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Chapter 4 - Capítulo 03

À medida que nos aproximávamos daquele enorme murro de pedras tão alto que quase não se podia ver o céu, minhas esperanças de fuga iam sendo enterradas cada vez mais fundo, fiquei me perguntando o que teria do outro lado, enquanto observava ao redor tentando pegar o máximo de informações para uma possível fuga, e bem, não estava gostando nem um pouco do que via pois simplesmente parecia impossível fugir daquela fortaleza de pedras.

Chegamos em um enorme portão guardado por três homens que pareciam muito mais intimidadores do que os homens que haviam nos prendido, os homens pararam os cavalos e conversavam com os nossos raptores, Carrie estava com a testa frangida quando olhou pra mim, silenciosamente faço um sinal para ela se acalmar enquanto eu mesma tentava desacelerar as batidas estrondosas do meu coração que tamborilava em meus ouvidos, depois de uma curta conversa os homens então assentiram e voltaram para o portão para conversar com outros homens que adentraram o port��o com certa pressa. Nossos raptores nos desamarraram dos cavalos mantendo assim apenas nossas mãos presas de modo que não pudéssemos pegar alguma arma ou algo do tipo, eu quase me senti ameaçadora agora, quase.

Fomos guiadas, agarradas pelos braços, para atravessar o enorme portão feito de ferro que se erguia assustadoramente junto com ervas daninhas que esgueiravam até quase o topo, eu quase tive que quebrar o pescoço para vê-lo. Enquanto passávamos pelo portão agora já aberto não pude deixar de notar que os homens que o guardavam nos olhavam com desprezo um até grunhiu, eles deveriam estar olhando assim para os homens que nos sequestraram, enquanto contemplava o olhar de repugnância dos guardas do portão não percebi que os sequestradores pararam e andar e dei de cara com uma parede de músculos e rapidamente todos olharam para mim. A parede de musculos então se virou para mim e com um sorriso nos lábios se aproximou até ficar com o rosto bem próximo do meu.

— Calma meu bem ainda não está na hora de clamar por misericórdia.

Quando ia responder e mandar ele catar coquinhos ouvi alguém limpar a garganta e todos pararam de prestar atenção em mim para olhar para o dono daquele som. Os homens então ajeitaram a postura e pararam de sorrir, os dois homens que estavam agarrando o braço de Carrie e o meu nos puxaram para um canto a modo que apenas o raptor de cabelos vermelhos pudesse ficar mas a frente para falar com o homem que até aquele momento não pude ver quem seria já que tinha enormes paredes humanas bloqueando minha visão, olhei para Carrie e ela também parecia estar bem desconfortável e curiosa com a situação.

— Olhem só quem está aqui, quanto tempo cavalheiros fico feliz em revê-los, Riven meu velho amigo o que você e seu bando fazem por aqui?

Oh então o nome dele é Riven, tudo bem informação inútil. Vejo Riven revirar os olhos e fechar ainda mais a cara nem parece aquele que alguns minutos atrás estava me provocando irritavelmente.

— Corta o papo furado Erns estamos aqui porque achamos duas desconhecidas andando pela floresta e soubemos que estão caçando qualquer estranho pelas redondeza em troca de uma recompensa.

Eu e Carrie nos olhamos e seguramos as mãos uma da outra, neste ponto minha respiração já estava entrecortada e meu coração já batia forte.

— É claro, recompensa, é disso que vivem, não é?

Pela primeira vez desde quando começou a conversar com o sujeito Riven dá um sorrisinho e faz uma cara de grande deboche erguendo uma das sobrancelhas.

— Sim, nem todos temos o privilégio de ser a foda no fim da noite de uma gostosona real.

Risadinhas foram ouvidas entre os sequestradores e o tal Erns ficou em silencio por um momento, mas depois com uma voz assustadoramente calma disse:

— Cuidado com o que fala Riven, cuidado com o que fala.

Os risinhos então sessaram e Riven voltou para a postura rígida de antes colocando as mãos para trás.

— Estamos aqui pela recompensa, você vai nos pagar ou não?

Erns suspirou como se já estivesse farto daquela conversa toda, ouço sons de passos se aproximando tendo me inclinar para ver, mas os sequestradores me puxam de volta e apertam mais o meu braço me fazendo recuar.

— Tudo bem deixe-me ver as prisioneiras.

Dito isso Riven olha para trás e dá um sinal positivo com a cabeça, os nossos sequestradores então começam a nos arrastar até onde Riven se encontrava e com uma pressão nos faz ficarmos de joelhos, tento me levantar só para sem empurrada novamente para baixo, eu estava me sentindo tão humilhada e com raiva que minha respiração estava acelerada e sentia pulsar em meus ouvidos. Ergui meus olhos e vi um homem com os cabelos negros e grandes pares de olhos azuis como o oceano olhando curiosamente para nós duas largadas no chão como se fossemos dois sacos de lixo, deveria ter a mesma faixa etária dos nossos raptores, começo a olha-lo com a mesma curiosidade, ele estava usando uma calça preta e um cinto com alguma armas al��m de uma longa espada que espero eu não seja usada em nós, na parte de cima ele tinha uma blusa de manga longa azul que combinava com a cor dos seus olhos, por cima da blusa havia tipo um colete com um símbolo com vários Sóis um dentro do outro circulado por fortes raios que pareciam estranhamente vivos.

Arns inclina a cabeça e olha de mim para Carrie com seriedade e frange as sobrancelhas ao nos analisar.

— Que espécie de Darkness são vocês?

Eu e Carrie desviamos nossas atenções Erns e olhamos uma para outra, esse homem é louco? Carrie volta de novo sua atenção para Erns e junta as sobrancelhas.

— Dark o que?

Erns inclina sua cabeça para trás e volta com um sorriso no rosto, ele desembainha a espada e num piscar de olhos estamos de joelhos com uma espada afiada em nossos pescoços, eu grito de espanto e Carrie arregala os olhos segurando a minha mão.

— não se façam de desentendidas, a dois dias Darkness invadiram o reino e saquearam o palácio fazendo vitimas por onde passavam, perdemos mais de cem pessoas inocente e temos mais cem crianças órfãs espalhadas pela cidade, mal estávamos conseguindo manter as pessoas vivas por causa do racionamento já existente e agora vamos ter que racionar ainda mais, então vocês vão me dizer quem são vocês e quem está mandando fazerem isso ou vão ter o pior tipo de morte que poderiam sequer sonhar em ter.

Neste ponto eu não aguentava mais, não podem nos acusar de uma coisa de fizemos fui paciente até agora porque fomos achadas na floresta e não nos conheciam mas ser acusada por algo que nem imaginávamos o que seria era demais, tinha receio de nos fizerem mal mas eles claramente não estão nem ai se vão nos machucar ou não, então eu tinha que nos defender era nossa única chance, com uma coragem que nem eu sabia que tinha eu me levantei devagar ainda com a espada no pescoço, sinto Carrie puxar minha mão para baixo mas continuo me levantando sentindo todos os olhares se voltarem para mim, vejo guardas se aproximando mas Erns dá um sinal para se afastarem, tento manter minha voz a mais firme possível apesar do medo que estava sentindo por dentro, ergo minha cabeça e olho diretamente para Erns que me olho com expectativa e curiosidade.

— Eu sinto muito pelo que estão passando, mas Carrie e eu não temos nada a ver com isso nem sabemos o que é Darkness ou algo assim, o que sabemos é que em uma noite estávamos em nossa casa na terra e entramos em um circulo feito com algum tipo de pó negro e no outro dia acordamos em uma floresta estranha linda por sinal que nem sabíamos que existia, até sermos raptadas por esses sujeitos e estamos aqui sendo interrogadas por uma coisa que não fazemos ideia do que seja ou como aconteceu, só queremos voltar para casa e pra nossa vida sem graça e pacata na pequena cidade de Buford e esquecer que esse dia sequer aconteceu.

Eu falo tudo sem pausas e todos me olham assustados vejo que Riven deu até um passo para trás após ouvir toda a nossa história Carrie também se levanta e fica do meu lado olhando diretamente para Erns com a respiração acelerada. Esperamos alguma reação dele, talvez até um pedido de desculpas, mas não esperava o que ele iria fazer a seguir. Erns começou a rir muito, do tipo gargalhadas e bater palmas, Riven ainda permanecia rígido ao nosso lado e ninguém mais achava graça da situação além de Erns. Limpando as lagrimas dos olhos ele se vira para nós duas e acalma a respiração.

— Como vocês são engraçadas a tempos não ria desse jeito, serio, vocês acharam que eu iria cair nessa, nossa esperava mais de vocês garotas bom eu tenho que admitir que você, — ele diz olhando para mim com tom de gozação — tem realmente uma imaginação muito fértil para inventar uma história dessas.

Carrie aperta a minha mão e range os dentes ao meu lado eu estou prestes para pular na garganta desse homem é sério.

— mas para mentir vocês tem que saber dos fatos antes, esse pó que vocês falaram não existe mais a uns dezoito anos e de maneira nenhuma um terráqueo sobreviveria a essa transição então vocês poderiam dizer a verdade e parar de falar idiotices antes que eu perca a minha paciência.

Fico em choque em saber que não estavam acreditando no que falei Carrie enrugou as sobrancelhas e acelerou ainda mais a respiração se é que era possível.

— Mas estamos falando a verdade, nós...

Carrie é cortada por Erns que bom, parece ter perdido a sua paciência.

— Chega prendam-nas no subsolo não as alimente e nem dê água para elas vamos ver quanto tempo vão aguentar enquanto veem uma a outra morrer.

Fomos cercadas por guardas que nos agarraram pelos braços e nos arrastaram, vi Erns dando um pequeno saco de recompensa para Riven que estava olhando diretamente para mim, ele enruga as sobrancelhas e abaixa a cabeça como me dissesse desculpa depois deu meia volta e saiu portão a fora seguido pelos outros homens, neste momento me desesperei não sabia o que iriam fazer conosco ou quanto tempo iriamos aguentar, tudo parecia estar acontecendo em câmera lenta, olhei para o lado e vi Carrie lutando para se libertar dos guardas tudo inutilmente, os guardas nos arrastaram até um portão de ferro no chão ao lado do que parecia ser o tal palácio, não tive muito tempo de admira-lo uma vez que estava sendo arrastada por incontáveis lances de escada em forma de espiral em um enorme corredor cercado por celas em todos os lados com todo tipo de pessoas dentro e seres que eu nunca tinha visto antes, de pequenas criaturas com uma mistura de gato com formato humanoide de um anão, até enormes criaturas negras com asas e garras finas e tão espessas quanto as espadas que estavam nos guiando para nossa própria cela.

Ao final de uma curva havia um gruta com duas celas flutuando no ar sobre um enorme lago de águas negras, o lugar cheirava a podridão e pensei ter visto sombras negras na água olhando diretamente para mim. Arns se de uma alavanca e a puxou, ac celas começaram a se mover e parar bem diante de nossos p���s, os guardas as abriu e fomos arremessadas para dentro sem nenhum cortesia. Me levanto rapidamente e volto para a porta da cela já trancada e começo a tentar abri-la, estava desesperada e precisava de uma solução, não que tentar abrir uma cela toda revestida de barras de ferro fosse ela. Erns sorri e puxa a alavanca de volta, e as celas começam a se mover novamente agora com Carrie e eu dentro delas, para o meio do rio.

— Sejam muito bem vindas ao novo lar, espero que gostem da estadia, talvez eu volte mais tarde se não me esquecer, e tenho o péssimo costume de esquecer as coisas, eu venho para ver se resolveram dizer alguma coisa, até lá podem pensar ou tentar fazer amizade com as seus pequenos amiguinhos que moram no rio, mas tenham cuidado eles tem o péssimo habito de esquecerem quem é amigo e quem é refeição.

Eles começam a avançar para a saída, e à medida que avançavam minhas esperanças iam se desvaindo e afundando na escuridão, ouço Carrie tentando inutilmente abrir a porta também. Já sentindo as lagrimas arder nos olhos, e raiva se espalhar pelo meu corpo para te bater na cela e agarro as barras com força, olho para Erns quando já está na porta.

— Esperem não podem fazer isso, somos inocentes do que quer que esteja nos acusando.

Ele sem nem olhar para trás, dá uma risada e continua avançando.

— Ah minha querida podemos fazer o que quisermos.

Carrie para de bater nas grades e se senta no chão da cela com as mãos nos joelhos enquanto a porta da gruta é fechada nos deixando numa completa escuridão perco minhas forças e me ajoelho no chão, fecho meus olhos e desejo do fundo da alma que quando torna-se abrir eu estaria de volta a nossa casa e que tudo isso não passou de um pesadelo muito louco, mas quando abro os olhos novamente só vejo escuridão.

X

Já fazia algum tempo que estávamos ali, não sabíamos se tinham se passado horas ou minutos ou até se era dia ou noite apenas o que se ouvia naquele lugar era o som dos nossos estômagos ansiando por comida, e o som de uma Carrie totalmente irritada tentando miseravelmente abrir o cadeado da cela com um grampo de cabelo e bom, não preciso falar que ela não estava nem perto de conseguir, tínhamos que sair dali ou morreríamos de fome, ninguém viria nos resgatar então tínhamos que dar um jeito nós mesmas. Estou sentada com a cabeça encostada na grade da cela tentando pensar em uma solução plausível para abrir a cela e não cair naquele lago estranho, mas nada vinha a minha mente. Suspirando estico as pernas e coloco a mão na barriga que insiste em me lembrar que ela precisa de comida.

— Carrie, faz horas que você está nisso, desista não tem como abrir essa porcaria.

Carrie para o que está fazendo e coloca a cabeça na grade da cela, fechando os olhos ela solta um longo e exausto suspiro.

— Simplesmente não tem como, é o nosso fim é isso, vamos morrer de fome aqui e nem uma porcaria de cadeado eu não consigo abrir, nos filmes faz parecer tão fácil, mas que droga!

Carrie joga o grampo com toda força e acaba passando entre as grades da cela e caindo no lago, e lá se vai a nossa última esperança por mais improvável que fosse conseguir abrir a cela com ela, suspiro novamente e coloco as mãos na cabeça enquanto Carrie olha fixamente para onde ela tinha jogado o grampo como se pudesse traze-lo de volta com a força do pensamento.

— Tudo bem — me levanto com certa dificuldade e coloco as mãos na cintura — chega de lamentações temos que sair daqui de uma forma ou de outra ou morreremos de fome ou sede.

Carrie olha para mim e levanta as sobrancelhas, eu ignoro aquele olhar de falta de esperança e começo a pensar nas possibilidades, fico nessa por alguns segundos até que o grampo de cabelo que Carrie jogou no lago é jogado de volta para sua cela. Olho espantada para Carrie que também está com os olhos arregalados observando o grampo de cabelo, me aproximo da barra e olhando para o lago consigo ver algumas formas se movendo dentro dele, eram formas humanoides mas pela espessura escura da água não conseguia ver mais que leves contornos e formas, olho para o lado e vejo que Carrie também está observando o lago com curiosidade e medo. Acabo de ter uma ideia, mais uma estupida ideia, mas que pode realmente resultar em alguma coisa boa como nos livrar das celas por exemplo, lembro-me das palavras de Erns ao descrever as criaturas e os seus hábitos alimentares e só de pensar nisso já sentia um enorme tremor em meu corpo, mas era a única chance que tínhamos sem pensar duas vezes para não me arrepender e deixar essa ideia maluca, me aproximo mas das barras e as seguro com força como se me apegando a elas, pudesse me dar mais coragem.

— Olá??

Carrie olha para mim assim que abro a borra e arregala ainda mais os olhos, e me encara como se tivesse nascido um segundo nariz na minha cara.

��� O que está fazendo ficou louca, não se lembra o que aquele psicopata falou dessas coisas que moram no lago?

Desvio meus olhos do lago e agora encarando Carrie tento parecer segura com minhas palavras tentando passar a ideia de que eu estava totalmente certa do que estava fazendo.

— Eu sei que parece loucura e bom, pode apostar que eu me lembro muito bem do que Erns falou, mas se essa for a nossa única chance de sair daqui deveríamos tentar certo? E de uma forma ou de outra acabaríamos morrendo de fome e sede mesmo.

Carrie para por um momento e continua me encarando, ela abaixa a cabeça e quando levanta de novo ela está assentindo.

— Isso é loucura, tudo bem, mas tome cuidado.

Respirando fundo tento fazer contato mais uma vez, mas não recebo nenhum sinal de resposta. Depois da centésima tentativa encosto a testa na grade e fecho os olhos já desistindo daquela ideia quando vejo uma sombra na água que quando percebe que eu podia vê-la se esconde novamente. Eu não entendia porque estavam agindo daquele jeito se essas criaturas eram realmente como Erns descreveu não vejo motivo para se esconderem, a não ser que ele só queria que ficássemos com medo e não escapasse, mas porque nos colocou aqui nessa cela separado de todos os outros prisioneiros se ela não fosse segura? Droga! Todo esse raciocínio estava acabando com minha cabeça, eu tinha que gastar os meus neurônios em pensar em abordagem com que as criaturas do lago não sentirem medo e viessem nos ajudar, mandando aqueles questionamentos para longe eu tento minha milésima tentativa de contato.

— Olá? Vocês podem me ouvir?

Carrie a essa hora já tinha perdido as esperanças e estava deitada no chão da cela com os olhos fechados, eu tive que chamá-la algumas vezes para ter certeza de que estava viva.

— Lauren pare, tudo bem? Talvez Erns volte e perceba que estamos falando a verdade e nos tire daqui.

Olho para Carrie e reviro os olhos não acreditando que ela realmente ainda pensava na possibilidade de que aquele idiota viria nos libertar e ainda daria ouvidos no que falávamos, olho profundamente para o lago novamente e sinto minhas esperanças se esvaindo junto com minhas forças. Não posso desistir agora, não quando essa é nossa última esperança, mas não sabia como poderia chamar a atenção das criaturas do lago que estavam bastante assustados com nossa presença, já cansada de tanto tentar e com uma fome que estava me deixando tonta sinto lagrimas pinicarem e arderem meus olhos, vou tentar uma última vez se não vierem vou ter de aceitar o fato de que esse é o nosso fim. Agarrando nas grades da cela me levanto novamente e apoiando minha cabeça e com minhas últimas forças olho para o lago.

— Eu sei que estão tão assustados quanto nós, mas não vamos fazer mal algum para vocês, eu não sei porque estão aqui e nem vou julgá-los ­— percebo uma pequena movimentação na água e decido continuar — Erns disse que vocês eram criaturas perigosas mas não acho isso, acho que só são mal compreendidas assim como nós, eu e minha amiga precisamos sair daqui ou morreremos de fome então por favor, eu suplico, nos ajude.

Carrie olha para o lago agora com um olhar de esperança, também estou com grande expectativa esperando qualquer sinal, qualquer coisa, mas nada acontece eu olho para Carrie e ela acena a cabeça negativamente juntando as sobrancelhas como se dissesse que pelo menos tentei. Quando estou prestes a me acabar de chorar ouço um barulho de água, Carrie e eu rapidamente olhamos de volta para o lago e foi quando vimos surgirem aos poucos grandes criaturas, elas tinham um formato humanoide na parte superior do corpo enquanto a outra metade era mais parecida com peixe, eu sei o que está parecendo mas não eram sereias, bem não as que estou acostumada a ver nos desenhos e filmes, elas eram muito mais majestosas.

As criaturas tinham uma cor dourada que me lembrava ouro puro e limpo, os olhos eram grandes orbitas negras, o nariz eram pequenos e delicados buraquinhos como as dos peixes e a boca eram grandes e carnudas, tinham longos e delicados braços e o restante do corpo era como peixe, um lindo e dourado peixe. Aos poucos as criaturas meio sem jeito e com medo foram surgindo do lago para a superfície, sinto que a qualquer movimento falso poderíamos assustá-los e perderíamos nossa oportunidade, mesmo diante daquelas lindas e exuberantes criaturas tento me manter calma e passar algum tipo de segurança para eles, ainda que receosa.

— O-Olá fico feliz que tenham me ouvido, eu me chamo Lauren e essa é a minha amiga Carrie. ­— olho para Carrie que silenciosamente faz sinal para eu continuar ­— na verdade nós não somos daqui, somos da terra e por um engano acabamos sendo presas e viemos parar aqui. Por favor precisamos da ajuda de vocês para sairmos daqui.

Uma das criaturas se aproximou da minha cela, ela era diferente das outras por ter uma coloração mas próxima do rosa, ela usava uma coroa na cabeça então presumo que deveria ser a líder ou rainha deles ou algo assim, quanto mais se aproximava, me sentia completamente pasma e encantada por sua beleza, ela então segurou uma das barras e se aproximou de mim instintivamente me aproximei da grade da cela, ela então colocou sua testa na minha e por uma estranha razão eu não conseguia sentir medo só a admirava. Ela se afasta de repente e continua me encarrando, mas parece estar espantada e confusa, olhando entre Carrie e eu.

— Duas almas, quatro ligações, um imenso poder, trarão salvamento ao mundo ou sua completa destruição? Não sei, não sei, mas quando o círculo de sangue negro cobrir a lua estaremos todos perdidos.

Tento entender aquelas palavras pensando em como elas nos ajudaria sair daquela confusão, olho para Carrie e ela está com um rosto confuso olhando entre mim e a rainha na minha frente. A rainha se afasta me deixando totalmente confusa com suas palavras, o que isso significava? Ela então dá um sinal emitindo algum som estranho e então uma outra criatura vai até a alavanca e a puxa as celas começam a se mover e tenho que segurar nas barras para não cair com o inesperado movimento, somos levadas até a margem do rio e nossas celas são abertas. É isso estávamos livres, corre para abraçar Carrie e sinto uma enorme tranquilidade quando a sinto em meus braços, nos soltando eu volto para o lago e vejo que as criaturas ainda estão lá, sem excitação me aproximo do lago com Carrie logo atrás de mim, a rainha vem ao nosso encontro junto com outras duas criaturas uma de cada lado. Quando param ficam nos encarando, rapidamente eu me ajoelho e faço reverencia puxando a Carrie junto que faz a mesma coisa, eu não sei explicar, mas parece que eu sabia exatamente como agir.

— Agradecemos muito a sua ajuda, hum... rainha, o que poderíamos fazer para ajudar?

A rainha que estava nos encarando vira as costas e vai saindo, olho para Carrie que está muito confusa ao meu lado. Quando está prestes a mergulhas nas águas escuras do lago a rainha para e nos encara novamente.

— Só fiquem o mais longe possível de nós.

Com isso ela entra no lago seguida de todas as outras criaturas fico alguns segundos olhando para o lugar onde eles estavam quando a Carrie me puxa pelo braço me fazendo ficar de pé.

— Tudo bem, não vá me dizer que você realmente estava entendendo o que aquela coisa falava.

Olho espantada para Carrie, como assim ela não estava entendendo o que a rainha falava? Ergo a sobrancelha e inclino o meu rosto agora olhando totalmente pasma para Carrie.

— É claro que eu estava entendendo o que ela falava você não estava?

Carrie olha para mim e nega com a cabeça, depois suspira olhando para a porta.

— Tá depois conversamos sobre isso agora precisamos sair daqui — a minha barriga solta um longo e doloroso protesto, não nos fazendo esquecer o principal. — E bem... como sua barriga lembrou, arrumar alguma comida.

Assentindo vamos em direção da porta que estava destrancada, sinto uma vontade incontrolável de rir, é parece que Erns nos subestimou e nunca imaginou que poderíamos escapar deixando até a porta aberta. Com cuidado e pressa passamos pelos corredores cheios de celas e recebemos muitos olhares curiosos e muitos pedidos de ajuda que tivemos de ignorar porque não dava para ajudá-los. Subindo os longos e exaustivos lances de escadas chegamos até uma porta, olhei para Carrie que estava com a mão na maçaneta e com muito cuidado abriu a porta, tudo bem... e agora, para onde vamos? Essa porta não foi a mesma que nos levou para a prisão, já que estamos em um longo corredor que não sabíamos para onde iria dar. Andamos poucos passos quando alguém saiu pela porta e chamou nossa atenção.

— Ei para onde vão?

Quando viramos damos de cara com um homem enorme que parecia bem bravo e frustrado, fecho os olhos e suspiro, mas será possível, que maravilha.