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Chapter 13 - Goblin gigante, monstro, criatura...?

Goblin gigante, monstro, criatura...?

Gabriel começou a tremer, ele não sabia o que fazer. Mesmo com todas as vezes que matou goblins sem piedade, mesmo querendo a confiança de seus amigos, ele estava com medo. Era algo que ele sentia falta, na verdade. Por quê? Por que ele sentia falta? Por que ele não tinha medo? Ele não tinha razão para viver, talvez isso tenha feito com que ele não tivesse medo da morte. Talvez ele não visse os goblins como uma ameaça real, apesar dos pesares. Mas em frente aquela aberração, ele estava pirando.

Esse monstro...

Até um deles ele matou.

O que nós fazemos?

Em, Zoe? - ele mal conseguia se mexer, mas desviou seu olhar para Zoe, esperando que a companheira fizesse algo.

Para sua surpresa, ela também estava apavorada. Sua amiga que sempre lhe ajudou, ele a via quase como uma instrutora, tentava seguir seu exemplo até certo ponto. Mas ela também não sabia o que fazer, quem sabe ela também não achava que eles conseguiam.

Droga! Eu finalmente achei que conseguiríamos. Eu finalmente tinha posto alguma confiança.

É por isso que eu tenho que ser melhor...

Não sou suficiente.

— Vamos! — ela pegou no braço dele. — O que está fazendo? Temos que nos reagrupar!

— Êh? — Gabriel não entendeu de primeira.

Ela não estava tremendo?

Ela não estava com medo também?

Como ela consegue se mover? — ele pensou enquanto andava praticamente sendo arrastado por Zoe até onde Larissa estava.

Suas mãos... estão tremendo. Ela está apertando meu braço tão forte que parece que ele vai quebrar.

Ah, entendi. Então é isso.

Mesmo com medo, mesmo achando que não consegue, ela não desiste. Ela não fica parada esperando acabar.

De certo modo, parece que ela está brilhando.

— O que você está fazendo, Gabriel?! — Larissa gritou, o dando um tapa.

— Hã? Ah, desculpe. Eu voltei. — Ele estava perdido em pensamento.

— Nós não temos opção, estamos encurralados. Zoe e Laura cuidam dos 4 goblins restantes, eu e o resto iremos tentar fazer algo sobre esse gigante até lá. Entenderam?!

— Sim! — todos responderam.

— Gabriel? — Miguel o chamou.

— Huh?

— Nós vamos conseguir.

Sua voz parecia firme, ele estava calmo. A confiança que o seu aliado tinha de alguma forma ajudou Gabriel a se controlar um pouco mais.

— Vamos lá.

Zoe chamou a atenção dos goblins e se afastou um pouco dos outros para não atrapalhar.

Gabriel, Larissa e Miguel se aproximaram lentamente do Goblin gigante, ele parecia ter dificuldades para enxergar. Logo, entraram no campo de visão dele, mas haviam se separado, eles iam formar um círculo ao redor dele. Ele não permitiu. Ele jogou o corpo do goblin que estava segurando em Miguel, o forçando a desviar para o lado e ficar de frente para ele, onde Gabriel também estava, quebrando a formação e correndo na direção dos dois logo em seguida.

— Droga! — Miguel reclamou.

O goblin gigante levantou sua espada e por um breve momento Gabriel não conseguiu se mover. Quando percebeu, era tarde demais.

— Essa não.

— Gabriel! — Miguel o empurrou, tomando de raspão o corte.

— arrrrrgh!

A espada raspou o lado inteiro da armadura na perna direita de Miguel, levando junto grande parte da carne. Ele provavelmente não conseguiria ficar em pé direito sem se esforçar bastante.

— Desculpa! Você tá bem?! Venha eu vou te levar pra mais longe!

— Não precisa! Eu consigo me virar. Olha! Ajuda Larissa! — ele apontou.

O goblin gigante estava tentando tirar a espada do chão, e Larissa corria atrás dele com sua espada esticada para frente. Gabriel se levantou e correu pela lateral do goblin. Os dois almejavam a perna direita do monstro, mas ele tirou a espada do chão a tempo e deu um chute para trás, como se fosse um coice em Larissa.

— Yannnh. — ela foi jogada pra longe.

— Merda!

Gabriel chegou correndo e com os olhos fechados, tentando fazer vários cortes na perna dele, mas não era muito efetivo. Ele parou e abrindo os olhos, olhou para cima. Os olhos do monstro estavam o fitando, como se estivesse tentando entender o que aquela formiga estava tentando fazer contra ele. A criatura abriu mais os olhos, lançando um olhar intenso para Gabriel.

— Whuaaa! — ele deu de costas para o goblin, tentando ganhar distância e indo em direção a Larissa, que ainda estava deitada.

Não dá. Não conseguimos.

Eu sei que o meu foco é agilidade e não força, mas eu mal o machuquei.

Ele é um monstro.

— Larissa?! Hey! Larissa, acorda!

Não dá, ela não responde. E agora? Eu vou morrer?

Vamos todos morrer?

Ah... eu queria que pelo menos Zoe tivesse me visto sorrir.

Eu me arrependo de muitas coisas. Eu agi que nem um louco desde que cheguei aqui, talvez eu tenha ficado um pouco. Mas Zoe sempre esteve aqui por mim. Não. Não só Zoe, todos estiveram.

Desculpa, pessoal.

Zoe não sabia o que fazer. Eram quatro goblins, não tinha como ela segurar os quatro. Tinha que bolar um plano, mas o que?

Antes que pudesse pensar em algo, os goblins subitamente foram pra cima dela, a dando a ideia:

— Correr... — falou para si mesma. — Laura! Eu vou correr o mais longe possível de você para que dê tempo da sua magia sair e você matar pelo menos dois deles.

— Eh?! Mas você vai conseguir correr dos quatro por tanto tempo assim?

— Don't worry, eu dou um jeito! Eu corro todos as manhãs, sabia? — Falou num tom meio sarcástico e meio orgulhoso.

Ela explodiu em direção a esquerda, passando pelo rio.

— Vamos lá, seus desgraçados! Venham atrás da mamãe!

Zoe correu até a parede sem dificuldades, até que finalmente ficou encurralada.

— Bom pessoal, será que vocês me dão licença pra eu ir pro outro lado de novo?

Os goblins se olharam confusos, e então foram ao ataque.

— Foi o que pensei.

O 2° goblin estava na direita, o 3° e o 6° no meio e o 7° na esquerda. Eles estavam se aproximando lentamente, mas Zoe não ia esperar ser fechada assim. Ela saiu correndo pela direita, quando o 2° goblin tentou a acertar, ela rolou para desviar e deu um leve corte em uma de suas de pernas. Os outros dessa vez agiram rápido, sem perder tempo, eles já estavam indo pra cima de Zoe. Quando ela se levantou, tentou correr o mais rápido possível, mas um deles pulou e conseguiu segurar sua perna esquerda.

— Sai, porra!

ela tentou dar chutes nele, até ele soltar, mas antes que ela saísse, ele cortou sua perna na dobra da armadura, atrás do joelho.

— Merda!

Zoe saiu em disparada para onde estava antes, mas não tinha muito para onde ir e ela não ia conseguir ir para muito longe agora que sua perna estava machucada. Sua velocidade não era a mesma e isso a preocupava. Ela queria olhar para trás, queria se certificar de que eles estavam longe, mas se o fizesse, seria o seu fim.

— Quanto tempo?

— Um minuto!

— Tudo isso?!

— Tenho cara de especialista?

— oohr, vai se foder, Laura. — Zoe falou para si mesma, numa mistura de gemido de dor e respiração ofegante.

Zoe não tinha muito para onde ir, ou melhor, não tinha. Estava machucada, não podia dar meia volta de novo. Bom, tinha apenas uma opção.

— arrrrrgh!

Ela escutou o grito de Miguel, olhando para o lado onde ele estava. Viu a cena amigo jogado no chão com Gabriel e Larissa indo atacar o goblin. Voltou a olhar para frente e Laura já estava perto, ela não tinha escolha.

— Laura, apressa isso!

Zoe virou para o lado, correndo em direção ao gigante e os outros. Ela tentou correr em zig-zag pra demorar o maior tempo possível até chegar onde os outros estavam, mas não sabia se daria. Ela correu, correu e correu. Até que finalmente, após ela chegar do lado de Miguel, Laura gritou:

— Já soltei!

— Finalmente! — Zoe falou para si mesma.

Ela passou do lado do goblin gigante sem que ele notasse, provavelmente sua fúria junto com visão ruim a ajudaram nesse momento, ele estava indo em direção a Larissa e Gabriel. Logo após passa por ele, ela se jogou no ar, pulando e virando para trás, numa tentativa de levar mais um dos goblins. A cena toda pareceu estar em câmera lenta, o 6° e o 7° estavam prestes a cair para frente, um com a cabeça sendo decapitada naquele momento e o outro com um buraco no peito, ela deve uma breve impressão de ter ouvido um grito do goblin gigante, mas não era da sua conta. Zoe jogou sua espada no 3° que caiu para trás, com a espada cravada bem no meio do seu peito, logo após, ela caiu de costas para o chão. O 2° goblin não se deixou abalar e pulou em cima dela, tentando enfiar a adaga na lateral do seu pescoço com uma das mãos e a enforcando com a outra. Zoe conseguiu dar um tapa na faca de um jeito que ela fosse jogada para longe, mas não conseguia tirar as mãos do goblin, que estava usando as duas agora na sua garganta. Saliva da boca dele estava caindo enquanto fazia barulhos estranhos, Zoe tentava olhar para o lado e gritar por ajuda mas não conseguia nem enxergar, sua visão já estava escurecendo. Ela também não conseguia falar, sua voz não saía, apenas alguns sons irreconhecíveis. Então... O goblin a soltou. Ele foi jogado para o lado com força.

— Hey! Acorda! Consegue se levantar?!— Ela não enxergava bem quem era, mas aos poucos sua visão que estava embaçada foi voltando ao normal, e finalmente, Gabriel. Gabriel estava estendendo a mão para ela, ele a salvou.

O que eu supostamente deveria fazer?

Eu estou tentando puxar Larissa o mais rápido que posso, mas mesmo aquele grandão andando lento assim ele chega aqui rápido, não dá, de jeito nenhum. Eu estou apenas adiando minha morte.

Gabriel arrastou Larissa por mais apenas uns dois metros e olhou para cima, para verificar o goblin gigante que andava em sua direção.

Ele realmente é assustador, arrastando a espada no chão e tudo mais. Mas, o que é aquilo? Quem. - se corrigiu.

Era Zoe. Ela estava correndo de um monte de goblins.

Merda, eu preciso ajudá-la.

Ele não olhou duas vezes e soltando Larissa gentilmente, começou a correr onde a amiga estava.

— Hey! Feioso! — Ele balançava seus braços no alto tentando conseguir a atenção do goblin gigante. — Eu vou esmurrar essa sua cara de bosta!

— graaaahy!

O goblin gigante levantou sua espada, levantando com as duas mãos e começou a correr.

— Mas que merda, eu não acredito que ele consegue me entender, por que ele ficou assim?

Gabriel voltou os olhos para Zoe, que estava logo a frente, ela estava sendo sufocada por um goblin. Ela estava olhando para ele, mas sua pupilas pareciam dilatadas, estava tentando falar mas não conseguia, até mesmo tirou uma de suas mãos das do goblin esticando até Gabriel. Sem perder tempo, ele chutou o goblin para longe, que caiu sem resistir, apenas rosnando.

Merda. Merda, merda.

Por favor esteja bem, por favor. Pelo menos isso. Pelo menos ela.

— Hey! Acorda! Consegue se levantar?! — Gabriel estendeu a mão para a amiga.

Ela ainda estava um pouco nas nuvens, mas estava bem. Gabriel não tinha força suficiente para desacordada um goblin com um simples chute, mas de algum jeito ele estava desacordado, provavelmente pelas lutas recorrentes. O maior problema agora era o goblin gigante. Gabriel e Zoe estavam correndo com tudo que podiam, eles não sabiam onde ou o que Laura estava fazendo, mas eles realmente não se importavam, não tinha como ela estar numa situação pior que a deles. Larissa e Miguel estavam desmaiados numa distância segura, já que o monstro não tinha uma visão boa.

— Merda! Como Larissa e Miguel foram pegos tão facilmentes?!

— Nosso único plano era cercá-lo, um simples movimento dele e foi tudo por água abaixo. Nós esquecemos que ele não ia ficar parado esperando cercamos ele.

— Você tá bem espertinho agora, hein? — Ela deu um tapa em suas costas.

Ele a olhou com rejeição e respondeu:

�� Tenho certeza que temos preocupações maiores.

— Yeah, temos que dar um jeito nisso. — Gabriel ficou surpreso. Zoe pareceu surpreendentemente séria dessa vez, a aura ao seu redor havia mudado completamente. Ele nunca tinha visto esse lado dela.

É. Eu não posso esquecer que, apesar de tudo, eu não a conheço tão bem assim.

Eu mal sei sobre sua vida antes do despertar, ainda menos sobre depois.

— Hey! Zoeeee!

— Essa é...?

— Sim, Laura.

Gabriel e Zoe, que estavam desde que se encontraram correndo, finalmente tinham achado Laura, ou melhor, Laura os achou. Eles não a viram, mas escutaram claramente.

— Laura! Cure Miguel ou Larissa! Apenas um, guarde a outra skill, vamos precisar dela.

— É pra já!

— O que você está planejando fazer?

— Ara, não quer pagar pra ver?

Um pouco frustrado, Gabriel respondeu:

— Bom, não é como se tivéssemos mais opções.

O treinamento cedo de Gabriel realmente o ajudou. Dificilmente ele estaria bem depois de correr e lutar tanto assim, normalmente ele apenas luta então é bem menos cansativo, mas tendo lutado e corrido tanto assim o deixou mais cansado que o normal. Ele estava começando a ofegar, mas conseguia continuar por mais alguns minutos sem problema. O problema era se tinha esses alguns minutos. O tempo passou. 5 minutos. 10 minutos.

— A cura... de Laura sempre... demorou assim? Meu... deus. — Gabriel estava muito ofegante, sua velocidade tinha começado a diminuir.

Zoe ainda estava do seu lado, mas ela estava se segurando para não o passar.

— Ela provavelmente já terminou, mas nós não estamos perto, nos perdemos de novo.

— Não tem como ficar perto dela com o grandão, afinal.

Por que diabos esse cara não para de nos seguir? Ele nem nos alcança.

Nós estamos aqui a um bom tempo.

Pelo menos ele não tem reforço nem nada do tipo.

— Mas agora eu vou ter que voltar. — Zoe parou de correr.

— Huh? — Um pouco mais na frente, Gabriel parou também.

Zoe come��ou a correr em direção ao monstro, teve um pequeno delay para Gabriel processar, mas finalmente:

— Que porra você tá fazendo?! Volta aqui! Você vai morrer!

A cena em si pareceu brilhar. Era como um filme coreografado. Zoe chegou perto do monstro, que parou de correr para acertá-la, ele levantou sua espada, Zoe continuou correndo.

— Mas que merda Zoe, volta aqui! — Gabriel tentou correr atrás dela.

A espada estava descendo. Cada vez que Gabriel piscava seus olhos a espada estava mais perto do chão, e Zoe mais perto da espada.

Ela não vai conseguir.

Zoe vai morrer.

O que eu faço?

O que eu faço? droga!

Eu sou tão inútil! - Gabriel parou de correr. Ele não queria ver a amiga morta, ele estava assustado. Assustado que perdesse a sua companheira de equipe. Sua aliada nos exercícios. Sua amiga. Ele fechou seus olhos.

BONG!

É isso.

— Desculpa Gabriel, mas aguenta com ele um pouco mais, é você que ele quer, afinal. Eu vou deixar tudo pronto.

Huh?

Ela está viva?

Ela conseguiu?

Como?

Gabriel não viu com seus olhos fechados de medo, mas no momento em que a espada estava alcançando a altura de Zoe, ela deu um salto para frente, rolando pelas pernas do monstro e conseguindo sair ilesa. O gigante olhou para trás, onde a menina estava agora correndo, mas virou-se para Gabriel novamente.

Droga! Eu não acredito que ele tá atrás de mim por causa daqueles xingamentos até agora!

O que ela quer dizer com aguenta mais um pouco? Ela sabe que eu estou no meu limite.

Gabriel deu as costas para o gigante, voltando a correr.

Acho que não vou pode só correr se quiser segurá-lo.

Gabriel tentou correr, mas em menos de cinco minutos o gigante o alcançou, dando um hit lateral nele, que fugiu de última hora com um salto.

Merda! Não dá mais, né?

Ele se levantou e ficou de frente pro goblin. O goblin inicialmente parou para analisar a situação, mas Gabriel ficou apenas parado, então ele foi pra cima.

Tava tão bom você só me olhando. - Gabriel deu um pulo por cima da espada do gigante.

— Esse desgraçado só tem tamanho. Eu consegui fugir por todo esse tempo, não tem como eu ser pego agora. Eu não posso. — Falou para si mesmo.

Tsc!

Gabriel desviava dos golpes um atrás do outro, enquanto se movia ao redor da criatura, ele estava ofegante mais do que nunca, o suor estava sob seu corpo.

Mesmo desse jeito, eu continuo me cansando, continuo mais lento.

Eu já...

Antes de conseguir completar seu pensamento, o goblin gigante deu outro ataque. Ele deu um giro de 360° com sua espada que Gabriel conseguiu sair por pouco, mas ele caiu no chão e não conseguiu se levantar a tempo.

— WHROAAAAAAAH!

Droga!

O goblin gigante o pegou com as duas mãos e levantou pro alto.

— Me solta, seu merda! — Gabriel tentou se debater, mas seus braços não estavam livre, não teve efetividade nenhuma.

O goblin apertou.

— Argh! Pare!

O goblin o apertou.

Gabriel soltou outro gemido de dor.

Droga! Que dor, onde estão os outros?

Será que foram embora? Eles fariam isso...?

O goblin estava rindo, ele queria brincar com Gabriel. Então, ele apertou de novo.

— Sua... aberração... — Gabriel começou a perder a consciência, estava sem forças. Sua vida estava turva, ele já não conseguia pensar direito, parou de se debater.

Onde... estão... os outros?

Bom, eu acho que... não tem problema descansar um pouco. - ele fechou seus olhos.

— GABRIEL! NÃO DURMA! — A voz de Ana ecoou na mente de Gabriel. Mas não era ela. Ele abriu seus olhos.

— GABRIEL! VOCÊ OUVIU?! NÃO FECHE OS OLHOS, NÓS ESTAMOS AQUI! — Era Zoe.

Não somente ela, Miguel e Laura estavam com ela. Laura estava encantando alguma skill, enquanto Miguel estava curado. O goblin virou para eles. O sorriso em seu rosto desapareceu, ele pareceu sério. Ele jogou Gabriel para o lado como se não fosse nada, e entrou em posição de batalha.

— Isso não vai ser uma luta, grandão. Você está morto.

— Eu vou checar Gabriel! — Miguel disparou.

— Não demore, Laura logo vai estar pronta.

Ah... espero que o plano deles de certo.

Eu estou cansado. Meus ossos doem. Meus ouvidos estão apitando e tem sangue tampando a visão dos meus olhos.

Talvez eu possa descansar um pouco agora. Eu já... - Gabriel perdeu a consciência lentamente.

— Gabriel? Se recomponha! Hey! — Miguel chegou nele, tentou dar tapas na sua bochecha, mas já era tarde demais.

Não. É errado dizer que era tarde demais. Mesmo que ele chegasse antes, o que ele poderia fazer? Nada. Ele não tinha nenhum poder de curar. Gabriel não se manteria acordado com algo simples como "poder da amizade", não é assim que o mundo funciona.

— Droga! Não morra, você ainda não se provou, não foi? — Miguel o puxou até um local mais afastado, lembrando de quando se conheceram e das primeiras caçadas juntos, quando Gabriel ainda tentava resolver as coisas sozinho com a desculpa de se provar. Fazia apenas alguns meses que eles estavam caçando juntos, mas a nostalgia fazia parecer que os dois se conheciam a anos.

Ele voltou na mesma hora em que o monstro tentou acertar Zoe, que desviou sem problemas. Posicionado atrás da criatura, Miguel gritou para ele chamar atenção dele e deixar Zoe respirar um pouco.

— Hey!... O que eu deveria dizer agora...? — Ele se envergonhou um pouco de fazer aquilo. Era como falar com um bebê ou um cachorro, parecia estranho, não é como se ele estivesse realmente entendendo, então, qualquer coisa serviria. Ainda assim, seria mais estranho ainda falar algo que não fosse xingamento. — Seu monstro pequeno!

— O que que ele tá falando? — Zoe se aproximou de Laura, apontando para Miguel.

— Aquele pacifista burro. — Laura parou o encantamento por um momento e deu um tapa na própria testa. Desde que a pausa seja pequena, não tinha problema.

De qualquer jeito funcionou. O monstro virou pra ele, que apenas deu de costas para correr.

— Você pode ser forte, mas se eu não estiver cansado, não acerta nem ferrando.

Ele deu uma carreira. Mas o monstro sorriu, parado. Com menos de cinco passos, o monstro levantou seu pé, e o desceu com muita força.

— Essa não! Mig- — Zoe tentou avisar.

BUM!

Miguel foi pro ar sem entender o que havia acontecido, e caiu de barriga no chão.

— tsssss. Que dor! — ele se levantou, passando a mão na parte da barriga em que estava doendo. — Huh? Quando Miguel foi olhar para o goblin gigante, tudo que ele viu foi a silhueta da espada.

... o que aconteceu?

Nós estávamos lutando contra aquele gigante... eu estou vivo. Quer dizer que ganhamos? - Os ouvidos de Gabriel ainda zuniam. Ele abriu os olhos lentamente.

Não... eu ainda estou aqui.

... - ele levantou seu corpo para uma posição sentado, entrelaçando seus dedos no cabelo bagunçado.

Espera. Eu ainda tô aqui! Eu preciso ajudar eles! - ele abriu bem seus olhos, tentando encontrar seus amigos.

Encontrados.

Ele se levantou rapidamente, mas sentiu uma pontada de na perna esquerda e na barriga.

— Acho que não vai ser tão fácil assim... — falou para si mesmo.

Ele não estava tão longe, correndo chegaria em menos de um minuto, mas ele não viu nenhum perigo iminente na luta dos companheiros, então decidiu ir andando. Ele estava perto. Ele vinha da esquerda de Miguel, mas o mesmo não o notou. E aconteceu.

BUM!

— Merda!

Gabriel viu os movimentos do goblin então se preparou e não teve demais problemas, mas e Miguel? Ele não estava olhando pro monstro.

Eu tenho que chegar nele. - Gabriel deu uma apressada.

— ouch! — as dores batiam, mas ele não parou.

Quando Miguel foi olhar para o goblin gigante, tudo que ele viu foi a silhueta da espada. Ele fechou os olhos. Uma força o empurrou para o lado, fazendo com que ele desviasse da espada e caísse no chão de novo. Era Gabriel.

— Agora estamos quites. — suspirou Gabriel, levando a parte de cima da mão na testa, sem se levantar.

Miguel ficou por um momento surpreso, mas logo respondeu :

— Hah! Valeu, provador! — Brincou com um sorriso.

— Tsc, isso não é hora pra piada, muito menos sorriso.

— Tá, tá. — Miguel se levantou.

— Ei... nós sequer estamos no mesmo mundo...? — Gabriel ficou mais sério do que o normal ao falar.

Esse pensamento ecoava na cabeça dele desde que acordou ali. Todos aqueles tipo de monstros, todas as novas informações e até mesmo magia, como isso poderia ser o mesmo mundo? Ele não sabia se era. Mas mesmo após meses ali, ele não ouviu falar de ninguém questionando sobre algo como "mundos". Talvez por estarem ocupados tentando sobreviver, ou por preferirem aquele local como era agora. Não importava. Sendo esse outro mundo ou o mesmo, seu objetivo continuava sendo o mesmo. Sobreviver.

Isso mesmo, eu vou sobreviver. Não importa o que aconteça. Não importa a motivação.

Miguel ficou surpreso com a pergunta repentina, ele abriu a boca para responder, mas antes que pudesse:

— Hey, vocês dois. Vocês realmente acham que estariam vivos se o goblin estivesse ok? Vão ajudar Zoe, não temos muito tempo.

O goblin gigante estava em transe. Por isso, mesmo que a conversa tenha sido rápida, ele não atacou Gabriel e Miguel.

E esse era o plano de Zoe. Por serem maiores, os goblins gigantes eram mais frágeis a magia mental, como a de Laura. Então, o plano era simplesmente Laura usar a magia nele, e os outros o atacarem o máximo possível antes que ele recuperasse a consciência. Ele pode ser grande e forte, mas mesmo ele não aguentaria tomar hits de três pessoas ao mesmo tempo. Também é o motivo de Laura ter curado Miguel e não Larissa, Miguel tinha mais força, ele seria mais efetivo no ataque.

Miguel pegou sua espada do chão, enquanto Gabriel conseguiu achar apenas uma adaga.

Huh? Quando eu perdi a outra?

Bem, não importa.

Zoe, Miguel e Gabriel começaram a acertar o grandão verde, que estava encolhido no chão em posição fetal, rosnando, como se estivesse num pesadelo. Eles acertaram a cabeça, o pescoço, os braços, todos os locais possíveis, até que eventualmente ele começou a parar de se mover e rosnar.

— Acabou...? — Miguel empurrou o goblin para ver o rosto dele. — Me ajuda aqui, não consigo sozinho.

Os três viraram ele, mas como esperado, estava imóvel, de olhos fechados, totalmente mole. Eles estavam coberto por sangue humano e de goblins, sem forças, desabaram no chão sem esperar mais. Gabriel estava só fiapos, Miguel tinha apenas alguns arranhões e Zoe também.

— Graças a Deus. — Miguel soltou.

Bom, nossas novas habilidades não foram tão úteis, mas acho que com um inimigo como esse, é difícil para alguém como nós ter algo realmente útil para usar.

— Mas sério... que tipo de apelido é provador? — Gabriel riu um pouco, voltando a ficar deitado com a mão na testa.

Zoe e Miguel o fitaram por um tempo, mas então Zoe abriu um grande sorriso cativante, respondendo:

— Você sorriu!

— Huh? Claro... não é como se eu nunca sorrisse... eu falei que quando desse vontade eu ia sorrir, não falei?

— Hm! — Ela afirmou com a cabeça. — Ah e, Gabriel?

— O que?

— Seus olhos. Eu vou me corrigir, não eram de preguiça ou sono, pior, eu acho que é de alguém que não quer viver, que não liga pro dia de amanhã. Alguém que não almeja nada na vida. É quase como se sua vida fosse um preto e branco.

Eu não sou daltônico. É o que eu gostaria de pensar sobre isso.

Mas ela tem um ponto.

Deixando isso de lado, como diabos ela consegue enxergar tão bem através de mim?

Como ela sabia da fraqueza do gigante?

Eu evitei pensar nisso mas seus movimentos não são de uma amadora, ela mal se machucou e praticamente bateu de frente com os quatro goblins antes e o goblin gigante.

Mesmo nas lutas anteriores ela acabava se destacando um pouco mais.

Quem é Zoe?

— Mas... eu acho que eu estou vendo eles brilharem um pouco mais. Eu acho que... eles estão começando a mudar. — Ela deu um sorriso triste.

— Obrigado...? — Gabriel se sentou.

— Haha, não precisa ficar assim, aliás, onde está Laura?

— Oh, parece que Larissa acordou e as duas estão juntas mais pra lá. — Miguel apontou para o fundo, todos olharam.

— Ah, entend- — Zoe estava voltando o olhar para os dois, eles estavam sentados lado a lado de uma maneira que fizesse um semi círculo oval.

Tinha um goblin, com uma ferida na perna, correndo com a adaga de Gabriel na direção do mesmo.

— Gabriel, cuidado!

Ele acertou as costas de Gabriel.