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A Madrinha

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Synopsis
Rachel Hensey estava preparada para passar o verão trabalhando na empresa do pai para conseguir uma grana extra. Porém, quando o convite inesperado para o casamento do seu melhor amigo Logan -quem ela não encontra há três anos- cai em suas mãos, ela vê todos os seus planos para o próximo mês sofrendo uma reviravolta. De uma hora para outra, ela precisa entender não só como acabou aceitando ser madrinha do cara que sempre amou, levando Benjamim Marchand - o seu suposto arqui-inimigo - como namorado, mas também como convencer a todos que não está mais apaixonada pelo seu melhor amigo e sim pelo cara que sempre odiou.

Table of contents

Latest Update1
13 years ago
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Chapter 1 - 1

Querida Rachel,

A vida pode ter separado nossos caminhos, mas você ainda é minha melhor amiga.

Esse posto será sempre seu, assim como prometi um dia que você seria minha madrinha de casamento.

Então...aí está você, aqui estou eu e abaixo está o meu convite. Espero que aceite.

Significaria o mundo para mim.

— Logan

Caminhei com o café do meu chefe — também conhecido como meu pai — pelos corredores da empresa. Era o meu trabalho de verão. Todos na revista que eu trabalhava tiravam os quase dois meses de férias e como eu não era muito boa em ficar com dinheiro guardado, sempre precisava fazer algumas horinhas na empresa de papai.

Nem pensaria em pedir dinheiro emprestado para ele e receber um sermão sobre economias.

A vida era curta demais para a grana ficar no banco enquanto sapatos lindíssimos ficavam na vitrine.

O trabalho de assistente do dono era bem simples, as pessoas eram simpáticas e grande parte delas já me conhecia desde quando eu usava fraldas.

Era como uma reunião de família. Só que sem as comidas. E todo dia. De segunda à sexta.

Às vezes, ocorriam uns desentendimentos.

Uma das últimas portas que me separavam da sala de meu pai foi aberta, e ombros largos entraram rápido demais no meu caminho para que eu conseguisse desviar.

Em dois segundos, todo o meu look "formal, mas com um toque de criatividade" — que eu passara horas escolhendo — foi por água abaixo.

Tudo graças à dose extra de creme na bebida que meu pai adorava.

E graças, é claro, à pessoa mais desagradável que eu já tive a oportunidade de conhecer em toda a minha vida.

Benjamim Marchand.

— Bom dia, Chelly! — o homem de olhos dourados disse com uma falsa animação. Nem um pingo da bebida tinha caído na roupa perfeitamente alinhada do desgraçado. Benjamim coçou o queixo bem definido antes de se afastar um passo para observar melhor o estrago que ele havia causado em mim. Seu olhar percorreu meu corpo de cima a baixo. — Você está excepcionalmente bela hoje. Acho que o café deu um toque especial...o creme também.

Respirei bem fundo.

— Pela milésima vez, para você é Rachel, entendeu? Ra-chel. Não é Rach, Rae, Chel muito menos Chelly. — Estendi o copo de café pela metade para que ele segurasse enquanto eu usava um lenço para amenizar a tragédia. — Obrigada.

Não tive tempo de assimilar o sorriso de canto que Benjamim lançou quando peguei bruscamente o copo de suas mãos e continuei a andar pelo corredor.

— Ei, ei. Tenho algo para você e não quero ficar te caçando pela empresa mais tarde.

— Como se você estivesse na lista de pessoas que eu adoraria ter me caçando. Diga o que quer de uma vez.

Benjamim enfiou uma mão no bolso do terno e tirou um envelope bem decorado.

— Chegou hoje cedo.

— Obrigada.

— Não vai ler?

— Na sua frente? Óbvio que não e...

Naquele momento, a última porta do corredor abriu revelando o chefe.

— Ora, se não são duas das minhas pessoas favoritas no mundo brigando logo de manhã. Tenho certeza que o dia da empresa só começa depois da discussão diária de vocês, mas andem, andem...temos muitos afazeres hoje.

Ele demorou dois segundos para olhar para mim novamente e se aproximar dando um beijo na minha testa:

— Você fica bonita com qualquer coisa, filha, mas acho que esse café teria ficado melhor dentro do meu copo. — E então meu pai andou para a sua sala.

— Deveria anotar isso para a próxima vez, Rachel. — Meu olhar poderia ter matado o cara ao meu lado se eu tivesse superpoderes.

— E você deveria ir para o inferno.

—Damas primeiro.

Querida Rachel,

Nosso grande dia está marcado e não seria nada

especial sem você ao nosso lado

Aceita ser nossa

Madrinha?

Save The Date

14 de dezembro

— Jane & Logan —

Caí na cadeira sentindo o mundo girar aos meus pés.

Logan iria se casar em quatro semanas.

Logan, o meu melhor amigo, com quem eu não falava há algum tempo. O mesmo que havia se declarado bêbado para mim — enquanto eu morria de amores secretamente por ele há anos— na festa de formatura, um dia antes de ele viajar para o outro lado do país para o seu trabalho promissor.

Além de um pedido de desculpas pelas loucuras—palavras dele— que ele havia dito na noite anterior e um abraço constrangedor de adeus, nós não tínhamos nos falado mais do que "oi" e "como está você? " sempre corridos e formais nas redes sociais.

Fazia três anos.

Uma certa vez, mandei sob efeito de álcool—substância que parecia necessária para revelarmos o que sentíamos— uma mensagem dizendo o quanto eu sentia a falta dele.

Logan me respondeu depois de duas semanas com um: Também sinto sua falta. Muito.

E agora, ele estava prestes a se casar. Com uma noiva que não era eu. Uma que eu nem ao menos conhecia, mas uma que talvez me teria como madrinha.

Girei a cadeira ficando de costas para a porta e joguei o convite sobre o rosto.

Quase caí de cara no chão no momento em que um ser repugnante disse:

— Vai aceitar?

Benjamim fechava a porta atrás de si com o pé.

— O que você está fazendo aqui?

— Sabe que não consigo ficar muito tempo longe de você.

Revirei os olhos e os estreitei novamente para o convite.

Eu não iria aceitar. Isso faria de mim uma covarde, mas eu não poderia aceitar.

— Sabia que violação de correspondência é crime? — perguntei tentando distrair minha mente.

— Não tenho culpa se o envelope era transparente e entregaram em minhas mãos.

Suspirei.

— Eu não vou aceitar.

— Vai sim.

Uma raiva infundada subiu pelo meu corpo com suas palavras.

O que ele achava que sabia sobre mim…?

Meu celular começou a tocar e eu ainda encarava Benjamim.

— Quer apostar?

Estava prestes a dizer que sim, que queria, quando olhei a foto de Logan no identificador de chamada.

Benjamim levantou uma sobrancelha.

O que aquele desgraçado sabia sobre Logan e eu?

Atendi decidida.

— Rach. — Quase, quase suspirei com aquela voz firme chamando o meu nome do outro lado da linha.

— Logan... eu, hm, acabei de receber seu convite.

— Ah, eu imaginei! Jane insistiu para que eu cumprisse minha promessa e te colocasse como madrinha. Está louca para te conhecer.

A noiva dele estava mais interessada em me ver do que ele próprio? Obrigada pela consideração, Logan.

— Também...é, estou louca para conhecê-la.

Uma risada cortou o ambiente e se eu tivesse poderes teria transformado Benjamim em poeira só com o olhar.

— O que foi isso? — Logan perguntou curioso.

—Nada só o vídeo de uma hiena louca rindo que disparou no meu computador.

O infeliz na minha sala se dobrava de rir.

— E então, você vem? Você viu o endereço?

Sim, eu tinha visto o maldito endereço. Seria numa ilha maravilhosa e relativamente reservada. Uma ilha que todas as mulheres solteiras durante os últimos três anos sonham em se casar.

— Sim, eu vi, mas é que...

— Ah não, Rach... você não vai dar uma desculpa para não vir, vai? Sei que está de férias.

Suspirei.

— Estou sem grana, Logan. Preciso trabalhar com o meu pai para ficar com alguma reserva.

— Já conversei com o senhor Hensey há poucos minutos, ele disse que não tem problemas você passar um mês fora e que te dá um pequeno bônus quando você voltar.

Droga, pai! Desde quando você me dá um bônus do nada?

— Além do mais, — ele continuou — A sua viagem vai ser toda custeada por nós quando estiver aqui. Como nossa convidada especial, você não vai precisar gastar nem um centavo.

Benjamim tinha parado com sua crise de risadas e agora me analisava atentamente.

Mostrei o dedo do meio e girei minha cadeira de modo que eu ficasse de costas para ele.

— Logan, eu...

Meu amigo suspirou do outro lado. Sua voz estava um tom mais baixo quando ele disse:

— Não vem com essa de "Logan, eu...", lembro da mensagem que me mandou um tempo atrás. Dizendo que sentia minha falta. Também sinto a sua, respondi isso. — Sim, depois de duas longas semanas. — O que aconteceu? Não sente mais? Arranjou alguém para pôr no meu lugar?

Dei uma risada irônica.

— Lógico que não. — E sim, claro que eu sentia saudade dele, mas não do jeito que ele pensava.

Era o que eu queria dizer.

Era o que eu deveria dizer.

Me joguei na cadeira.

Ficamos em silêncio, ouvindo a respiração um do outro. Os pensamentos correndo livres, mas nunca ultrapassando para o outro lado da linha.

Depois de um tempo, declarei finalmente:

— Está bem.

— Está bem o quê?

— Eu aceito. — Chacoalhei a cabeça. — Eu aceito ser sua madrinha.

Logan respirou aliviado.

— Sabe que eu te amo, não é?

Sim, eu infelizmente sabia muito bem como ele me amava.

Forcei as palavras a saírem do jeito certo da minha boca:

— Também te amo, Logan.

Ouvi um barulho como se Benjamim estivesse limpando a garganta, mas ignorei.

— Eu sei disso. — ele disse convencido. — Mandarei os detalhes da viagem e de todo o resto por e-mail.

— Tudo bem. — Respirei fundo e resolvi que deveria reconhecer a presença do inconveniente. — Tenho que voltar ao trabalho agora. Até mais, Logan.

— Estou louco para te ver.

— Mal posso esperar.

— Até mais, Rach.

Desliguei o celular, segurando-o contra o peito por alguns segundos.

Precisava bolar um plano para não agir como uma idiota e cretina quando ficasse cara a cara com a noiva de Logan.

A verdade é que era muito mais fácil fingir que Logan era apenas uma paixonite distante quando, de fato, ele estava longe. Entretanto, passar um mês inteiro ao seu lado, depois de tantos anos sem vê-lo, e ainda por cima ter que presenciar todo aquele clima pré-casamento com outra mulher seria um desafio que eu não sabia se estava pronta para encarar.

Pensaria sobre isso depois, no entanto.

Girei a cadeira para perguntar a Benjamim o que ele queria, mas encontrei a sala vazia e apenas um bilhete em cima da minha mesa.

Não faça planos para o almoço.

Te encontro na entrada principal do prédio.

— B. M.

— O que acha? — Benjamim questionou antes de tomar um gole do seu refrigerante.

Passei o guardanapo sobre os lábios e o apoiei na mesa.

— Entendi a sua necessidade e o seu pedido, mas qual é o meu benefício com tudo isso?

Benjamim já estava me esperando quando desci o elevador do prédio da empresa. Caminhamos até um restaurante da esquina oposta ao que eu costumava almoçar.

A comida era deliciosa e caseira, detalhe que era difícil achar ali no centro da cidade onde tudo tinha que ser rápido e prático.

Comi metade do almoço em silêncio até o momento em que levantei o olhar e arqueei uma sobrancelha para o homem sentado à minha frente.

Ele pareceu entender o recado.

— Acho melhor eu ir direto ao ponto. — Benjamim soltou os talheres. — Eu ganhei um sorteio.

Ficamos em silêncio. Uma expressão inexpressiva percorria meu rosto.

— Para...béns?

Ele riu da minha confusão, mas explicou o que eu tinha a ver com isso.

O prêmio do sorteio era um trio ganhar uma viagem para uma ilha paradisíaca com tudo pago por um mês.

Detalhe um: era a mesma ilha onde aconteceria o casamento de Logan.

Detalhe dois: a irmã de Benjamim tinha rompido com a namorada dois dias antes do resultado do sorteio.

Detalhe três: só um trio poderia desfrutar do prêmio, não uma dupla, nem um quarteto.

Bônus: eu teria que ir para a ilha de qualquer jeito.

— Logan vai pagar minha estadia. — retruquei. — Ainda não consigo ver o que eu ganho com isso.

— Que tal eu ficar te devendo uma? Vamos lá, Rachel, eu só preciso que você dê o seu nome, não precisa ficar com a gente. Acredite, eu já procurei todos os meus contatos e nenhum está disponível.

Ambas as minhas sobrancelhas foram parar quase no meio da testa.

Eu era a última opção.

Não que algum dia eu quisesse ser a primeira opção de alguém como Benjamim.

Mas ainda assim...

— Nunca pensei que diria isso, mas você é a salvação das minhas férias.

Não consegui conter o sorriso presunçoso que queria preencher o meu rosto.

— Até quando vocês precisam confirmar?

— Amanhã ao meio-dia, caso contrário, um novo sorteio será realizado.

— Está bem. — disse por fim. Benjamim pareceu aliviado. — Amanhã de manhã te dou uma resposta.

Então ele ficou rígido na cadeira.

— Amanhã de manhã?

— Assim que eu chegar na empresa. — confirmei.

Benjamim esfregou as mãos no rosto, mas me lançou um sorriso que não era nada verdadeiro.

Ah, ele dependia de mim.

Lancei um sorriso de igual teor enquanto colocava o dinheiro do meu almoço sob o prato e ajeitava as minhas roupas — naquele momento, nem a camisa manchada conseguiria derrubar o meu humor.

— Vou indo, Benjamim. Vou pensar a respeito do que me pediu.

— Pense com carinho.

Fiz minha melhor expressão fingida de inocente:

— Por você? Sempre.

Não deveria fazer aquilo. Não deveria. Não dever...

Ah, droga. Tarde demais.

Lá estava o perfil da rede social de Logan.

Seu rosto estampado na foto principal e na foto de capa. Na segunda, ele estava junto com a mulher mais linda que eu já tinha visto na minha vida.

Jane.

Era pior do que eu antecipara. Eu não aguentaria aquela tortura.

Os cabelos encaracolados caiam sobre os ombros de Jane. A pele marrom escura brilhava assim como seu sorriso branco enquanto ela ria de algo que Logan dizia ao seu ouvido. Os olhos estreitos pela felicidade genuína estampada no seu rosto enfiaram uma faca em meu estômago.

— RAE, A MULHER DA SUA VIDA ACABOU DE CHEGAR. — Eu conseguia ouvir a voz de Caitlyn, mas meus olhos estavam vidrados na tela do computador. — Nossa, que recepção nada calorosa.

Ouvi o barulho de sacolas plásticas, provavelmente cheias de guloseimas para a nossa noite de filmes trash clássicos.

Depois de dar alguns passos na minha direção, senti suas mãos no meu ombro.

— Ele vai se casar, Cat. — Foi a primeira coisa que eu disse.

Em cinco minutos, eu já tinha despejado tudo sobre minha melhor amiga. Até mesmo o pedido de Benjamim.

Caitlyn era minha melhor amiga de infância. Era a melhor pessoa do mundo.

Sofri muito quando ficamos um pouco distantes devido à faculdade, mas nunca perdemos o contato e, quando nós nos formamos, voltamos a ser grudadas como se nunca tivéssemos nos separado.

Ela sabia tudo sobre Logan, meus sentimentos e nunca me julgou por isso.

Mesmo naquele momento que eu chorava de raiva por não ser eu a estar prestes a se casar com ele.

E por a futura esposa dele ser uma deusa viva da beleza.

Quando terminei, Caitlyn estava com um sorriso indicando que uma de suas ideias mirabolantes estava acabando de nascer.

— Do que você está sorrindo? Da minha derrota? — disse enxugando as lágrimas.

— Jamais! Tenho um plano.

— Isso eu já percebi, quero saber se vai me contar ou não.

Cat esfregou uma mão na outra, antes de jogar meu celular no meu colo.

— Ligue para o gostoso do seu arqui-inimigo Benjamim. — Fiz uma careta ao ouvi-la chamando logo Benjamim de gostoso. —Ah, não faça essa cara, ele é um pedaço de mal caminho.

— Tá, tá, guarde para si mesma seus elogios àquele cretino. Porém me explique por que eu acabei de narrar um drama equivalente a quatrocentas páginas impressas sobre mim, o Logan e o casamento dele e você quer que eu ligue para o Benjamim.

O seu sorriso aumentou.

—Você vai aceitar o pedido dele hoje e dizer o que vai pedir em troca amanhã na empresa. — ela disse como se fosse óbvio.

—E o que exatamente eu vou pedir em troca?

—Isso você vai saber depois que aceitar a oferta dele.