Eu te contei que estou escrevendo um livro novo? É, apesar de novo, sinto que já contei a mesma história antes. Só que, dessa vez, eu não vou deixar ele pela metade, como os milhares guardados na gaveta. Vou escrever ele inteiro, cada linha, cada carta e todo o sentimento, eu não vou deixar nada para trás.
Ontem, eu vi você passando em frente ao meu trabalho. Olhar para você foi como ver e reviver tudo aquilo de novo. Principalmente, quando nos conhecemos, o sentimento de vergonha por conhecer a pessoa pela primeira, foi assim que eu me senti ontem, como se eu não soubesse de muito, como se eu já não tivesse me perdido nos seus mares milhares de vezes, como seu não tivesse sido deixada por suas ondas numa praia deserta.
Você se sente assim também? Se você encarasse a floresta que existe no meu olhar, você lembraria de tudo? Pois, eu acho que não, apesar de você dizer que sente saudade, eu não vejo sinceridade nesse sentimento. Me parece tão vago.
Faz mais de três anos que nos conectamos e meu corpo ainda reage do mesmo jeito, com ansiedade, medo, vontade do toque, do sussurro, dos beijos de despedida, dos elogios, da apreensão em sentir. Tudo isso parece limpo demais na minha memória, eu fecho os olhos e pronto, tudo volta.
O que eu faço, em? Me diz, por favor. Porque eu não faço ideia como sair disso, como me libertar das lembranças. Você parece ter seguido em frente, como você conseguiu? Qual o segredo?
Bom, ficarei à espera de uma resposta,
Nanda.