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Chapter 44 - Capítulo 44 - Observadores

~Pov Artern~

Desde o fim das antigas guerras comecei a acumular conhecimento. Livros humanos, elfos, vampíricos, tudo é importante para que possamos desvendar os mistérios deste mundo.

Está de dia, mas nem um único brilho vinha de fora daquele quarto, me manter apenas com orbes de luz é incômodo, mas o céu do continente demoníaco é algo que não suporto, mesmo tentando com todas minhas forças. O som exterior, assim como a luz, também é ausente, graças à um feitiço que impede a propagação do som, mas deixando que a sons na porta fossem emitidos.

Em minhas mãos está um grande livro, a mais nova aquisição que tive, embora tenha trabalhado muito para consegui-la, vendo-a finalmente em minha frente traz um sentimento de realização.

— Leva cerca de dez horas para ler uma única página, isso é animador. — Sinto que não posso controlar minha risada.

O som de alguém batendo na porta pode ser ouvido. Apenas três pessoas tem permissão de incomodá-la enquanto está nesta sala — Belzebu, Asmodeus e Chloe —, nem mesmo o rei dos vampiros tem autoridade para tal.

— Pode entrar — falo cortando a magia por um instante, para que ela possa me ouvir.

A porta se abre lentamente, revelando a vampira com as roupas de combate que costuma usar. Ela entra timidamente, fechando a porta logo em seguida.

— Como está seu controle? — Vou direto ao ponto, respondo-a sem ao menos me virar em sua direção.

— Ah, sim... — Parecendo se assustar um pouco ela tira uma adaga do coldre em sua coxa. — Apesar de conseguir cobrir a lâmina. — A lâmina de sua adaga é coberta por uma fraca luz branca. — Quando penso em atacar ela... — A luz desaparece.

Reviro minhas memórias, lembrando de todas as vezes que nos encontramos para seu treinamento mágico. Uma única vez, houve uma vez em que ela conseguiu utilizar a habilidade com maestria, contra Lucio.

Finalmente me viro para a vampira.

— Tenho uma ideia do que possa estar causando tal efeito. — Pego em minha mesa um caderno com algumas anotações sobre Chloe.

— O que poderia ser? — Ela pergunta um pouco insegura.

Talvez ela mesma já saiba a verdade, como é complicado trabalhar com o coração humano. Porém a habilidade de Vlad deveria ser o bastante... a não ser que... Um sorriso surge em meu rosto, por um instante até mesmo o livro sobre minha mesa se torna um assunto secundário.

— Aparentemente as coisas começarão a ficar animadas por aqui.

Após a sessão de treinamento de Chloe fomos ao salão de auditoria do rei. Chegando a primeira coisa que chama atenção, destoando de todo o luxo ao redor, é uma pequena e surrada mesa poucos metros em frente ao trono, em cima estava um pano escuro, cobria alguma coisa de forma esférica. Na sala estavam Belzebu e Vlad, além do Rei, agora estavam nessa sala todas as autoridades máximas deste reino, algo que, apesar de acontecer algumas vezes, era relativamente difícil, devido às diferentes atribuições de cada um.

— A vampira também tem autorização para estar aqui — diz Belzebu. Não existia sarcasmo ou segundas intenções em sua voz, apenas uma pergunta que lhe veio à mente.

Vlad solta uma leve risadinha ao ouvir suas palavras. Sua personalidade consegue ser a pior neste local, mesmo tendo tantos monstros no local. Barbatos não fala nada, apenas olha em minha direção, esperando que respondesse a pergunta.

— Acredito que sua presença não irá interferir em nada, pelo contrário, assim podemos receber informações extra, afinal, ela é aquela que mais o conhece — respondo me aproximando da mesa.

Retiro o pano, mostrando uma esfera quase incolor.

— Tanta burocracia por uma simples bola de cristal. — Vlad fala, mas encolhe-se ao trocar olhares comigo.

— Essa simples "bola de cristal" é mais valiosa que toda sua raça, teria cuidado ao falar demais. — Um pouco de meu poder mágico é liberado, soltando uma pequena onda em sua direção, no momento que atinge-o sua expressão muda completamente, medo poderia ser visto em seus olhos. — Não haverá uma segunda chance.

Coloco a mão sobre a esfera.

— Começarei assim que receber a ordem — falo olhando para Barbatos, que acena com a cabeça em positivo.

O poder mágico começa a ser derramado pela palma de minha mão. Olhando-a neste momento a esfera poderia ser confundida com outras tecnologias, o poder mágico toma cor, transformando-se em um cinza claro. Os humanos possuem uma esfera que, apesar do mesmo efeito visual, tem funcionalidades completamente diferentes, pode-se dizer que deles seria um algo arcaico perto disto.

Uma pequena parte de minha consciência é projetada, seria impossível, para mim, caso não soubesse para onde nossa alvo estivesse ido, afinal, não tenho capacidade, muito menos poder mágico, para fazer uma varredura completa no planeta. Em direção ao reino humano, caso queira especificar ainda mais é preciso traçar um caminho. Ele não está nas laterais, isso demoraria muito e perseguidores o achariam, também não foi muito longe, então não é preciso buscar fora do reino. Por fim era preciso apenas achar seu poder mágico, como vampiro seria fácil, pois há uma diferenciação com os humanos e não tem muitos neste continente, mas foi ainda mais rápido.

— Ele está em combate...

Tenho uma visão de cima, posso ver o combate completamente. Um vampiro, quatro homens-besta, diversos humanos e uma... Uma raça não identificada.

"O que poderia ser isso?"

Olhando para os três em minha frente vejo suas reações. Aparentemente apenas Belzebu foi capaz de notar que alguma coisa aconteceu, mas não disse nada. Me pergunto se ele sabe o que é ou apenas notou algo diferente, de qualquer forma vou manter essa informação comigo por enquanto, é uma vantagem que tenho.

Transfiro a imagem que estou vendo para a esfera, o cinza começa a tomar cor, mostrando exatamente como em minha visão.

— Então, esse é o herói vampiro — diz Belzebu sem muito ânimo. — Assim como os outros, não parece ser nada demais.

Barbatos parece concordar, mas diferente de Belzebu um sorriso se forma em seu rosto. O único que mostrou verdadeiro interesse no vampiro foi Vlad, seus olhos quase brilhavam ao olhar para esfera.

— Ilie... — diz baixo.

Olho para o vampiro que temos como alvo, mas assim como os outros, não tenho muito interesse nele, para dizer a verdade não acho que os heróis sejam necessários para nossos planos. Mas, desta vez parece que temos um achado. Apenas duas pessoas são realmente fortes nessa luta, uma nem ao menos pode ser vista, estava escondida nas sombras, porém a garota que está seguindo-o, consigo sentir, não está completa, mas é alguém realmente forte.

Sinto um pouco de sono, meus braços se tornam mais fracos, como se estivesse lutado por diversos dias. Essa magia ainda consome muito, precisa ser aprimorada.

— Pode cortar a conexão — diz Barbatos se levantando. — Passe para Asmodeus o que foi visto hoje, assim como disse, acredito que não precisaremos do garoto.

Retirando a mão da esfera a imagem começa a desaparecer, porém ainda tenho minha própria conexão, afinal, a esfera é apenas uma forma de mostrar a outras pessoas. O vampiro e a garota se fecham em uma magia de terra, parecem estar com problemas. Assim que decidi cortá-la algo estranho acontece, o poder mágico do vampiro fica inúmeras vezes mais forte. Esse efeito não é possível bebendo sangue humano.

Barbatos se retira da sala, logo em seguida Vlad. Belzebu caminha em minha direção.

— Mantendo informação para si mesma — diz em tom de deboche.

— Não sei do que está falando? — Sinto algumas gotas de suor escorrerem pelo meu rosto.

— Você é alguém fácil de ler... — Começa a andar em direção a saída. — Mas não senti nada que pudesse me interessar, então não irei tentar descobrir o que está escondendo, apenas saiba de uma coisa. — Ele para e olha diretamente para mim. — Asmodeus não é tão benevolente como eu, apesar de parecer o contrário.

Após terminar de falar ele desaparece.

Chloe, a única que ainda estava comigo no local, se aproxima.

— O vampiro, como é seu nome mesmo? — pergunto.

— Ioan.

— Sim, Ioan. O que você acha do seu nível de poder? Quão forte ele era quando estava no reino vampírico?

A garota fica calada por um tempo.

— Se fosse para colocar em palavras... Ainda estava fraco, afinal, não passava de um recém-nascido. — Então de onde surgiu aquele poder? Será que apenas o sangue daquela garota. — Mas, seu crescimento parece ser maior do que qualquer outro vampiro que já vi, lutava como alguém com anos de experiência, porém o mais assustador era sua força quando bebia sangue de animais.

— Animais? Seus olhos estavam vermelhos — falo lembrando da cena.

— Sim, enquanto estava no reino não bebeu sangue humano, não sei o porquê, mas provavelmente para se adequar mais fácil aos humanos. — Explica Chloe. — O assustador era a força que ganhava, poderia facilmente se equiparar a beber sangue humano, me parecia que o sangue tinha um efeito ainda mais poderoso nele.

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