Ficava inquieta em não saber quem estava me causando tanto espanto, então com os braços e pernas trémulas eu me levantei bem devagar e de costas para aquele indivíduo amedrontador, quando me virei e olhei para aquele homem eu me acovardei ao ver que em sua veste havia o brasão dos caçadores.
Ele tentou se aproximar de mim mas cada passo que ele dava eu recuava um, tinha a certeza que e ele estava falando algo enquanto tentava se aproximar, porém as batidas do meu coração eram tão forte e rápidas que tampava a minha audição e, estava tão assustada que não conseguia olhar fixamente em seu rosto.
Meus olhos ficaram repletos de lagrimas, o medo da morte havia tomado meus pensamentos e com ele vinha a pergunta se eu havia desfrutado o máximo dessa vida.
Estava tentando me afastar vagarosamente dando passos para trás, mas o caçador era insistente e na mesma velocidade que a minha ele estava tentando me conter.
Tinha me concentrado tanto em fugir que esqueci do lago e acabei caindo dentro dele de costas. A imagem de uma paisagem maravilhosa de um segundo para o outro se transformou em um lugar sem oxigênio, e cheio de pequenos peixes que nadavam assustados ao meu redor.
Não conseguia emergir, estava tentando de todas as formas ir para cima, mas não importava o tanto de força e persistência que eu tinha, o resultado era o mesmo, e para piorar estava ficando sem ar.
A agua inundava meus pulmões e a sensação era terrificante e agoniante, a minha visão foi ficando embaçada, e nesse exato momento alguém começou a me puxar para cima.
Ao sair das profundezas daquele lago o brilho estonteante e inconfortável do sol que refletia na agua veio direto em meus olhos, então eu os fechei tentando me defender daquela desagradável sensação, até que percebi que alguém segurava minha cintura com força. E lá estava eu e ele , sobrenadando naquele vistoso lago.
Com os olhos entreabertos, fui capaz de ver meu protetor. Meu corpo estava sendo pressionado contra o dele, sua mão se aproximou do meu rosto e seu toque atencioso e lento tirava alguns fios de cabelo molhados do meu rosto.
Quando abri meus olhos por completo eu consegui contemplar cada detalhe de seu rosto. Ele era estonteante, seus olhos eram cinzas, mas se você olhasse de perto assim como eu, você poderia enxergar pequenos pontinhos pretos, seu cabelo eram escuros assim como o fundo daquele lago. Cada detalhe nele era delicado e ao mesmo tempo tentador.
O silêncio entre nós me trazia sensações estranhas, eu podia estar toda molhada que ainda sentia um calor intenso apenas por estar em seus braços. Inesperadamente um barulho alto se afastava de nós, rapidamente ele desviou seu olhar do meu e eu, bem, fui obrigada a fazer isso também.
Um barulho surgiu e de repente aquele homem me soltou e me deixou afundar novamente, porquê ele me salvaria e depois me deixaria para morrer? Não tinha nenhum sentido.
Quando estava afundando eu pude ver aquele maldito brasão estampado em sua blusa, o homem que me salvou era o caçador que me fez cair no lago. Não tinha noção de quantos instantes aviam se passado, mas novamente ele veio nadando em minha direção e me puxou para cima.
Tentando recuperar o ar eu tentei me soltar dos seus braços, mas ele me segurou ainda mais forte.
- A senhorita não parece saber nadar, então, se quiser sair desse lago viva, não faça bobagens.- Ele falou segurando firmemente minha cintura e encarando meus olhos.– me diga como vai ser, quer sair desse lago respirando ou com os pulmões cheios de agua?
Ele estava completamente certo, eu não tinha outra opção a não ser confiar minha vida a ele. Isso era frustrante, odiava ser a donzela em perigo e para piorar meu herói era um assassino.
- Me leve até a ribanceira do lago caçador e posteriormente me deixe seguir meu caminho sozinha – falei com repulsa em minha voz e olhar.
Ele contraiu seu maxilar percebendo o julgamento em meu olhar. Detidamente seu polegar acariciou minha pálpebra inferior com afeto.
Um toque tão suave, capaz de fazer meus olhos se fecharem de prazer, só os abri quando as suas palavras chegaram em meus ouvidos.
- Se estivesse aqui para machucar você, não estaria impedindo seu afogamento – Ele parou com aquele toque suave – Acho que, mesmo se estivesse aqui para te machucar, seria incapaz desse terrível erro.
Um silêncio constrangedor ficou entre nós, mas para mim em específico, aquele silêncio era o causador do meu coração bater mais rápido do que o comum e fazer meus lábios formigarem implorando por um beijo.
Ele me encarou com aqueles olhos deslumbrantes e nadou em direção a margem do lago me arrastando junto a ele, mesmo com medo de nunca mais me perder naquele olhar e nem saber o que o tornava tão especial, assim que meus pés tocaram a terra eu comecei a correr para longe.
Estava quase voltando para a floresta a dentro, mas meu inútil coração me mandou olhar para trás. O caçador estava apenas alguns metros de distância de mim, com medo dele me alcançar eu tentei ir ainda mais rápido, virei meu rosto para frente e foi quando dei de cara com um cavalo preto que estava amarrado em um tronco de uma árvore.
Não sabia o que estava doendo mais, se era minha face ou meu tronco que parecia ter um rocha sobre ele. Quando consegui controlar minha respiração já era tarde, o caçador surgiu ao meu lado, ele se agachou com um sorriso tolo.
Enquanto se abaixava podia ver como sua respiração estava ofegante, mesmo assim ele ousava expressar aquela expressão zombeteira que me trazia muita fúria. Percebendo meu olhar fitado no seu, o caçador fez um leve movimento com sua mão que me convidava segurá-la, mesmo estando frustrada, me levantei com sua ajuda ainda contemplando seu irresistível olhar.
-Como pode ser possível uma senhorita necessitar ser salva tantas vezes em apenas frações de minutos? - Ele disse produzindo uma risada com sons graves e que exalava ruídos provocantes.
Já estando de pé, ajeitei minha veste e tempestuosa ergui meu olha para seu desejando mais que tudo ter uma resposta concreta.
- Antecipando minha educada resposta- disse com um sarcasmo óbvio em meio as palavras- eu não necessito de um salvador ainda mais um que carrega estampado em seu peito um símbolo de tanta morte e injustiça- pronunciei com desprazer.
Sua feição mudou com meu infeliz comentário e agora só me restava olhar para aquele maxilar contraído e olhos repletos de raiva, não me arrepia do que falei ao contrário eu sentia muito orgulho de minha pessoa por dizer algo tão corajoso para um homem, afinal ele nem me conhecia. Uma longa expiração ele deu e se aproximou com sua face sombria.
- A senhorita cré ser melhor que minha pessoa e me julga desde que esteve em minha presença, isso tudo em apenas algumas horas - ele deu mais um passo a minha direção- mas saiba que a injustiça de seu julgamento contra minha pessoa também é uma dissimulação de sua pessoa.
- O senhor não tenha a audácia de me dirigir a palavra dessa forma – eu declamei essas palavras com a mais pura raiva e quando estava preste a concluir ele se aproximou ainda mais perto, o caçador estava menos de um palmo da minha frente, seus olhos cheios de escuridão demonstravam seu ódio por mim.
- Audácia é dá sua parte me julgar sendo que seu próprio pai carrega esse símbolo - sua mandíbula se contraía e suas sobrancelhas arqueadas me apresentava uma nova expressão:
A completa fúria.