"um inútil, que recruta pessoas talentosas, e as faz mostrar seu potencial máximo"
Narração Haru
— Pare lixo.
Um garoto recebeu o chicote no meu lugar, ele tinha cabelos pretos, um olhar morto, apesar de um pouco assustador e profundo, um homem muito famoso na escola, o inútil Shin.
Já tinha ouvido falar que ela era um sem talento, mesmo assim conseguiu entrar na escola, talvez por algum tipo de conexão,apesar disso ao entrar os alunos se reuniram para tornar sua vida em um inferno, principalmente um tal de Dino.
Segundo eles, pessoas pouco talentosas não deveriam ter o direito de estudar na Gakuen, o que sabia era que de uma forma ou de outra ele aguentou tudo e continuou, mas as coisas ainda estavam ruins para ele e mesmo assim ele já estava procurando mais um inimigo, não sabia se devia o chamar de louco, masoquista, ou um monstro, talvez os três.
— Você? Acha que tem sequer o direito de falar comigo — Gabiru raramente é ríspido com estudantes, fiquei surpresa quando Shin conseguiu realmente o tirar do sério, mesmo ambos sendo humanos, bem, o olhar do Gabiru indicava que ele não o via assim mais.
— Não se preocupe, não tenho interesse nenhum em falar com você. — Shin disse, virando as costas para o Gabiru, então ele olhou para mim. — Você está bem? Não, né? Tem nem porquê perguntar, pegue minha mão, te ajudo a se levantar.
— Que!
Me surpreendi, quando ele de repente se virou para mim, ele parecia me olhar um pouco preocupado, mesmo assim não peguei na sua mão. Pensei por um tempo. Me levantei sozinha, não tinha a coragem de pegar em sua mão, ele tinha acabado de irritar o Gabiru, até o fim ainda queria proteger a minha vida, isso era tudo que podia fazer.
— Consegue se levantar sozinha, entendo, eu gostaria de fazer uma proposta… — Shin começou a falar.
Obviamente um soco por trás o atingiu nas cara, era Gabiru, que parecia espumar de raiva. Seu olhar estava vermelho,sua raiva era enorme, o ambiente ficava quente, enquanto um poder opressor saia dele.
— Isso dói, sabia. — Shin disse arrogantemente, mas a verdade é que ele estava muito mal, tinha usado alguma forma de cura em si mesmo para colocar a mandíbula de volta no lugar, mas seu corpo como um todo parecia destruído.
— Não dê as costas para mim, quem acha que você é?
— Ninguém, mas, sabe, de costas ou de frente não posso reagir aos seus movimentos, não vale a pena tentar lutar se não consigo, e mais uma vez não estou interessado em falar com você.
— Suspiro! A partir do momento em que… — Gabiru ainda tentou se acalmar e falar como gente, mas ver a face desinteressada do Shin feria tanto seu orgulho, que ele disse cheio de ódio: — Desde quando acha que tem direito de escolher com quem quer falar ou não! Insetos como você não tem essa liberdade.
Gabiru agarrou Shin pelo pescoço, então começou aos poucos a esmagar seu pescoço, de forma a quase matar o garoto asfixiado.
— Não quero falar com você, lixo, cuspe! — Shin mesmo sendo agarrado pelo pescoço, com seu corpo praticamente inteiro quebrado, ainda teve coragem de cuspir sangue na cara do Gabiru.
— Seu!
Uma raiva imensa surgiu nele, que joga Shin com uma força imensa, imaginei que ele fosse morrer, mas Shin reagiu no ar de alguma forma, então tomou algumas pílulas, algumas pareciam ser de cura, outras anabolizantes, imaginei.
Então algo estranho aconteceu, o sangue que deveria estar na cara do Gabiru, se moveu até sua boca, entrando enquanto o mesmo gritava irritado.
— E aí, como é o gosto do sangue de um inútil? — Shin, provocando a outra parte ainda mais, disse.
— SHIN! — Gabiru liberou um grito estridente e assustador, se antes todos da arena já olhavam para cá, agora mais e mais alunos se juntavam. — O que?!
Por alguns instantes Gabiru caiu de joelhos, seu corpo parecia ficar fraco, era algum tipo de veneno? Me perguntei, mas não fazia sentido, mesmo se fosse, Shin teria que ter envenenado o próprio sangue para isso, se o fizesse não sobreviveria, mesmo se sobrevivesse, aquilo era insano demais.
— O que fez com meu corpo, você não tem medo da morte?
— Não, você disse que não tenho a liberdade de escolher com quem falo, né? Sim, isso é um fato, os fracos não tem a liberdade de escolher, mesmo assim se eu puder ser livre apenas uma vez, daria minha vida por isso, porra! Odeio me sujeitar a essa vida de merda, se eu tiver uma oportunidade, apenas uma eu vou apostar tudo, para poder ter um pouco de liberdade.
Atualmente já sei que aquelas palavras eram mentiras, mas na horam Shin parecia gritar com sua alma, ele parecia alterado, algo entre a insanidade e a raiva. Sangue escorria por toda sua boca, muitos dos seus dentes tinham quebrado, seu olhar parecia mais morto e assustador do que nunca, a face da loucura, era Shin naquele momento, uma atuação impecável.
— Você é apenas um fracassado e invejoso. — Gabiru disse já se levantando.
— Invejoso? Hahahahahahahaha! Eu sinto apenas ódio por essa escola, por tudo nesse mundo de merda, dessas pessoas de merda.
— Não estou interessado em ouvir.
— Sério? Não dou a mínima, você é um líder de grupo, né? Você e os outros dois grandes, não sei se sabiam pessoal, mas eles forçam todos os outros times pequenos a se submeter, usando os outros times basicamente como treino e teste para seus futuros membros, monopolizando os talentos, acabando com a competitividade e evolução tática e técnica!
Shin, então, começou a gritar coisas aleatórias, não é que muitos já não soubessem disso, mas falar sobre isso era um tabu, por isso alguém gritando coisas assim, sem dúvidas não seria esquecido tão cedo.
— Cala a boca!
— Não, afinal enquanto você destrói essa merda de lugar, enquanto todos agem de forma tão estúpida, tudo o que eu posso fazer é apontar essa estupidez, então no mínimo isso farei, afinal minha alma clama por isso!
— Haru, segure ele, se fizer isso permitirá que volte aos Red Dragon. — Gabiru disse já se recuperando, ao ponto de poder se mover.
Shin virou para mim, seu olhar era de pura compreensão, ele não parecia louco como antes, parecia até um pouco sábio e belo, então disse para mim:
— Venha, se quiser viver como escrava para sempre me segure, não se preocupe, não guardarei ressentimentos, mas se quiser uma oportunidade para viver, talvez tenha interesse em se juntar a mim.
— Cale a boca!
Gabiru, que tinha alcançado Shin, deu um soco para o calar, ele estava com o corpo fraco, mesmo assim continuava socando o Shin pateticamente, aos poucos seu corpo se recuperava, logo ele poderia matar Shin de verdade.
Claro, se ele fizesse isso teríamos um evento bastante problemático, fora da Gakuen mortes e assassinatos eram diários, mas dentro daquela escola sem regras, a única coisa proibida era matar um aluno, apesar disso Gabiru não parecia muito disposto a parar.
Por sorte, Gabiru ainda retomou a consciência a tempo, parou de bater no garoto quase morto, então se virou para mim cheio de raiva e disse:
— Lixo maldito, por que não fez o que mandei? Nem para cumprir ordens mas você serve.
— Hahaha! Por que ela obedeceria um lixo como você. Todos ouçam o que eu digo, não deixem nada destruir suas liberdades, pensem por si mesmo, porra! Não é difícil de entender, se for assustador, encare de frente, CARALHO! Se for ser um escravo, é melhor nem continuar vivo, pois nem que seja por um dia, por um segundo, já será muito melhor do que 100 anos sobrevivendo!
As palavras de Shin eram mentirosas, mas naquele momento conseguiam invocar emoções em mim, elas pareciam vir de dentro, misturando raiva, desolação, determinação, insanidade, existia algo sobre ele, que me fazia querer seguir, talvez, talvez…
— Morra! — Gabiru grita, ele parecia realmente disposto a matar Shin.
Era agora ou nunca, entendi perfeitamente, se não tivesse coragem de me mover naquele momento, provavelmente nunca mais teria, mas não vou mentir, o medo era paralisante, tremia em frente a possibilidade da minha vida acabar naquele instante.
— Pare!
Não pensei sobre nada, nem sei o que fiz, meu corpo apenas se moveu. Logo estava entre Shin e Gabiru, parando o ataque que mataria Shin, então usando todo o pouco de poder que restava, ataquei com tudo…
— Morra você! — gritei para Gabiru
Um medo enorme surgiu logo em seguida, junto com ele vieram as perguntas: o que eu fiz? Eu vou morrer? Tudo vai acabar? Por que? Por que? Por que eu fiz isso? Valeu a pena? Meu corpo paralisou completamente, não sabia o que fazer, até que uma mão quente tocar minha cabeça, me acalmando completamente, então uma voz gentil veio:
— Pode deixar o resto comigo, ok?