DOMINGO
Entre as rochas da praia um jovem rapaz se encontra inconsciente e muito ferido. A sua volta só se ver destroços e corpos que o mar trouxe junto ao seu.
As ondas salgadas lavam seu corpo cheio de hematomas.
Era fim de tarde. Como aqueles fins de tarde perfeitos para se sentar na areia da praia e olhar o mar com a sua companhia favorita.
As pálpebras se abrem e Alexander desperta, tossindo água salgada do oceano. Confuso, desnorteado com dor e cede, ele olha em volta e só vê uma enorme e aparentemente infinita ilha com corpos inteiros e desmembrados na praia. Aquela romantização com o por do Sol não se aplicou para ele, talvez ele nunca tenha associado o por do Sol a algo romântico. Alexander tem apenas treze anos, mas o fato é que depois disso o por do Sol nunca será como um dia foi à ele.
- O que é isso, só pode ser um pesadelo.. aiii que dor, tudo dói. - disse ele com os olhos de lágrimas. - Mamãeeeee.. Mamãeeeee - gritou e gritou até que sua garganta doesse. - mamãe, onde está você? Estou com medo.. - voltou a falar só que agora bem baixinho como se não quisesse ser ouvido. Se ergueu das rochas e buscou o melhor caminho para a areia.
O olho esquerdo de Alexander estava totalmente vermelho. Sua camisa da Marvel estava rasgada e molhada, não tinha seu par de sapato do pé direito.
Alex caminhou na praia evitando todos os corpos de crianças, homens e os de mulheres, ele só se dava a coragem de verificar se aparentasse com o de sua mãe. Mas todos os corpos que ele verificou e foram no total de dois, não eram a sua mãe e ele não sabia se via isso como algo possitivo ou negativo, ele só queria ver o rosto de sua mãe, sentir seus dedos entre seus cachos morenos e cantarolando "Happy"¹ para ele como ela sempre fez.. e lembrar disso o fez começar a cantar baixinho está mesma canção e de alguma forma isso o acalmou um pouco e ele caminhou durante uns quarenta minutos e já não se via mais corpos ou destroços e então ele se sentiu confortável para se sentar e descansar um pouco. Alex olhou o mar e se sentiu perturbado porque olhá-lo era como olhar o infinito e isso dava a ele a sensação de estar muito longe de casa, e ainda sentado virou-se com o auxílio de suas pernas para a ilha e não se sentiu melhor com isso. A ilha tinha seu ar misterioso, soprava uma brisa gelada nas folhas das árvores e tudo lá era escuro, a noite também já estava caindo e Alex então decidiu juntar os joelhos e abraça-los com ambas as mãos, apoiar sua cabeça em suas coxas com o rosto virado para o colo e fechou os olhos e imaginou o sorriso de sua mãe.
E assim ficou durante um momento, se balançava naquela posição, estava entrando em pânico mais uma vez, e chorava e chorava e chorava, literalmente como uma criança, mas uma voz veio da mata, pareceu que a brisa a trouxe a seus ouvidos.
- Ei, garoto.. vem até aqui, acho que sei onde está sua mãe - foi o que ele ouviu.

¹ canção do Michael Jackson