de D&D, principalmente os de Eberron, e claro, ao DM, que mudou, criou, e mestrou quase tudo o que verão neste diário. Eventos, personagens e diálogos foram alterados ou retirados para ficarem melhor descritos, mas ainda apresentam uma narração fiel de quando jogamos. Já faz um ano que começamos o jogo então tenho bastante o que quero lhes contar.
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Chapter 1 - 1 - O felino no bar

Como eu deveria começar? Não sei ao certo quem poderia ter interesse de ler isso, ou como este diário de bordo chegou em suas mãos, mas... bem, já que decidiu ler...an... aproveite a viagem.

Acho que para começar, seria certo ir para onde minha vida mudou e se tornou agitada. Estava chovendo ao norte de Sharn. Eu estava em uma taverna para me abrigar da chuva, ficava próximo a uma ponte se me lembro bem, já o nome da mesma me esqueci a alguns anos... enfim, como qualquer taverna que já visitei, havia comida quente, bebida gelada, e seguindo a regra universal, "onde houver bebida, terá bêbados", haviam vários espalhados pelas mesas. Por estarmos perto de Sharn, a maior cidade do continente, a variedade de raças também era alta.

Eu por exemplo sou um Aasimar, possuo olhos luminosos e marcas brilhantes espalhadas pelo corpo. Como Aasimar, significa que quando nasci um deus, no meu caso Kagutsuchi, uma das divindades do fogo, me escolheu como seu campeão e representante. Possuo cabelos brancos e, de resto, não possuo características que chamem atenções indesejadas.

O dono da taverna era um Halfling de cabelos castanhos. Halflings assim como os Anões são mais baixos que a maioria dos humanoides, porém o que os difere principalmente é que os Anões enquanto possuem um corpo mais largo, cheio de músculos, os Halflings mantem as proporções humanoides. A taverna estava bem movimentada, com a maioria das mesas lotadas. Eu estava sozinho em um canto, assim como uma pessoa de capuz, sentada na mesa ao lado. Após algum tempo, mais pessoas entraram e o taverneiro veio até mim.

-Err... teria algum problema se eu conduzisse os novos fregueses a se sentarem com você? Devido à chuva estamos com poucos lugares disponíveis...

Dei uma olhada nos que entraram na taverna antes de responder - Não vejo problema.

O vi perguntando o mesmo para o encapuzado logo depois, mas não pude ouvir sua resposta. Em seguida o taverneiro conduziu uma Kalashtar e um Kenku até minha mesa.

Talvez meus olhos brilhantes eram mais atrativos que o capuz suspeito da outra mesa, ou ele apenas recusou a companhia. A Kalashtar possuía longos cabelos escuros, orelhas pontudas e marcas pelo corpo. Além de alguns colares com ossos e presas de animais. Já o Kenku, que possui aparência semelhante a uma ave humanoide, com penas, garras e um enorme bico de corvo, se vestia com vestes negras, o deixando com várias tonalidades de preto.

Caso curioso sobre os Kenkus que descobri posteriormente, é que eles são apenas capazes de copiar o que os outros dizem, incluindo principalmente a voz. Então muitas vezes suas frases são simples e possuem uma mistura de vozes de varias pessoas que foram copiadas. Logo ficou claro que ambos não se conheciam, o que gerou uma situação estranha ao nosso redor. Porém, graças a Kagutsuchi, o taverneiro veio trazendo duas canecas vazias para a mesa, perguntando o que os dois novos clientes gostariam de tomar, quebrando o gelo. Ambos pediram cerveja, que também era o que eu estava bebendo.

Neste momento, a marca no ombro do pequeno Halfling brilhou e ambas as canecas vazias, como a minha quase acabando, se encheram. Me lembro na época de me perguntar "Como Kenkus bebem em canecas com seus bicos enormes?" e... infelizmente para você leitor, até hoje não sei descrever com palavras.

-Bem. - disse o Kenku logo depois do taverneiro ir atender as outras mesas. - O que os trouxe aqui? Meu caso, chuva. - Dito isto, começou a beber em sua caneca...

Esperei alguns segundos pensando se valeria a pena conversar com eles... contudo não vi problemas nisso. - Estava a caminho de Sharn... procurando alguém... - Respondi não tendo motivos para mentir e não querendo dar mais detalhes a quem acabei de conhecer.

-Ho ho, quem seria esta alguém que procura? - Respondeu o Kenku.

Lhe respondi com uma feição de indignação - Não é uma mulher.

A Kalashtar nos olhou, certamente com dúvidas se confiaria em nós para conversar abertamente. - Eu, também estou procurando uma pessoa.

Neste momento, a pessoa encapuzada se levantou e se aproximou de nossa mesa. Ele possuía uma presença intimidadora, suas vestes discretas e de boa qualidade o ajudavam nisso. Com ele se aproximando, pude ver mesmo por baixo da sombra de seu capuz que se tratava de um Tabaxi. Bem, se os Kenkus poderiam ser descritos como meio pássaros, os Tabaxi seriam meio gatos. Pelos cinza e preto formavam listras em seu rosto, enquanto seu olho amarelo e firme contrastava com uma cicatriz sobre o olho direito que se mantinha fechado.

Ele quando chegou ao lado de nós, olhou para mim. - Está uma grande tempestade lá fora, não?

Na época não entendi ao certo, mas hoje tenho certeza que esta foi a causa de minha cabeça começar a doer. E enquanto estava zonzo devido as fortes pontadas que pareciam estar perfurando meu crânio, ele continuou. - Querem vir para Sharn, a cidade das torres, comigo? Talvez seus objetivos se concretizem lá. Seu olhar foi passando entre nós terminando no Kenku.

O mesmo, ignorou o que o Tabaxi disse, pedindo ao taverneiro por mais cerveja, para ganhar tempo de ver nossas reações antes de tomar uma decisão.

Eu continuei bebendo para tentar aliviar a dor de cabeça, enquanto a Kalashtar aceitou o convite. Ele que seguiu dizendo para o homem corvo. - Ouvi dizer que vocês Kenkus foram amaldiçoados, e não são capazes de criar mais nada... é verdade?

Enquanto sua caneca foi novamente cheia, ele fica sério e responde antes de voltar a beber. - Sim... Não podemos voar também, infelizmente.

-Entendo, sei como é a situação de vocês nas cidades. Contudo, um dia, sei que sairão das sombras, é só ter paciência. - Ele voltou seu olhar para a Kalashtar. - ...e você? Não parece ser da região.

-Sou de uma tribo um pouco distante daqui.

Mesmo zonzo e com dor de cabeça, era fácil perceber que ninguém estava à vontade com o Tabaxi nos fazendo perguntas. Mas mesmo assim, o mesmo continuava. - Vejo que possui alguns colares simbólicos de druidas. Você mesma os fez? É capaz de manusear estes itens facilmente?

A druida responde orgulhosamente e com um sorriso. - Sim, está certo. - Ela de repente se mostrou aflita e o questionou. - Quem é você exatamente?

-Meu nome é Ruhtra. Sou apenas um velho que sabe alguns truques. Mas não precisam se preocupar, visto que não estou no meu auge a alguns anos há há. - Ao dizer isso, pudemos sentir uma enorme energia vindo dele, que agitou as canecas de cerveja na mesa.

O Kenku já trocou olhares comigo. Eu não conhecia nenhum deles, e se as coisas terminassem em batalha não sabia se seriamos capaz de vencer, ou se estaria disposto a me arriscar por eles. E bem, a dor de cabeça não melhorou nem com o tempo e muito menos bebendo mais. Me levantei da mesa pedindo licença ao grupo e me dirigi ao banheiro, os deixando conversar. Chegando lá, lavei meu rosto com a água da pia. Pareceu ter melhorado um pouco, mas a dor agora se concentrava no meio de minha testa.

Sem nenhum sinal de que a chuva diminuiria sua intensidade nos próximos minutos, depois de sair do banheiro, fui até o balcão. Perguntei ao taverneiro se também trabalhavam alugando diárias.

-É claro, minha taverna é licenciada pela casa Ghallanda. - Afirmou ele com orgulho, batendo seu punho em seu peito. - Oferecemos tudo o que um aventureiro possa precisar!

-Entendi. Eu gostaria de alugar um quarto. - Digo isso enquanto discretamente observo que o salão mesmo cheio, teria espaço para mais algumas mesas e cadeiras. - Como estão indo os negócios... senhor?

-Condar, Condar d'Ghallanda. Os negócios... estão difíceis ultimamente... tive até que vender algumas coisas... - diz ele mostrando um pouco de tristeza em sua face. - Enfim, vou leva-lo a seu quarto. Por aqui.

Enquanto ele me conduzia para o quarto, me virei para ver a situação da mesa, e o olhar penetrante de Ruhtra estava direcionado diretamente para mim enquanto sorria. Ele lançava uma intensão assassina, fina, mas poderosa ao ponto de travar minha respiração. A troca de olhares que na prática, durou poucos segundos pareceu durar muito mais para mim.

Naquele momento, eu não tinha certeza se era seguro andar a seu lado, porém tinha certeza que não queria aquele felino como inimigo.