Muitas horas haviam se passado, Clifford acordou ainda em voo, ele olhou para a Trisha ao lado, ela ainda estava dormindo. Clifford então se levantou de seu assento e caminhou em direção a cabine de comando do jatinho, pra falar com o piloto. Ele deu duas batidas de leve na porta e em seguida o piloto respondeu: — Entre!
Clifford abriu a porta, e entrou tranquilamente.
— Ah... A gente ainda está muito longe? — Clifford perguntou, esfregando a mão detrás da cabeça.
— Não, só mais algumas horinhas e nós chegaremos. — respondeu o piloto, — Enquanto isso, sente-se e relaxe Clifford! — O piloto continuou. Ele olhou para o Clifford dando um sorriso malicioso e em seguida seus olhos ficaram inteiramente escuros.
— Que merda é essa!? — Clifford gritou, dando vários passos para atrás até se esbarrar na parede da cabine. O ambiente começou a se distorcer como da última vez, ele saiu da cabine completamente atordoado se esbarrando nas paredes do jatinho. Clifford estava bastante assustado com o que viu e com o que estava vendo ao seu redor. Ele tinha que ir até a Trisha para protegê-la de alguma coisa, mas Clifford mal conseguia ficar de pé, sua visão também não estava ajudando, ele não estava enxergando muito bem.
Clifford esfregou os olhos com as mãos várias vezes tentando enxergar se a Trisha estava bem, ele não estava conseguindo se aproximar dela, a cada tentativa de dar um passo, era como se algo estivesse o puxando para atrás.
— Que merda está... acontecendo?! — sua respiração estava ficando ainda mais ofegante, seus pulmões estavam começando a arder, em meio a isso ele escutou um grito vindo de Trisha, ele rapidamente conseguiu focar seus olhos até onde ela estava acomodada, e lá estava outra vez, a figura preta com capuz, de frente para sua amiga. Trisha tentou sair de perto mas se encontrava presa em seu assento.
— Clifford! Me ajude!! — Ela gritou desesperadamente.
— Afaste-se dela! — Ele vociferou, tentando ficar de pé mas não conseguia. Aquela coisa então olhou em direção a Clifford, ele não conseguia ver o rosto dela, era completamente escuro. A figura emitiu uma risada cavernosa que se alastrou em todo o ambiente, aquela risada foi tão macabra que causou arrepios em Clifford ainda atordoado.
— Q-quem é você!? O que você quer!? — Clifford o indagou mesmo com dificuldades para falar. A figura escura não o respondeu, ela apenas se afastou da Trisha e começou a caminhar em direção a ele. Cada vez mais que ela se aproximava dele, tudo ao seu redor parecia se distorcer ainda mais, acompanhado de um zumbido forte, como da última vez.
Dentro de todo esse caos ocorrendo, uma voz eclodiu em sua volta, o chamando pelo seu nome.
A cada segundo essa voz ficava mais alta e clara, até que Clifford reconheceu a voz, era de Trisha. Ele já estava de joelhos no chão e a figura escura em sua frente, ela então levou seu dedo indicador ao seu próprio rosto escuro fazendo um sinal de silêncio para Clifford. Ao fazer isso as janelas do jatinho instantaneamente explodiram , uma forte ventania tomou conta do lugar. Aquela coisa então estendeu sua mão até Clifford tentando tocar o rosto dele, ao mesmo tempo disso, aquela voz que estava chamando por ele ficou ainda mais forte ao ponto de fazer ele se despertar.
Clifford deu um pulo de seu assento, assustando a Trisha que estava acordando ele. Clifford não estava entendendo nada, ele ainda não tinha percebido que tudo aquilo foi apenas um pesadelo.
— Mas que droga foi aquela!? — ele se perguntou a si mesmo esfregando sua mão na testa.
— Se apresse, estamos prestes a aterrissar Clifford. — Ela disse dando leves tapinhas no ombro dele, Trisha voltou para o seu assento e colocou o sinto de segurança.
— Ei... Você por acaso estava tendo um pesadelo? — Ela perguntou suavemente.
— Sim... Mas não foi nada demais. — Ele respondeu, não querendo contar a ela sobre isso. Clifford ficou bastante confuso após acordar, apesar de ter sido apenas um pesado, aquilo tudo pareceu tão real, a figura escura, as janelas explodindo, tudo pareceu real. Novamente ele não se deixou abater e se preparou para aterrissar.
— preparem-se, estamos aterrissando. — Avisou o piloto, o jatinho então pousou no aeroporto de Cairo, a capital do Egito. Já era quase a noite, Clifford e Trisha não ficaram muito tempo no aeroporto, os dois logo saíram de lá e pediram um táxi para irem pro hotel onde iam se hospedar.
A caminho para o hotel, na janela do táxi Clifford ia observando o centro de Cairo, com seu belo museu e estruturas arquitetônicas egípcias bem antigas. Ele adorava aquilo, pois isso tudo tinha muita história, e Clifford ama histórias da antiguidade, não é a toa que ele é um arqueólogo.
Alguns minutos depois, eles chegaram no hotel, pagaram um quarto e se acomodaram. Clifford se jogou em uma enorme cama que estava lá, e Trisha puxou seu celular do bolso e começou a ligar para seu outro membro da equipe.
— Alô? Jake?
— Oi Trisha, eu e Billy já estamos aqui no acampamento, venham amanhã, estaremos esperando.
— Certo, amanhã pegaremos um guia até aí, — Respondeu Trisha.
— Ah, como o Clifford está? — Perguntou Jake. Trisha olhou para o Clifford que aparentava está estranhamente desgastado da viagem, ela respondeu:
— É... Ele está bem, só um pouco cansado, mas nada que uma boa noite de sono não o ajude.
— Certo, precisaremos estar com bastante energia para amanhã! até logo.
— Até... — Trisha desligou, pegou o celular e colocou em uma cômoda perto da cama. Ela não estava entendendo o porquê que o Clifford estava estranho.
— Clifford, você está bem...?
— Só estou um pouco cansado, — Ele respondeu,
— afinal, foram quase trinta horas de voo até aqui,— Clifford rapidamente pegou no sono, ele realmente estava bastante cansado, Trisha tirou sua mochila das costas e se dirigiu até a outra cama ao lado, ela se sentou, abriu a mochila e puxou um livro sobre esculturas egípcias. Ela então começou a ler, esse era seu passatempo preferido antes de dormir, ler livros, e desta forma a noite se encerrou.
Ao amanhecer, a cidade de Cairo estava bastante movimentada e um pouco quente como sempre. Clifford e Trisha tinham partido para o acampamento bem cedo, não era muito longe, mas era distante das cidades, um lugar bem desértico e lá estava localizada a pirâmide que nunca havia sido explorada completamente, por isso, que não era liberada a vinda de vias turísticas, somente profissionais da área.
Clifford e Trisha estavam em um jipe sendo dirigido por um guia da região. Não levou cerca de uma hora para chegarem no acampamento. No acampamento havia uma tenda relativamente grande, o barulho do jipe chamou a atenção de dois rapazes que saíram de dentro da tenda, eles pareciam estar todos bem equipados para explorarem algo. Trisha logo avistou os dois de fora da tenda.
— Veja Clifford, é o Jake e o Billy!
Aqueles dois rapazes eram da equipe de Clifford,
Jake, um homem bem alto, negro, de trinta e três anos, ele é o mais durão da equipe. Já o Billy, um rapaz branco de 26 anos e um pouco baixo, é o oposto, ele é bem medroso e não gosta nem um pouco de participar dessas explorações.
Os dois rapazes então partiram para cumprimentarem eles. Trisha e Clifford pareciam bem contentes em rever seus amigos. Eles desceram do jipe e caminharam naquele monte de areia, em direção aos outros dois. Os quatro se cumprimentaram, Jake e Clifford apertaram as mãos um do outro, — Está preparado, Clifford? — Jake Perguntou, partindo direto ao assunto.
— Sempre! — Clifford respondeu com um espírito completamente determinado.
— É assim que se fala! — Jake sorriu.
Toda a equipe partiu para a tenda. Estava na hora de discutir o foco principal dessa missão que levou eles até onde estão agora.
Na tenda, a equipe formou uma roda, Clifford então começou a explicar a missão:
— Como todos aqui já sabem, aquele artefato vem sendo procurado por várias gerações pela minha família, o artefato da Alvorada do céu. Nos livros de histórias da minha família, meus ancestrais descrevem ele como um objeto capaz de revelar todos os mistérios do mundo, essa coisa não corresponderia a ciência e também nem a natureza. Ninguém nunca soube de onde isso veio. O primeiro contato com o artefato foi há centenas de anos atrás, meu ancestral o viu em uma pirâmide com uma descrição parecida com essa. A entrada com pilares dourados, com pinturas descrevendo seres louvando a um altar com uma luz no centro. Essa é a descrição de meu ancestral, e essa passagem da pirâmide que iremos explorar, contém essas descrições, ou boa parte dela!
— Espero que desta vez tenhamos êxito... — Disse Trisha um pouco com o pé atrás em relação a isso. Já foram várias explorações e todas acabaram da mesma maneira: não encontram nada.
— Não... Dessa vez vai ser diferente, eu confio no Clifford, — Jake falou com um tom bastante seguro e firme, ele estava mais determinado do que nunca nessa missão.
— Se preparem, iremos partir logo! — Clifford já estava preparado, com seu equipamento de exploração. Em poucos minutos a equipe inteira estava pronta, eles saíram da tenda caminhando em direção a pirâmide que era logo bem próxima da tenda.
— Por favor, que não tenha armadilhas! — Disse Billy fazendo repetidamente sinais de cruz em meio ao rosto.
— Há... Não esquenta, já fizemos isso várias vezes, — Trisha deu leves tapinhas no ombro de Billy com um sorriso meigo.
Após caminharem por alguns minutos, em meio a toda a essa areia do deserto, eles chegaram em frente a pirâmide, Clifford ficou de frente para a entrada dela com um olhar profundamente sério.
— Dessa vez eu irei te encontrar! — Ele disse a si mesmo dando o primeiro passo a dentro da pirâmide.
— Todos fiquem juntos! — disse Jake. Todos estavam indo por um corredor iluminado por algumas tochas encravadas nas paredes ao lado. No final do corredor haviam duas passagens, ambas os lavavam para lugares diferentes.
— Jake, onde fica a nova passagem? — perguntou Clifford falando bem baixo.
— De acordo com as informações dos escavadores, ela fica no meio da passagem esquerda, iremos vê-la quando estivermos perto. — respondeu Jake.
A pirâmide não era muito diferente das outras em questão de estrutura, ela era estreita, então a equipe caminhava no corredor formando uma fila. Chegando no final do corredor, eles entraram na passagem da esquerda, caminhando por ela, eles avistaram logo na frente, vários sinalizadores acesos, e ao lado desses sinalizadores, a parede da passagem estava aberta.
— Ali, é ali! — Jake afirmou. Rapidamente eles caminharam até lá, de um por um todos entraram na nova passagem. Tudo estava escuro, ainda não tinha sido explorado esse novo lugar. Todos da equipe então ligaram as lanternas. Ao ligarem, todos ficaram de boca aberta com o que estavam vendo, várias pinturas que condiziam com as descrições que Clifford tinha dito mais cedo na tenda. o lugar era bem aberto com suas paredes pintadas,
— Eu estava certo, será que... — Clifford começou a correr para os lados apontando a luz de sua lanterna em todas as partes daquela grande passagem, ele estava procurando uma entrada que levaria ao centro de adorações, pela sua lógica, ali estaria o artefato.
— Clifford calma! Não vamos nos apressar. — Disse Trisha, pois, Clifford estava andando pra lá e pra cá feito um louco.
— Cuidado Clifford, pode ter armadilhas, — Alertou Billy completamente com medo, aquelas pinturas na parede o assustavam.
— Andem! Me ajudem! — gritou Clifford. O restante da equipe também começou a procurar possíveis passagens secretas nas paredes. Billy estava focando sua lanterna em cada canto das paredes, até que algo chamou sua atenção.
— P-pessoal, ouviram isso?
— Ouviu o quê? — Perguntou Clifford agachado no centro da passagem tentando procurar entradas subterrâneas.
— E-eu ouvi alguma coisa por aqui! — Afirmou Billy se tremendo inteiro.
— Deve ter sido somente o vento que veio lá de fora, não é nada demais, — Disse Trisha, Até que todos ficaram em silêncio, e um barulho estrondoso se instalou no local.
— Aah!! Eu disse que eu tinha ouvido alguma coisa!! — Berrou Billy se tremendo ainda mais.
— Todos vocês venham aqui pro centro! — Gritou Clifford, todos rapidamente foram até ele, e ficaram um ao lado do outro focando as lanternas em várias direções. Um brilho ofuscante foi surgindo na frente deles, uma entrada estava se abrindo em meio a parede, e o brilho de dentro dessa entrada era tão forte que eles tamparam suas visões com as mãos.
Rapidamente o brilho forte desapareceu e tudo se acalmou, todos estavam um pouco assustados com o que tinha acontecido, Clifford olhou profundamente para a entrada que tinha sido aberta, lá no fundo ele pôde ver, um altar dourado, em cima dele tinha alguma coisa que estava brilhando, ele não conseguia ver daquela distância, Clifford correu velozmente até lá, aquilo sem dúvidas poderia ser aquilo que ele sempre procurou.
— Clifford espere! — todos da equipe gritaram ao mesmo tempo, eles também correram, perseguindo Clifford. Na metade do caminho, inesperadamente ele caiu de joelhos no chão, tampando os ouvidos e gritando de dor. A equipe então apressou os passos para chegar até Clifford, mas todos também acabaram no mesmo estado que ele. Todos estavam ouvindo um forte zumbido ensurdecedor no local. O brilho do altar dourado pouco a pouco começou a aumentar inexplicavelmente, até que todos foram engolidos pela aquele forte luz.
— Gaarh! — Clifford acordou completamente ofegante, ele estava sem entender o que tinha acontecido, Clifford olhou para todos os lado, assim ele avistou o resto da equipe, todos estavam caídos no chão.
— Trisha! Você está bem?! — Clifford gritou, tentando se levantar mas estava todo atordoado, todos também estavam na mesma situação.
— O-o que aconteceu, Clifford...? — Trisha Perguntou colocando a mão na testa, ela estava bastante confusa.
— P-pessoal, que merda que aconteceu? — Billy se levantou do chão, ele estava com certeza mais assustado que os demais.
— Eu não sei... vocês estão bem, certo? — Jake Perguntou. Um a um respondeu que sim, todos tinham apenas desmaiado.
— Pessoal, estão vendo aquilo? — Clifford se levantou rapidamente e começou a caminhar em direção a uma luz que saía em meio a escuridão do local onde eles estavam. Era uma entrada um pouco a frente.
— Espere Clifford! — Jake correu até ele, e os dois saíram pela entrada juntos. Ao sair, uma leve rajada de vento passou por eles, os dois protegeram os olhos com o antebraço, assim que a ventania passou e eles prestaram bem atenção no que estavam enxergando, os dois arregalaram os olhos ao mesmo tempo.
— Isso por acaso é uma selva? — Billy chegou ao lado deles perguntando, e ficou também com os olhos arregalados. Clifford caiu de joelhos diante aquela selva verde imensa em sua frente, ele estava assustado e sem entender nada.
— Onde diabos nós estamos...?
Próximo em breve.