No portão de entrada da cidade principal do reino do Outono, um mercenário estava indo em direção a entrada, quando um dos guardas o deteve solicitando a identificação, porém o homem não tinha nada que comprovasse sua identidade e não foi permitida a entrada, ele retornou ao bando informando que precisariam se comunicar com o Conde que os contratou.
No outro dia, no período da noite, o Conde Raymond estava solicitando a entrada acompanhado por uma carroça coberta por uma lona. Porém, um dos guardas não permitiu sua passagem informando que precisaria verificar o conteúdo da carroça. Um dos guardas se aproximou, mas o Conde bateu com uma bengala na carroça, impedindo que ele levantasse a manta.
— Com quem você pensa que está falando? Eu sou o Conde Raymond, membro do conselho real.
— Entendo, Vossa Graça, porém é um procedimento padrão.
Porém, o outro guarda que havia combinado previamente com o Conde a troca de turno, interrompeu o colega.
— Deixe-o passar, ele é alguém importante. Você vai querer ser transferido de setor. — disse o guarda sussurrando para o colega.
Então, a contragosto permitiu a entrada do Conde sem verificar a mercadoria.
No dia seguinte, o príncipe Ryuuji iria fazer uma inspeção oculta na cidade principal e convidou Letícia para acompanhá-lo. Ele queria mostrar o centro da cidade para ela e como funcionava o fluxo de mercadorias na região. Ryuuji e Letícia se prepararam, se vestiram de forma que ocultasse a identidade deles, como cidadãos comuns da cidade. Ryuuji acompanhou Letícia ao estábulo para que ela escolhesse um cavalo.
Aleph observou que os dois iriam sair, mas ficou tranquilo, pois tinha certeza de que Ryuuji protegeria Letícia. Além disso, Akizawa impediu a passagem de Aleph, não permitindo nem cruzar a porta.
— Vossa Alteza, passa não sei quanto tempo fora! O tanto de pendências que precisa resolver.
Akizawa colocou uma pilha de papéis na frente de Aleph.
— Mas, metade desse trabalho pertence ao Ryuuji.
— Foram ordens do príncipe Ryuuji.... "disse pra mantê-lo ocupado".
Ryuuji estava na saída do castelo e ficou meio desapontado de que Aleph não foi segui-los.
— "Então, ele vai realmente resolver todas as pendências. Pensei que ele iria ficar preocupado depois do último alerta que dei. Talvez, ele não goste dela tanto assim."
Durante o passeio a cavalo, Ryuuji foi conversando com Letícia de uma forma mais natural, o que ficou bem evidente para ela que supôs que era porque não tinha todos os funcionários o observando. Eles desceram no centro da cidade e estavam disfarçados de cidadãos comuns, pois Ryuuji queria fazer uma inspeção, mas na verdade queria mostrar alguns pontos interessantes na cidade para Letícia.
Eles estavam caminhando despreocupados, pois a cidade principal é extremamente segura e Ryuuji estava explicando para Letícia como funcionava o esquema de segurança da capital.
Eles pararam em uma confeitaria e provaram alguns doces típicos da região. Dentro da loja, após lancharem, Ryuuji estava olhando a vitrine de doces.
— Meu irmão gosta desse tipo, podemos levar para ele o que você acha, Leticia?
— Parecem deliciosos.
Nesse momento, o cavaleiro oficial de Ryuuji, Shigeru, se aproximou e sussurrou algo para Ryuuji que logo ordenou.
— Evacue os cidadãos, o mais rápido possível.
Após saírem da loja, um bando de mercenários os cercou. Ryuuji concluiu que alguém internamente havia facilitado a entrada deles. Conforme a solicitação de Ryuuji, não tinha nenhum cidadão ali próximo. O bandido se aproximou empunhando adagas e espadas e se aproximou com uma postura confiante.
— Se entreguem imediatamente, se não quiserem morrer!
Ryuuji não deu muita importância a ameaça do mercenário.
— "Meu poder não irá funcionar com eles, são apenas pessoas normais." ... Letícia, irei precisar da sua ajuda.
Ryuuji falou próximo para que somente Leticia pudesse ouvir. Ele arremessou um objeto na direção do bandido para distraí-lo, ele desembainhou a espada, estava bloqueando todos os ataques dos bandidos ao mesmo tempo que aplicava golpes que os deixava imobilizados.
Ryuuji pegou um dos bastões e jogou para Letícia.
— Irei ajudar!
Letícia movimentou o bastão, puxou para si, girou e acertou a espada do oponente a lançando para longe, ela continuou o movimento, acertando o queixo do oponente que caiu inconsciente ao chão. Mas, também o utilizou para atacar. Eles conseguiram imobilizar todos os mercenários.
— Você luta muito bem, princesa Letícia.
Os guardas da cidade logo apareceram e conseguiram conter os bandidos que estavam recobrando a consciência. Ryuuji havia sofrido um ferimento leve e foi imediatamente tratado por um dos guardas.
— "Me confiei demais na minha habilidade e olha o que aconteceu." ... Acho que decepcionei um pouco ao invés de proteger, eu fui protegido.
— Você foi bem forte, conseguiu derrotar vários deles.
— Preciso treinar novamente, acho que estou ficando enferrujado.
Quando eles retornaram ao castelo, as pessoas repararam que Ryuuji e Letícia estavam mais próximos e estavam até se falando sem os honoríficos.
No período da noite, Aleph estava no escritório terminando as pendências. Ryuuji entregou a sacola de doces para Aleph que ficou contente com o presente. E quando estavam tomando chá aproveitando os doces, Ryuuji contou sobre o incidente na cidade.
— Apesar de terem sido interrogados, eles não revelaram o real motivo.
— Achei suspeito, o Conde Raymond se prontificou em realizar o interrogatório. Precisamos investigar o conselho real, apenas eles sabiam da sua saída, Ryuuji.
— Certamente!
No outro dia, na sala do trono, o cavaleiro real de Ryuuji, Shigeru havia retornado de uma investigação e iria reportar a notícia a Ryuuji. Shigeru tem os cabelos e olhos castanhos e tem 30 anos de idade.
— Vossa Alteza, surgiram boatos de que uma guerreira com poderes da natureza, apareceu no reino do inverno. As pessoas a estão chamando de Guardiã do Inverno. Após investigar... Esse boato se comprovou verdadeiro.
— Isso que me informou é deveras interessante.
— Peço que me perdoe, mas apesar das minhas investigações, não consegui descobrir de quem se tratava.
— Não será necessário! Quero que reúna esforços para que esses boatos tomem características positivas, se possível.
— Como ordenar, Vossa Alteza.
— "Já que esses boatos estão surgindo novamente, espero que não tomem outra forma. Creio que deva apresentá-las o mais rápido possível."
Anteriormente no Reino do Outono, um boato parecido circulou, mas devido as medidas tomadas pelo rei Ryuuichi, esse boato foi esquecido. Porém, com esse novo rumor circulando as pessoas começaram a recordar do evento que havia acontecido anteriormente em que uma guerreira com os poderes do outono havia aparecido.
— Todo o nosso universo vive em equilíbrio, talvez os poderes delas sejam uma resposta ao poder da shineideas que está assolando esse mundo. — refletiu Ryuuji.
No dia seguinte, Ryuuji convocou Letícia, pois havia alguém que gostaria de lhe apresentar. Ela estava caminhando por um novo trajeto e reparou que ali havia um belo jardim, ela se aproximou para poder ver melhor as diferentes plantas, pois ainda havia tempo até a reunião. E mais adiante havia uma bela arvore, ela se aproximou e viu que Aleph estava sentado ali lendo um livro. Fazia alguns dias que eles não se viam, porém assim que o viu os sentimentos que ela estava tentando esquecer reapareceram novamente. Ela não sabia se evitava o encontro com Aleph ou se ia ao seu encontro. Ela resolveu se aproximar e tentou observar sobre o que era o livro que Aleph estava lendo.
— Sobre o que você está lendo?
Aleph se surpreendeu, pois estava concentrado no livro.
— São apenas alguns documentos que preciso resolver.
Ele estendeu um lenço para que ela pudesse se sentar ao seu lado.
— Fazia algum tempo que não lhe via, Aleph.
— Me deram tantas tarefas que somente consegui esse momento de descanso. E você o que faz no jardim?
— Eu estava procurando algo para colocar no cabelo, mas logo mais tenho uma reunião com o príncipe Ryuuji.
Aleph retirou uma das fitas da sua roupa e amarrou o cabelo de Letícia. Ela tocou o cabelo, mostrando para ele. Ele achou aquela expressão de Letícia encantadora e apresentou uma vontade incontrolável de querer abraçá-la, porém se conteve e apenas tocou uma mecha de cabelo dela e disse sorrindo.
— Combinou bastante.
Aquele sorriso de Aleph era quase uma arma mortal que disparou em seu coração, ela se levantou apressada, se despedindo, pois se não iria chegar atrasada. Aleph ficou pensativo após a despedida de Leticia.
— "Só em ela ter se aproximado, me deu uma vontade imensa de abraçá-la. E que direito eu tenho de ter ciúmes."
Letícia chegou no escritório de Ryuuji no horário marcado e solicitou permissão para entrar, quando Ryuuji a viu e a cumprimentou reparou na fita em seu cabelo e a tirou.
— Por que você fez isso, Ryuuji?
— Me deu vontade... "Irmão, você precisa se esforçar um pouco mais se quer tê-la."
Ryuuji percebeu que a fita pertencia a Aleph. Logo após, Ryuuji disse que Letícia poderia se sentar.
— Sobre o assunto que decidi chamá-la aqui... Você deve estar se sentindo solitária aqui no reino. Por isso, irei lhe apresentar uma grande amiga minha.
A moça havia chegado e pediu permissão para entrar, Ryuuji a apresentou a Letícia.
— Essa é minha assistente mais fiel.
Íris tem 19 anos, 1,72 m de altura, os cabelos longos castanhos e os olhos verdes, frequentemente ela usa seu cabelo amarrado devido sua função de guerreira, como uma trança ou um penteado diferente.
Íris se curvou e logo cumprimentou Letícia.
— Encantada em conhecê-la.
— Vocês poderiam sair para conversar enquanto término de resolver alguns assuntos pendentes.
Sugeriu Ryuuji, pois diante deles havia inúmeros documentos a serem revisados.
Assim que saíram, Íris se voltou para Letícia.
— Gostaria que nos tornássemos amigas, gostaria de realizar uma atividade para que possamos nos conhecer melhor.
Letícia concordou com a ideia e logo Iris completou.
— Você deveria trocar de roupa, uma mais esportiva irá ajudar.
— Que tipo de atividade nós vamos fazer?
Letícia estava empolgada, pois assim que conheceu Íris havia gostado da aura que ela emanava.
Elas estavam caminhando até o quarto de Letícia, quando algumas funcionárias do castelo começaram a cochichar, falando sobre Íris.
— São um bando de invejosas. Se dizem fãs do príncipe Ryuuji, mas só fazem é ficar falando pelas costas dos outros.
— Você também está passando por isso?
— Princesa, você também. — disse Iris segurando as mãos de Letícia.
Elas se identificaram naquele momento.
Letícia vestiu uma roupa mais esportiva, mas que não deixava de ser elegante. Íris a acompanhou até o centro de treinamento.
— Quero aplicar um pequeno teste.
— Teste?
— Apenas gostaria de avaliá-la. Não é uma ameaça, vamos dizer que é um desafio de melhor amiga.
— Como assim?
— Vou ser sincera com você. Sempre quis ser protetora do reino do Outono, por isso me tornei parte da guarda real. Então... Preciso saber se Ryuuji estará seguro, mesmo em momentos em que eu não possa estar presente. Por isso... Estou aqui para lhe testar, expondo de forma limpa meus motivos. Você decide se aceitará os desafios ou não.
— Aceito. Devo mostrar que a educação que recebi será útil para nesse desafio.
Ryuuji estava concentrado nos papéis quando um dos funcionários entrou um pouco desesperado e Clifford perguntou:
— São modos de entrar no escritório do príncipe Ryuuji?
— É uma emergência! Íris quer matar a princesa Letícia.
Ryuuji se levantou rapidamente e foi ver preocupado o que estava acontecendo. Ryuuji viu uma multidão ao redor fazendo uma torcida. Ele compreendeu menos ainda o que estava se passando ali. Elas estavam jogando arco e flecha, parecia até uma competição.
— Íris, o que você está fazendo?
— Príncipe Ryuuji, é apenas um teste. Mas, já está acabando... Ela já provou ser digna na montaria, no equilíbrio, nas espadas e por último na mira.
— Afinal, o que você está testando?
— Se ela serve para ser sua esposa.
— E desde quando isso são atributos para identificar uma esposa?
Aleph chegou de lado e se apoiou em Ryuuji.
— Deixe-as, Ryuuji. Estão se divertindo... Afinal, vai apostar em quem?
— Não participarei dessa infantilidade.
— Sim, sim. Eu aposto na princesa Letícia.
— Você acha que ela ganhará da Íris no arco e flecha.
— Aposta feita.
Todos estavam na torcida e por uma diferença quase mínima Letícia venceu. Todos ficaram surpresos, pois sabiam que Iris não era um oponente fácil e reconheceram as habilidades de Letícia.
Quando Íris tinha 08 anos de idade, seu poder de guardiã foi revelado, seus pais ficaram assombrados e resolveram pedir ajuda para o Rei Ryuuichi, pois todos do reino sabiam que ele era detentor de um grande poder.
Além disso, a mãe de Íris havia trabalhado anteriormente ao casamento ao lado da rainha sendo sua dama de companhia. Ryuuichi se ofereceu para proteger Íris das ameaças que poderiam vir, além disso, tranquilizou os pais, pois informou enquanto ela estivesse próxima a adaga mágica seu poder se manteria estável, por isso ela mudou-se para o castelo, sua mãe assumiu seu antigo cargo de dama de companhia e durante o período da infância conheceu Aleph e Ryuuji. Eles se tornaram bons amigos desde então.
Devido a isso, Íris sentiu o desejo de retribuir, então treinou para pertencer a guarda real para auxiliar a proteger quem um dia lhe ajudou, treinou diversos tipos de técnicas, todos os funcionários que a conheciam de longa data admiravam seu esforço e dedicação. Ela pode receber uma educação diferenciada devido ao apoio do rei Ryuuichi, incluindo a educação destinada as damas da nobreza.