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Chapter 47 - Capítulo 47 - Ao fim do combate

~Pov Bianca~

As paredes de terra nos fecham, nos separando da luta.

— Ei, o que está fazendo? — grito com Alícia.

Ela estava poucos passos à minha frente, virada para parede, sem reação alguma.

— Se ele ficar sozinho... — Me aproximo dela. — Lá fora pode acabar morrendo... — Seguro seu ombro e a viro, nos deixando frente à frente.

Mas, ou ver sua expressão, solto-a. Lágrimas desciam por suas bochechas, encharcando seu rosto completamente. Acabo recuando um passo e ela se senta no chão, enquanto seu choro se torna ainda mais alto. Deixando sua cabeça entre suas pernas e se encolhendo ela fala.

— A... Alícia não... Não pode fazer nada... — diz soluçando.

Ao dar mais um passo para trás esbarro na parede. Quem estou tentando enganar? Não poderia fazer nada naquela luta, seríamos apenas mais uma preocupação enquanto Ioan luta.

Dentro da caixa não podíamos ouvir direito o que acontecia do lado de fora, mas depois de alguns minutos ela desfaz a magia.

— A luta... acabou — Alícia se levanta.

— Como você sabe? — falo assustada. Caso não tenha acabado ainda estamos em perigo.

Porém, olhando ao redor, pode-se notar que o combate já havia finalizado. Procuro Ioan ou os homens-bestas, mas não consigo achar nenhum deles.

— Ioan está nesta direção. — Alícia anda reto para a floresta, apenas sigo-a.

Antes que pudesse perguntá-la como que ela sabia tenho que acelerar meu passo para acompanhá-la. À alguns metros de onde estávamos, achamos Ioan caído no chão. Acabo soltando um pequeno grito ao vê-lo. Havia um buraco em sua barriga, não era grande, mas muito profundo. Ao virá-lo posso notar que era um corte de espada e tinha atravessado-o.

— Bianca, use magia de cura por favor. — Sua voz soava estranhamente calma.

— Mas, ele é um vampiro, não irá machucá-lo ainda mais? — pergunto me ajoelhando próximo a ele.

Ela balança a cabeça em negação.

— Ioan treina para ganhar resistência a magia de luz, vai machucá-lo, mas não o matar — explica.

— Mas... — Tento questionar, mas esse não era o momento.

Se não fizer nada ele provavelmente vai morrer. Coloco minha mão poucos centímetros acima da ferida e me concentro. Assim que a magia começa a ser conjurada Ioan geme de dor.

— Não... Não é melhor parar? — Começo a me desesperar. — Ele está se machucando.

— Continue. — A garota fala convicta.

Percebo sua forte determinação pelo seu olhar. São poucas as vezes que Alícia demonstra suas emoções, mas quando Ioan está envolvido ela costuma demonstrar-se bem ativa.

Após dez minutos começo a notar que a ferida finalmente tem uma melhora, normalmente demoraria muito menos. Neste tempo aventureiros e mercadores, que estavam completamente recuperados, se aproximaram, para saber o que havia acontecido. Nos ajudaram com Ioan, com isso conseguimos colocá-lo em uma das carroças, assim como Seth, que também estava desacordado.

— Obrigada, por tudo.

Agradeço a David, um dos aventureiros que vieram nos ajudar.

— Não se preocupe — responde com um sorriso sem graça. — Se não fosse por ele... É provável que muitos de nós estivéssemos mortos, isso é apenas o mínimo que pude fazer. — Em seguida ele faz um aceno com a cabeça e se dirige de volta à parte de frente da caravana, para continuar a escolta.

Continuamos seguindo o caminho que foi predefinido antes. Ioan ficou em uma carroça, que tinha bastante espaço, junto com Alícia, que não queria sair de perto dele. Enquanto eu continuava a escoltar da mercadora que foi designado ao nosso grupo.

— Sinto muito, por tudo que aconteceu. — Depois de algum tempo a mercadora decide puxar assunto.

— Não se preocupe com isso. — Rejeito suas desculpas. — Na verdade, eu que deveria estar pedindo desculpas, já que é o nosso trabalho protegê-los, mas não conseguimos.

Ela solta uma breve risada, seguida de um suspiro.

— Você deve ser uma aventureira novata, certo?

— Sim senhora.

Ouço algo como "Era de se esperar", mas sua voz é baixa.

— Você deve saber muito bem como nós, mercadores, somos conhecidos, né? — fala olhando para mim. — Pessoas arrogantes, que só visam o lucro e que não se importam muito com o bem estar de outros. Na verdade, nós somos exatamente assim, como dizem, mas não está achando nada estranho?

Seguindo suas palavras olho de um lado ao outro. Tudo parecia normal para mim, basicamente da mesma forma que estava antes da batalha, embora com as pessoas mais sujas e feridas. Os aventureiros andavam ao lado das carroças, menos aqueles que estavam feridos, esses pegavam carona. Alguns conversavam, a maior diferença, que é visível, é a atenção dobrada de todos.

— Não vejo nada de especial — respondo um pouco confusa.

— Olhe bem, não há nem ao menos um mercador que está brigando com algum aventureiro. Não acha que nós, como clientes, não iríamos reclamar de um trabalho mal feito? — diz apontando para os comerciantes que conversavam com os aventureiros.

Olho de nova para os grupos em nossa frente, desta vez, tentando analisar o rosto de cada um. Ninguém mostrava feições de raiva, na verdade, pelo contrário, eles estão olhando para os aventureiros, que os escoltavam, com um rosto de solidariedade. Parando para pensar sobre o que me foi falado antes isso era realmente estranho.

— Você não deve saber, já que é uma novata, Aquele homem-besta que nos atacou era Osíris, um famoso criminoso. Ele é líder de um grupo que deseja vingança contra os humanos, buscam justiça pelos anos de escravidão que sofreram.

Há cerca de um século atrás, os homens-bestas foram escravizados por todo o Reino. Apesar de serem mais fortes fisicamente eles têm um grande defeito em suas raças, não podem controlar magia e por causa disso acabavam sendo derrotados pelos humanos, além de serem inferiores numericamente. Porém o Reino acabou com a escravidão e, embora não possamos ter certeza, o Império parece também ter abolido.

— Mas, o que isso tem à ver com nossa missão?

Entendo que são famosos, mas ainda deveríamos protegê-los.

— Você é bem lenta, né? — provoca enquanto rir. — Esta missão já não está mais no nível de vocês. Não me leve a mal, não estamos chamando-os de fracos, pensávamos que eram assaltantes comuns, até mesmo negamos os conselhos do líder da guilda, por isso contratamos aventureiros de baixo nível, mas como Osíris apareceu no jogo... Esta missão já se tornou de nível A ou mais.

— Entendo...

Então Osíris só poderia ser derrotado por um grupo de aventureiros de Rank-A. Isso é assustador. Olho para Seth, que está sendo carregado na carroça que estava atrás de mim, em seguida para Ioan, que está na da frente. Eles conseguiram, nem que por apenas algum tempo, lutar contra um monstro desses sozinho.

— Se não fosse por Seth e aquele garoto do seu grupo, provavelmente seríamos completamente destruídos por aquele cara.

Seu tom muda, tornando-se mais sério. Engulo em seco. Neste momento entendo finalmente o perigo que corremos, o quão perto passamos da morte.

~Pov Alícia~

Alícia olha para ioan. Sua respiração estabilizou-se há pouco tempo. Coloco minha cabeça em seu peito, para que possa ouvir seus batimentos, estão fracos, embora não saiba dizer qual seria o normal, afinal, ele é um vampiro e não um humano.

— Alícia espera que melhore...

Percebo seu braço, aquele que está sempre enfaixado. Várias marcas negras, parecidas com as de doença demoníaca. Ioan já havia me explicado que para monstros e raças demoníacas isto era bom, demonstra seu grande poder demoníaco. Sei que para eles não quer dizer a mesma coisa do que para nós humanos, mas fico feliz da mesma de forma, de que ele seja igual à mim.

Coloco a faixa em seu braço novamente. Agora estamos fingindo que ele é humano, então temos que esconder isso. Quando estou quase terminando ouço um baixo gemido de dor.

— Ioan?

Fico olhando-o durante um tempo, mas infelizmente não era ele acordando.

— Yasmin... — Ele fala esse nome baixo. Parece estar sonhando com algo. Um pesadelo.

Sento com minhas juntas e coloco sua cabeça em cima de minhas pernas.

— Está tudo bem agora, você tem que apenas descansar. — Passo a mão em seus cabelos, tirando-os de seu rosto. — Alícia cuidará de você até que esteja bem novamente.

Alícia fica lá, passando as mãos em seus cabelos. De alguma forma ele parece se acalmar, então ela apenas continua.

A carroça em que estávamos era de um casal de mercadores. Depois de algumas horas a mulher vem até nós, estávamos próximos de nossa segunda parada que, graças ao combate, acabaria acontecendo mais cedo do que o programado.

— Estamos próximos do local onde iremos fazer a pausa — avisa. — Venha aqui para fora, tomar um ar e comer algo.

Alícia balança a cabeça em negativo.

— Não precisa, Alícia está bem.