Naquela noite, Louisa Summers — a garota que carregava um enorme cargo consigo — não parava de admirar a bola acinzentada e claramente visível no céu escuro e estrelado de Los Angeles, Nova York.
Ela amava a lua como nunca. Era tão fascinada que as vezes para ela mesma chegava ser tão assustador adorar uma coisa que há anos, em todas as noites e estações possuia diferentes quatro fases.
Mas não era a lua que ela encarava da janela do seu quarto que lhe incomodava, era a sua expulsão da escola Foster que lhe preocupava. Era claramente óbvio que ela estava aliviada por Camilly Foster não fazer mais parte de sua vida, mas ficar sem os seus amigos era uma coisa que ela claramente se importava. Não que Louisa Summers ficaria sem os seus amigos de vez, assim do nada, mas não frequentar mais a mesma escola que eles era uma completa dureza para ela. Era como uma flexada em seu coração.
Desde que eram pequenos, os mesmos estudavam juntos e agora os separarem assim era de morrer pensou suspirando completamente perdida.
Mas a sua linha de questionamento não durou por muito tempo, pois seus pais já haviam chegado e estavam lá em baixo, na sala, chamando-a para conversar sobre um assunto do qual ela já sabia a muito tempo e que tinha conhecimento. Mas, a promessa do seu irmão ainda estava de pé, ele não iria ficar longe dela e ela sabia muito bem disso tanto que sem mais delongas, calçou-os suas pantufas coloridas e foi ao encontro dos seus pais.
Chegando lá, a mesma encontrou o seu pai, Marccelo Summers, tentando se livrar de mais uma de suas gravatas roxas, enquanto a sua mãe tentava se livrar o mais rápido possível de uns de seus sapatos brancos de salto agulha quinze extremamente afiados. E seu irmão idiota esparramado no sofá, era como se o mesmo já fizesse parte dele. Do móvel em si. Lorenzo poderia ser o próprio sofá em pessoa naquele doce raros momentos e em outros também.
Summers era uma família bem sucedida, todos com uma carreira incrível, sempre dedicados no que faziam. Loretta Summers por exemplo, era uma grande médica da sua cidade, a melhor aliás pois era assim que todos haviam. Ela nunca perdeu um paciente na sua sala de cirurgia. Além de ser dona de uma beleza quase incomum e incrivelmente cativante Loretta Summers possuía inacreditáveis sardas em seu rosto, sardas que só pessoas ruivas possuíam e por herança familiar Louisa havia herdado um pouco de sua beleza preto-avermelhado enquanto seu irmão, Lorenzo, havia herdado toda a beleza Summers, especialmente a do seu pai, um homem encantador e de origem Mexicana, Marccelo Summers, carregava consigo cabelos encaracolados bem cacheadinhos e negros, dono de um maravilhoso par de olhos verdes claros e um grande Ceo investidor de grandes tecnologias e que agora a encarava um com enorme sorrisos nos lábios.
— Então quer dizer que a minha doce menina brigou outra vez na escola? — disse seu pai se sentando no sofá todo esparramado, empurrando o seu irmão para o lado com as expressões de cansaço bem estampadas sob seu rosto. Os dois eram completamente idênticos, pensou ela enquanto os olhava. A única diferença era que seu pai tinha o do porquê estar cansado, já seu irmão não. Ele só era um ser preguiçoso — Só que desta vez foi expulsa — suspirou — Então... O que houve?
— A Camilly Foster foi o que houve. Louisa a agrediu novamente. Deu uma voadora na garota pelo o que eu fiquei magicamente sabendo, arrancando um ponhado de sangue, deixando-a sem os dentes da frente, tadinha da Camilly — Lorenzo falou por ela enquanto imitava uma voadora que nunca aconteceu extremamente empolgado com seu ato falsificado e cheia de mentiras absurdas — A garota está traumatizada.
— Eu não dei nenhuma voadora nela — esclareceu — Eu apenas me defendi.
— Mas não deixou de dar um tapa de direita nela, não foi? — insistiu.
— De que lado você está? — Louisa perguntou a ele, confusa — Do meu lado ou do lado da sua namoradinha mimada, sem graça e sem sal?
— Sou imparcial — diz com desdém — Vocês são malucas. Nunca as entenderei. Mulheres? — sorriu — Isso vai além da minha compreensão, masculina. E ela não é a minha namoradinha, ela é só uma garota que não sai do meu pé.
— Como se você não fosse.
— Não sou eu que falo com mortos aqui.
— Lorenzo… — Seu pai lhe chamou a atenção, repreendendo-o.
Ele revirou os olhos. Pois sabia que estava interrogavelmente errado em relação a ela.
Ele havia pegado bastante pesado desta vez.
Julgar Louisa por ver coisas, sentir coisas e fazer coisas que ela claramente não entendia o do por quê era mais do que errado, era uma tremenda de uma hipocrisia consigo mesmo, pois ele, o garoto mais cobiçado de Nova York na sua bela carreira de estudante também via coisas extremamente bizarras. Só que ao contrário de sua irmã, ele sabia muito bem esconder e lidar com isso sozinho sem psicólogos no meio e sem mais pessoas para encherem o seu saco. Algo que deveria ensinar a ela.
— Está bem. Desculpa, Louisa. Foi mal, está bem? — sorriu — Eu não queria lhe dizer essas coisas... Eu foi um idiota!
— Hum... auto reconhecimento seu? — sorri debochada — Incrível. O mundo merece ouvir, nos garotas merecemos, de garotos idiotas como você.
— É por esses motivos e outros que eu não sou muito legal contigo — deu uma piscadela para ela antes mesmos de se levantar indo para cozinha comer algo.
— Ok. Vamos parar por aqui — disse Marccelo borcejando — Vocês já foram expulsos mesmo, agora já não tem mais volta e como eu conheço muito bem a sua mãe, ela deve ter xingado dos pés a cabeça a Sra. Jones. A impedindo-a de deixar vocês voltarem para lá de tão ofendida que estava. Ou eu estou errado? — perguntou olhando para a mesma que estava pouco se importando com as acusações do seu marido.
— E errado você não está... — disse revirando os olhos — Aquela mulher é um ser repugnante, sabia? Eu tive que me controlar para não bater nela. Você acredita que ela teve a audácia de dizer na minha cara que a Louisa, a nossa filha era uma garota maluca da cabeça?
— Você deveria ter matado ela — disse concordando com a esposa. Mas, suspirando de alívio bem lá no fundo, pois ele sabia muito bem que se a sua mulher perdesse finalmente o controle a Sra. Jones estaria morta como vários hematomas anormais em seu corpo, a polícia estaria procurando o assassino, eles teriam que se mudar e começar uma nova vida em outro país, com as maravilhosas memórias do seus filhos apagadas novamente por Morganah Griffer e ele não queria isso.
— Eu deveria mesmo — Se levantou do sofá vermelho onde estava sentada indignada — Ninguém chama os meus filhos de loucos e sai assim impune. Eu sei que eles são, mas ninguém precisa ficar jogando na minha cara — disse brincando, rindo dos seus filhos que a encaravam sérios.
— Mãe... — eles a chamaram.
Ela sorriu.
— Ser maluco. É ser diferente, e ser diferente é ser um ser extremamente extraordinário, fantástico, ousado... O mundo não é digno da nossa lucidez, ser normal é pra gente fraca que tem medo de ser feliz. Ser maluco é ser feliz sem limites. Mas, enfim... — ela suspirou — Não deixem que pessoas normais atrapalharam a sua felicidade — terminou olhando para sua pequena criança com sardas no rosto — Você não é maluca ou estranha, Louisa. Você apenas não é uma pessoa normal. E isso é muito bom, na verdade é maravilhoso — sorriu abraçando-a.
— Obrigada, mãe.
— Ai — Lorenzo entrou na sala com seu balde de pipoca, fingindo estar em emoções com aquela cena — Agora eu quero ser um doido de pedra também. Eu quero ser feliz.
— Certo — Marccelo começou rindo da declaração zombeteira do seu filho — Você e eu vamos bater um papinho de pai e filho um dia desses, vou te ensinar algumas coisinhas — disse apontando para o mesmo.
— Eu estou ansioso — respondeu.
— Não me provoque, garoto — sorriu se levantando e olhando para a filha — A sua mãe está certa. Ser normal é um tremendo pé no saco. Então seja louca, ainda vou amar você — disse beijando o topo de sua cabeça — Agora mocinha eu preciso realmente ir dormir, e acho melhor vocês dois irem fazer o mesmo, uma nova escola esperam por vocês... Ah, não se preocupe; seus amigos estaram com você lá.
— Sério? — sorriu esperançosa.
— Sério — sorriu de volta — Agora vai dormir.
— Obrigada, pai — A mesma gritou sorrindo, subindo as escadas correndo deixando os outros para trás.
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Quando todos da família Summers se preparavam para ir dormir, em algum lugar de Nova York.
Alice Hunter, a filha da noite gritava desesperadamente, na escuridão do seu quarto, em sua cama, enquanto seu irmão a segurava com toda força.
Ela se debatia tremendamente, com uma força descomunal e inacreditável, com seus olhos fechados, ele lutava contra ela.
— Eu não consigo — ela chorou gritando, se debatendo — Ela está morrendo, implorando para eu ajudá-la... — declarou o empurrando para longe, jogando-o na parede — Ajudem ela, ajudem ela...
O garoto de cabelos negros ficou sem fôlego quando foi arremessado a cinco metrôs de distância. Seus pais correram para quarto, Sara correu até o seu filho, que a segurou e seu pai correu até a sua filha que continuava com olhos fechados, chorando horrores, mas que logo foi arremessado para perto do filho.
Alice Hunter tinha o poder da visão. O poder de prever coisas que quase nenhum dos seres sobrenaturais poderiam ter. Era um dom raro. Um poder considerado divino pelos vampiros. Mas para ela, ver o que via, era uma maldição profunda e rara. Alice Hunter não só via as coisas, como as também as sentia e profundamente como agora. Uma dor extremamente dolorosa, uma dor nada comparada a qualquer outra dor que já sentirá. Aquela dor era diferente, era rara. Era única. Era a dor de quem estava tentando lutar pela vida, de quem não queria morrer e mesmo que estivesse aparentemente lutando terrivelmente estava perdendo. E aquilo era extremamente angustiante para ela. Não ter o controle de sua própria vida naquele momento era uma dura realidade, quando sempre em outros momentos esteve a frente do inimigo. E agora como num simples passe de mágica seus poderes a abandoram, a deixando-a caida, quase sem vida em uma escuridão profunda, em um beco sujo cheio de ratos por toda parte, largada, sem nenhum mundano ou ser sobrenatural passando por perto para ajudá-la.
A maior feiticeira de todos os tempos, estava sendo assassinada, violada, com o pescoço finalmente arrancado de seu corpo e Alice estava vendo claramente, era como se ela estivesse lá.
Alice sentia a sua cabeça quase sendo arrancada pelo o assassino de Griffer. A prova disso era que suas próprias mãos estavam em seu pescoço, sufocando-a.
— Petter.... faça isso parar, faça isso parar, faça isso parar — Alice implorou se auto machucando — Faça isso parar, tá doendo, tá doendo Petter — gritou — Faça parar, por favor... faça parar...
Alice estava destruída, não conseguia abrir os olhos, que por dentro estavam pegando fogo, vermelhos como sangue.
— Ela está muito forte... — Petter se lamentou — Ela está muito forte desta vez. Afinal quem é essa Griffer?
— Griffer? Ela está vendo a morte da Griffer? — Sara Hunter perguntou com o coração apertado ao filho.
— Sim — correu até ela — Alice abra os olhos, abra os olhos — a segurou — Só abra os olhos...
— Eu não consigo, eu não consigo — se lamentou o jogando novamente para longe dela pela segunda vez, o fazendo cuspir sangue pela segunda vez.
— Petter, ela tem que passar por isso sozinha. Você sabe... É como das outras vezes, isso só vai parar quando Griffer morrer, quando ela morrer de verdade. Eu sei que é doloroso em ver ela assim, mas é um mal necessário, só assim ela ficará bem — Seu pai lhe aconselhou enquanto limpava o canto de sua boca, Alice havia arrancado um bom sangue, olhando para a parede atrás de si, toda destruída. Amanhã ele levaria um bom tempo para deixá-la como nova novamente — Deixa ela sentir.
E quando tudo terminou, Alice parou de gritar, todos a sua volta ficaram em um puro silêncio, ela havia desmaiado E um pequeno pedaço de papel escuro e flamejante caiu em sua cama. Petter a pegou sem se soltar de sua irmã, olhou para os pais assustados e perguntou:
— Quem é Louisa Summers?