Olho pela janela e vejo que chuva se acalmou, tomo um banho, visto uma calça jeans escuras, camiseta vinho, blusa preta com toca, tênis, e pego minha carteira e celular.
Desço as escadas e acabo encontrando meu pai na sala.
- Onde vai?
- Preciso sair, não sei para onde.
- Jay! Sei que precisa de esclarecimentos na sua história, que existe lacunas, que precisam ser preenchidas, eu acho que esse é um direito seu.
- Como assim? O que sabe?
- Senta filho, eu vou de contar.
Eu me sento e olho em seus olhos, para observar suas feições.
- Jay! Quando eu de encontrei naquela casa toda suja, você encolhido daquela maneira, com medo de ser tocado, tão machucado, aquilo me quebrou de alguma uma forma que eu nunca imaginei... Ah, graças Deus você não foi tão danificado como eu pensei, havia algumas marcas em seu corpo, outras eram permanente, você foi diagnosticado com QI elevado, mais do que outras crianças da sua idade e poderia ser até mesmo que um adulto, uma memória fotográfica, então eu sei que você lembra de coisas do seu passado que deveriam ser apagadas com tempo, mais suas memórias são vivas aí dentro. Eu descobri que você morou com sua avó Esme, mais ela venho falecer quando tinha um ano de vida, foi aí que você teve que morar com seu pai Neyttan.
- Ele NÃO É MEU PAI. - Digo um pouco alterado, pela forma que ele colocou Neyttan, um monstro como ele, não deve ser chamado assim nunca.
- Desculpa filho! Sua mãe biológica tinha um problema no coração, somente na hora do parto que foi descoberto, assim que você nasceu ela morreu, mais não antes de escolher seu nome... Neyttan não aceitou sua morte, desconto em você a dor que ele sente... Mais você não teve culpa filho. - Eu escuto meu pai falar, mais minha cabeça está um caos essa altura.
De alguma forma sempre soube que Neyttan me culpa pela morte da mulher.
Luccas apenas confirmo algo que já sabia, o que me leva para seguinte questão por que ela é não eu?
- Como se chama?
- Heloísa, ela ama você, lamento por tudo que passou.
- Ela morreu para que eu nasce... Senhor está errado, eu fui mais danificado que aparentando ser... Como se eu fosse vazio aqui dentro.
- Filho?
- Não! - Meu pai tenta me abraçar, mais não consigo deixar. - Eu preciso ficar sozinho.
A minha cabeça parecia um caos, com as novas informações, eu entrei no carro e acelerei para sair dali.
Fui para único lugar que me sentia bem, para píer do outro lado da cidade, ah medida que chegava na rua principal eu acelerava mais, não sabia como colocar sentimentos no lugar, era como se tudo estivesse se arruinado dentro de mim, essa desconhecida que eu nunca ouvi falar, fez muitos sacrifícios por mim, mesmo não sabendo que aconteceria com ela própria, pena que se casou com um monstro.
Logo eu vejo píer, apenas jogo carro para estacionar sem parar.
Saiu do carro, caminho em direção píer, eu estava tão desorientado com as imagens que se forma em minha mente, era como se eu fosse espectador dos horrores que passava em minha frente, eu podia ver Neyttan me batendo com várias coisas que obtinha em mãos, a pior cena de todas, quando ele apagava cigarros em mim, eu me via se encolher, era como se ele tivesse os apagando outra vez, eu sentia tanto color, uma dor tão grande, o olhar dele era vazio, assim como meu é hoje.
Sinto algo molhado meu rosto, somente aí me dou conta que eu estou chorando, cheguei a soluçar de raiva, eu sinto tanta raiva dele.
Como podia ter culpa?