Jeff procurava freneticamente pelo homem invisível, em frente a uma loja de sapatos totalmente aberta.
-Cuidado, tolinho! -A risada ecoou próxima a ele.
Quando se separou dos outros, Jeff correu na direção da praça de alimentação, mas no caminho tropeçou em alguma coisa.
Quando ele ouviu a voz no alto falante, sua cabeça começou a rodar em desespero. Quando ele se deu conta, estava cercado por uma pessoa invisível.
-Eu não ouvi você. -Jeff falou. -Pode repetir?
-Claro que posso. -A voz veio de sua esquerda. Jeff pulou à toda velocidade, apenas para colidir com alguma coisa dura. -Eu disse para tomar cuidado.
-Filho da puta! -Jeff urrou. Seu braço doía.
-Não sou não. Minha mãe trabalhava em um mercado. -A risada provocava Jeff. E ele não conseguia resistir à raiva.
-Cadê você!? -Ele gritou.
-Aqui! -A voz veio de traz dele. Jeff tentou socar, mas atingiu uma parede de vidro.
-Desgraçado... -Jeff respirou fundo, tentando se recompor. O quê estava acontecendo?
-Triste, não é? -A voz veio da frente dele. O homem surgiu em sua frente, assim como os cacos de vidro embaixo dele. A mão de Jeff sangrava com os cortes. -Deixa eu te mostrar isso!
Seu cabelo encaracolado e loiro balançava enquanto ele falava. Seus olhos verdes se focavam friamente em Jeff, enquanto o homem magro e alto ria.
-Mostrar o quê!? -Jeff bradou.
-Agora eu estou aqui. -Ele riu e sumiu. -Ainda estou. Mas estou armado.
Jeff pulou para o lado, alarmado.
-O quê...?
-HAHAHAHA, bobão, era brincadeira. Mas você entendeu meu poder?
-Por que me mostrou? -Jeff perguntou.
-Porquê talvez eu queira fazer uma coisa no futuro. -Ele reapareceu e sorriu. -Quando chegar a hora, lembre de mim. Meu nome é Miragem.
Miragem sumiu outra vez.
-Onde você foi!?
-Estão no corredor do outro lado. Querem você longe dos seus alunos.
Jeff já havia sentido a energia de David. E também a recém reativada de Scott. Miragem não mentiu para ele. Por quê?
Ele se virou e correu na direção da batalha.
Pálida e Velo se debatiam enquanto tentavam se soltar da capa.
-Droga, para de se bater, não vai fazer nada mais fácil! -Pálida gritou.
-Qual seu plano?
-Vamos rolar pelo chão. -Ela disse.
-Isso é idiota! Não vai soltar nenhum de nós.
-Você nem tá preocupado, só quer se esfregar em mim, seu tarado!
-Eu não! Você nem faz meu tipo!
-Não sou boa para você? Você gosta de homens então?
-Não, eu só...
-Vocês dois. -Uma voz chamou.
Ambos paralisaram. Um frio imenso percorreu a espinha de cada um deles.
-O-olá... -Velo gaguejou. -Des-c-c-culpe!
-Fiquem parados. -A voz respondeu.
-Por favor! -Pálida gritou.
Os dois fecharam os olhos, e sentiram a capa sendo desamarrada deles.
-O quê? -Velo murmurou.
-Levantem. -O homem disse. Ele era grande, muito grande. Extremamente musculoso, e seus traços o faziam parecer extremamente agressivo. Seu cabelo castanho longo solto, e seus olhos escuros fitavam os dois. -O quê aconteceu aqui?
-Um cara... Um homem meio mutante e uma garota magnética... -Velo falou. Ele tremia. -Eles correram na direção contrária, para o leste. Dá para ouvir o barulho da luta daqui.
-Eu sei. Queria saber quem parou vocês dois. -O homem olhou para eles. -Agora levantem, e voltem ao trabalho.
-Sim, senhor Blecaute. -Velo abaixou a cabeça.
Pálida tremia, e estava realmente pálida.
Os dois dispararam, correndo na direção da batalha, sem ousar olhar para trás.
Quando se aproximaram, viram Jeff pulando direto do térreo para o segundo andar.
-QUEM VEM PRIMEIRO!? -O homem berrou.
As crianças vibraram com a chegada dele.
Velo disparou até lá.
Nate e Karen chegaram por trás da equipe.
-Atrás! -Majoris gritou.
-Vamos parar e conversar? -Nate questionou.
-Podemos. -Majoris sorriu. -Quem decidiu atacar foram as crianças.
Uma explosão atrás dele derrubou Caimán.
-Jacaré maldito! -Pingo gritou. Ele lutava manualmente contra Ralf e Matt.
-Vocês estão em menor número. -Karen disse. -Se ficar calmo, podemos negociar.
-Sim. Era o que queríamos desde o início. -Majoris falou. -Mas aí o Scott e o Hector tentaram me matar...
-Bem, CESSAR FOGO! -Nate berrou.
-O quê!? -Nathan questionou.
-Eu mesmo vou conversar com a Equipe Majoris.
-Mas eles... -Nathan começou.
-Ótimo. -Jeff o interrompeu. -Crianças, para trás de mim.
As crianças rapidamente se juntaram e pararam.
-Cadê o Julian!? -Hector indagou.
-Não sei! -Erine falou. -Ele tava lutando com a Anne.
-Anne deve ter matado ele! -Martha gritou.
-Não! -Anne gritou. Ela havia parado. -Ele veio, mas aí o jacaré da Oli atacou e ele foi até vocês! Cadê o Paul?
-Paul tá bem! -Trixie gritou. -Eu tô curando ele.
-Mas e o Julian...? -Hector murmurou. Ele percebeu que Pinça não estava mais grudada ao chão. -Cadê a mulher que tava ali!?
-Pinça! -Majoris gritou. -Venha até a gente! Deixe o professor de lado!
No andar de baixo, Julian estava caído no chão, junto de Pinça. Durante o ataque de Caimán, Pinça se soltou e tentou atacar, Julian atacou ela e os dois rolaram pela sacada. Starla, Nosferatu e Tristan estavam ali, se esgueirando. Tristan usou seu silêncio para segurar a mulher e os dois a nocautearam.
-Então o nome dela é Pinça... -Starla riu. -Ridículo.
Julian olhou para a mão dela, que fora substituída por uma robótica que parecia uma multiferramenta.
-Acho que só é sem criatividade mesmo. -Ele sorriu para Starla.
-Pois é. -Ela baixou o olhar.
-Esperem! -Majoris gritou no andar de cima. -Antes de tudo, saibam que seu professor está bem. Ele apenas não dormiu direito. Mas está bem!
-Filho da puta me forçou a ficar acordado. -Julian falou.
-Malditos... -Tristan sussurrou. -Pelo menos não vão ouvir os diabretes do Rory.
-Por quê?
-Eu ajudei ele a invocar. Então eles têm parte do meu poder. -Tristan sorriu.
-Certo. Vamos esperar. -Julian disse.
-Bem, vamos aos fatos. -Majoris disse. -Meus colegas mais importantes na organização exigem que quatro dos Mirai vão até ele. Dois meninos e duas meninas.
-Para quê? -Nate perguntou.
-Eles querem algum que seja elegível como receptáculo.
-Receptáculo?
-Loucura daquele Oblivion. Ele acha que as crianças podem ser transformadas em entidades! Ele só precisa ver que elas não podem e vai mandá-las para vocês em segurança!
-E como eu posso confiar em você?
-Eu posso te levar junto. Totalmente desamarrado e livre para se defender em qualquer caso!
-Não. -Nate disse. -Nenhuma criança vai em lugar nenhum.
-Mandem a Anne! -Martha gritou. -Ela já odeia todos os amigos mesmo!
-Martha. -Hector chamou. -Para com isso. Você não ajuda nenhum de nós agindo desse jeito.
-E se eu for!? -Olívia perguntou.
-Parece bom. -Majoris falou. -Se possuir a marca dos Mirai, então é um deles e está livre para ir.
-Eu tenho. -Ela respondeu.
-Eu também. -Olívia disse. -Eu traí eles mesmo, não vão se importar.
-Para, Anne! -Paul gritou.
-Deixa ela! -Martha interrompeu.
-Parem! -Hector gritou.
-Fiquem todos quietos! -Claire berrou.
Silêncio.
-Gente... -Olívia disse. -É minha culpa que vocês tenham se encontrado com a Gyazom.
-Não é não. -Max gritou.
-É sim. Vocês encontraram a gente naquela noite em que o Niccolo tava procurando um abrigo para mim.
-Mas Oli... -Anne chamou. -Não é sua culpa!
-É verdade! -Zack gritou. Hector ficou com medo do garoto expor seu encontro com Aureus. -Fui eu quem esqueci meu celular lá na casa da dona Erika. Acho que foi o destino que fez a gente se encontrar.
-Calma, galera. -Claire disse. -Precisamos escolher quem vai com eles. Vamos mandar os mais fortes.
-Olívia, eu vou com você. -Karen disse.
-Jeff e o Nate podem ir então? -Nathan disse.
-Podemos. -Jeff assentiu.
-Venha! -Majoris gritou para uma pulseira que ele usava. -Nosso transporte está vindo.
-Crianças... -Jeff disse. -Fiquem todos calmos. Encontrem a Starla, e não nos procurem.
-JEFF! -David gritou. -NÃO!
-Sim. -Jeff olhou para David. -Sejam fortes. -Ele piscou com o olho esquerdo. David imediatamente entendeu.
O espaço de dentro da loja ao lado deles se distorceu, rodou e então Trincheiro surgiu de lá, seguido de um homem com capa rosa.
-Trincheiro e... -Majoris arregalou os olhos. -Senhor Naja!?
-Sim. -Naja respondeu. -O próprio.
-Que merda... -Jeff falou. -Nate! O blefe foi por água abaixo!
-O quê? -Nate perguntou. -Por quê?
-Um capa reluzente. -Jeff contou.
-Fodeu. -Hector murmurou. -Galera, preparem pra descer o cacete sem dó!
-Hora de meter o pau. -Max falou.
Uma ventania começou a soprar ali dentro.
-Ah, galerinha. -Majoris riu. -Eu esperava que vocês fossem tentar algo. Mas sabem que perderam.
-Naja. -Jeff chamou. -Você e eu. Lá fora.
-Uma briga? -Naja riu. Seus olhos verdes como os de uma cobra se focaram em Jeff. -Quem é você?
-Sou o treinador dos Mirai. Meu nome é Jeff.
-Vai ser uma honra, Jeff.
-Jeff... -Hector chamou. -Isso é suicídio!
-Eu estou pronto. -Jeff falou. -Eu perdi para Atlas. Mas aquilo me fez mais forte.
-Sobreviveu a Atlas!? -Naja riu. Seus dentes pontudos reluziram. -Isso é curioso. Somente um idiota enfrentaria ela. E somente um sortudo sairia vivo.
-Você foi um sortudo? -Jeff sorriu.
-Não. Eu não sou um idiota.
-Ótimo. Vamos.
-Esperem! -Majoris gritou. -O garotão aqui não estava blefando, estava, Nate?
-Eu não estava. Eu vou com vocês.
-Mas você não tem a marca dos Mirai! -Nathan gritou.
-IDIOTA! -Heather berrou.
-Ah, não tem? -A voz de Blecaute ecoou de trás de Nate.
-O quê? -Nate perguntou.
Blecaute surgiu atrás dele, junto de Miragem, Velo e Pálida.
-Então não tem problema em te matar. -Blecaute falou.
-Karen sai daqui. -Nate avisou.
Blecaute olhou para ele com uma expressão violenta e sanguinária.
-Blecaute! -Naja gritou. -Logo eu volto aqui. É bom que você não tenha matado ninguém na minha presença.
-O quê?
-Sabe que as consequências serão severas, não sabe?
-Quieto! -Blecaute bradou.
-Não. -Naja respondeu. -Esteja avisado que sua vida será acabada se me desafiar.
-Merda...
-A divisão especial é forte, mas não o suficiente para me matar. -Naja bradou. -Ouse fazer isso e você está acabado.
-ENTENDI, CARALHO! -Blecaute berrou. -DÁ UM JEITO NESSE FODIDO LOGO.
-Briguem mais! -Nate gritou e avançou contra Blecaute, que o segurou pelo pescoço.
-Não. Não vamos brigar mais. -Blecaute franziu o rosto.
Naja invocou uma enorme serpente, que destruiu a parede e saiu. Naja disparou para fora, e Jeff correu atrás dele.
-Ah, que tédio... -A voz de Hikiro veio dos alto-falantes. -Venha, Olívia.
Olívia disparou correndo pelos corredores do Shopping, seguida por Erine.
-Você... -Nate grunhiu. -Vai... MORRER! -Seu rosto se tornou o de um vampiro.
-Não, não vou. -Blecaute respondeu.
Sua mão se fechou, e o pescoço de Nate desapareceu. Seu corpo desabou no chão, sem a cabeça, que caiu distante dele.
-NATE! -Nathan gritou, se transformou e avançou contra Blecaute.
-Que coisa nojenta. -Blecaute disse.
As crianças gritavam e corriam em pânico. Nathan tomou um chute no estômago e caiu. Como um homem grande como aquele era tão ágil?
-Vão desistir ou vão lutar até cair? -Majoris perguntou.
-MIRAI! -Hector berrou. A confusão por um momento se conteve. -JUNTEM-SE! VAMOS LUTAR!