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Jigoku Sacrum Librum(portuguese)

🇫🇷tallie
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Synopsis
"Eu li. Li cada parágrafo, li cada página, li cada capítulo. O livro parecia estar me engolindo num mar obscuro de solidão e medo, foi algo macabro. Eu senti como se aquelas palavras me puxassem para a mais profunda dor e sofrimento. Por mais que eu tentasse sair daquele limbo, ele me puxava cada vez mais e mais. Era inútil. Aparentemente, ler aquele livro era como um caminho sem volta, um beco sem saída. Ler esse livro, olhar para ele, pegar ele... deixar ele me dominar... esse foi o meu maior erro."

Table of contents

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Chapter 1 - Prefácio

Eu estava lá, explorando curiosamente a loja que vende coisas de época – eu simplesmente  amo esse tipo de  loja justamente por ter coisas mais antigas pois, sempre que eu compro algum acessório nessa loja,  eu me sinto mais vintage e mais estilosa, sabe? Toda vez que eu entro na loja, eu sinto como se eu mudasse de época, voltasse no tempo para ser mais exata.

Entretanto, dessa vez a loja estava diferente; Estava com uma nova sessão: Livros, revistas, álbuns de música; Eles tinham colocado uma mini biblioteca no canto da loja e nela tinha muitas coisas valiosas. O caixa, distraído com seu smartphone, apontou para o canto da loja e anunciou-a para mim – ele, melhor que ninguém, sabia muito bem da minha paixão por leitura e coisas antigas.

Eu vou em direção à mini biblioteca e começo a ver alguns livros. Alguns dos títulos estavam em inglês, outros em francês, espanhol, português... Muitos, senão todos, livros chamaram a minha atenção e minha vontade era comprar todos. O problema é que eu estava sem dinheiro no momento. Tinha apenas onze dólares na carteira e todos os livros ali custavam pelo menos uns 30 dólares e aquele era um dinheiro que eu não tinha no momento. Então, eu acabei colocando de volta os livros que eu tinha pegado nas prateleiras. Foi aí que eu me deparei com um livro vermelho de aparência arcaica e antiga, guardado bem no fundo de uma das prateleiras - no título estava escrito Jigoku Sacrum Librum; Ao ler aquele título, senti um arrepio em minha espinha. Não sabia o que aquelas palavras significavam, mas quando as li, aquilo causou um efeito estranho no meu corpo. Ele pareceu chamar pelo meu nome, eu senti aquilo. Era como se ele dissesse:  "heeeyyy... eu estou aqui! fresquinho para você me ler..." mesmo ele aparentando ter pelo menos uns 100 anos.

Mesmo me borrando de medo, eu acabei comprando o livro  – a minha curiosidade foi maior que o meu medo. Não tinha uma etiqueta ou algo que indicasse o preço dele, então eu negociei com o caixa e ele me vendeu o livro por 10 dólares. Fiquei bem feliz pois eu realmente queria saber quais eram os mistérios daquele livro macabro; poder me perder no universo dele, matar minha curiosidade, saber se tinha motivos para sentir medo. Queria saber o que escondia atrás daquela capa arcaica, com cor avermelhada, com um título assustador; queria saber se meu medo era racional ou apenas algo bobo causado pelo efeito de uma simples capa de um livro grosso de pelo menos 500 páginas.

Assim que eu paguei pelo livro, saí da loja e fui para minha casa. No caminho, eu não tirava os olhos da capa de cor avermelhada; era algo hipnótico. Aquela coisa prendeu minha atenção durante todo o trajeto, de modo que tudo ao meu redor estava negro - eu não estava prestando a atenção em nada, nem na estrada, nem nas calçadas, nem nas pessoas; em resumo, eu não prestava atençao em nada que acontecia ao meu redor. Foi assim da loja até minha casa. Até hoje me pergunto como eu não fui roubada, assaltada ou atropelada naquele dia, foi realmente um milagre.

Assim que eu cheguei em frente à minha casa, eu dei um pequeno pulo. Eu estava tão presa àquela capa macabra que nem percebi o que estava acontecendo em minha volta. O tempo pareceu voar, tanto que eu jurava de pé junto que se passaram apenas alguns segundos da loja até minha casa – mesmo o caminho da pequena loja até a minha casa demorando 20 minutos. Eu pisquei meus olhos algumas vezes e peguei as chaves no bolso da minha calça. Assim que eu senti o metal gelado nas minhas mãos, eu a peguei – uma simples chave prateada, sem nada de especial. Coloquei-a na fechadura e a girei no sentido horário três vezes, a fim de abri-la. A porta abriu sem dificuldades e eu entrei em casa, uma casa simples e moderna. Eu ainda segurava o livro com força nas minhas mãos e, assim que tranquei a porta na parte de dentro, eu senti um grande alívio por estar em casa e poder desfrutar da obra macabra que eu tenho em minhas mãos.

Depois de trancar a porta, eu fui direto para a mesa de jantar que, por sorte, estava limpa. Me sentei em uma das cadeiras, coloquei o livro em cima da mesa, abri ele na primeira página e comecei a ler. Nas três primeiras páginas não tinha nada demais, era só o sumário e o prefácio; estranhei um pouco ele ter um sumário. Geralmente só os  didáticos possuem um sumário. Mas eu não liguei muito para aquilo, só queria poder ler logo aquela desgraça. E... para falar a verdade, eu nem li direito aquelas páginas, queria ir direto para a parte mais interessante. Pulei para o Capítulo 1. Comecei a lê-lo, li durante horas. Eu não sabia que livro poderia me prender tanto –  era como se eu estivesse presa com correntes nos meus pulsos e pescoço, correntes que apertam e machucam, enquanto lia o livro.

Eu li. Li cada parágrafo, li cada página, li cada capítulo. O livro parecia estar me engolindo num mar obscuro de solidão e medo, foi algo macabro. Eu senti como se aquelas palavras me puxassem para a mais profunda dor e sofrimento. Por mais que eu tentasse sair daquele limbo, ele me puxava cada vez mais e mais. Era inútil. Aparentemente, ler aquele livro era como um caminho sem volta, um beco sem saída.

Ler esse livro, olhar para ele, pegar ele... deixar ele me dominar... esse foi o meu maior erro.