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Chapter 14 - Irmã

Irmã

— Eu entendo, mesmo assim eu quero muito saber.

— Quanta curiosidade, muito bem, vamos.

Não queria mostrar para ela, mas não importava, afinal… Enfim, novamente ela me beijou, aparentemente isso era um pré requisito necessários sempre que ela quisesse ativar a magia. Rapidamente era possível ver, animadamente, várias crianças correndo em um jardim.

— Quem são eles? — Saika pergunta.

— Primos, irmãos e outros tipos de parentes, minha família tinha vários ramos e tudo mais, mas as crianças, de idade próxima, eram criadas todas juntas, para trabalharem melhor em equipe.

— Uma criação completamente focada para guerra desde pequenos, hein?

— Sim, o mundo está em chamas, afinal, a guerra é muito lucrativa no meio de toda a pobreza.

— Entendo, acho que já posso imaginar em que tipo de família você viveu.

— Eles não são tão brutais assim, o ambiente era bastante caloroso, principalmente se você tivesse talento, enfim, não importa, nem lembro muito daquele tempo mesmo.

— Sério, para mim, parece mais que você não quer lembrar.

— Estamos chegando no momento que você quer ver, presta atenção.

"Shin é apenas uma criança, não podem fazer isso com ele!!" Nas minhas memórias, era possível ouvir a voz as… Enfim, a voz da minha irmã, eu que estava passando por ali na hora, parei para ouvir ao ter meu nome citado. "Entendo seus sentimentos, mas não teremos exceção, não vamos perder tempo criando alguém como ele". Foi o que meus pais responderam ou algo do tipo.

— Que severo. — Saika comenta.

— Eles não faziam isso com frequência, foi basicamente só comigo.

— Você ficou triste, mas não surpreso, então já esperava por isso.

— Sim, no dia que fiz o meu primeiro teste foi quando tudo começou a cair, eu fiquei chorando por dias, mas minha irmã ficou do meu lado, quer ver meu primeiro beijo?

— Espera! Sério isso?

— Sim, apesar de que tenho que forçar um pouco para chamar aquilo de primeiro beijo, no máximo primeiro selinho.

— Entendo.

Eu ainda fiquei ouvindo a conversa entre eles, mas no fim decidimos pular, afinal ela era longa, consistia apenas nos meus pais explicando os motivos para se livrar de mim, resumindo: não queremos manchar o nome de família.

Depois disso eu sem saber como reagir, fui para o jardim sozinho, andava de cabeça baixa naquele momento. Em algum ponto acabei vendo um pássaro machucado, de certa forma aquilo me comoveu, por alguns instantes, esqueci completamente do que estava sentindo e me foquei em ajudar o animalzinho, por mim, deveríamos pular essa parte da memória, mas Saika insistiu em ver.

— Você era muito gentil e até um pouco radiante.

— Acho que sim, bem, agora vamos acabar com isso.

Era um dia ensolarado, o céu parecia sorrir, estava lindamente azul, todos estavam felizes naquele dia, enquanto algumas pessoas viriam para me buscar, nunca mais veria todos ali.

— Você parece bem triste, droga! Alguém dê um abraço nessa criança.

— Se você sentir empatia pelo meu eu do passado, faça o mesmo pelo do presente.

— Mas nessa memória você é só uma criança triste, isso tem um efeito apelativo muito maior, que um adulto apático.

— Bom ponto.

"Desculpa, desculpa, desculpa, desculpa, mas eu não quero ir embora". Disse chorando, minha irmã me abraçou, então ficamos um tempão daquela forma, mas foi apenas uma como qualquer outra, na qual o herói é consolado, apenas um abraço, lágrimas e uma chatisse demorada, por isso vamos pular.

— Sinf!

— Não fique chorando idiota. — disse.

— Não tenho culpa, eu tenho que sentir tudo, você também chorou no dia.

— Sim, mas já é adulta, se segure um pouco melhor.

— Não é bom segurar todas as emoções dentro de si.

— Não importa se é bom ou não, para que as pessoas não tirem proveito delas para que sua tristeza não incomode os outros, precisa aprender a se segurar.

— Nem todos tem uma vida tão problemática quanto a sua, me deixa!

— Tanto faz.

Apenas porque é importante, deixe-me registrar a última frase da minha irmã: "Ei! Mano, eu te amo muito, daqui para frente vai ser muito difícil, você não vai poder falar comigo ou me ver por muito tempo, mas vou te reencontrar um dia, até lá aguente tudo, e fique com esse broche." Depois de dizer isso, minha irmã olhou sem qualquer motivo para cima, sorriu e as memórias começaram a tremer.

— Isso, ela acabou de olhar para mim? — Saika disse tremendo.

— Sem exagerar, relaxa, foi só coincidência, mas acho que já deu de ver meu passado.

Minha memória começou a tremer, Saika já estava com medo, a última coisa que foi possível ver, foi minha irmã cochichando algo no meu ouvido, mas não importava mais, não estava disposto a mostrar o resto.

— Se estiver muito curiosa, depois disso eu fui vendido como escravo, fugi depois de um ano, quando voltei minha casa já tinha sido queimada, e o resto foi só eu circulando por aí como escravo, comprei minha liberdade e entrei para escola.

— …

— Ei! Ei! Terra chamando.

— Então essa é a maldição que você vinha carregando, "aguente", hein? — Saika comenta parecendo meio perturbado.

— Tipo isso, mas acho que já deu, né?

— Ainda tenho alguma curiosidade, para que tipo de lugar você foi vendido, por que sua casa queimou?

— Só sei a resposta para a primeira, bem, não foi nada demais, eu fui pra vendido para um acampamento militar, inclusive lá tinha um professor que dizia: até os mais fracos se moldam em fortes pela dor, não que tenha dado certo, enfim, acho que saí de lá com 11, ai fiquei trabalhando de manhã, estudando a tarde e trabalhando de noite, fui comprado por uns vampiros, fui vendido por eles e umas outras paradas.

— Eu quero que me mostre.

— Não rola, foi muito tempo, além disso, aprendi muito pouco nesse tempo, a única coisa útil foi como identificar as emoções dos outros, principalmente para evitar ser odiado, ou espancado.

— Mesmo assim você foi completamente seduzido pela Nozomi, incompetente.

— Ahan! Não vamos falar sobre isso, ninguém olhava para mim e sorria a… Uns 15 anos, acho, como eu ia reconhecer que o sorriso era falso? Sou bom de perceber emoções negativas, como inveja, medo, raiva, nojo e coisas do tipo.

— Mas nada vai mudar, que você foi manipulado como um idiota.

— Sim, sim, eu admito que foi risível, mas pelo menos vou ter uma história engraçada para contar no futuro.

Ela não responde por um longo tempo, até que comenta:

— Agora eu estou pensando nisso, você passou uns 15 anos aguentando sem condição nenhuma de treinar ou estudar, como você entrou na Gakuen, definitivamente não foi pela nota, teria ido para o departamento de ciência nesse caso.

— Sei lá, não me importo com isso.

— Sério, isso é bem estranho, além do mais tem aquilo que o Dino disse, de não poder te expulsar, será que…

— Eu sei o que você quer insinuar, mas não me importo e já deu por hoje, além do mais você não tem que se preocupar tanto com isso.