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Chapter 7 - ATO 1 // Capítulo 6

Sabe, as vezes fico na dúvida de como devo contar essa peça para quem passa por aqui, me pergunto se contar a história de maneira mais direta seria mais ideal para prender quem escuta eu falar por tanto tempo. Ou talvez primeira pessoa seja mais interessante? Que tal um teste então? Vou dar uma leve introdução e deixarei os peões contarem a história por enquanto. Se eu cansar eu volto ao padrão anterior.

Enfim.

O Reino Solar não era centralizado como seu rival Lunar, a leste da capital, as ricas cidades mercantis competiam umas com as outras das mais diversas formas, o que fomentava ainda mais essa rivalidade era o fato de que os líderes de tais cidades, apesar de reinarem pelo período de suas vidas, ainda sim deveriam ser eleitos por representantes de suas respectivas cidades.

Essa dinâmica de eleição e reinado faz com que a competição entre as famílias mercantis destas cidades seja imensa, e é neste contexto que três personagens importantes para nossa história, uma delas, princesa do atual líder da cidade de Civita, a outra, herdeira direta da cidade de Urbium, a última a ladra mais destemida das cidades mercantis.

A cena a seguir ocorre numa viagem oficial da herdeira de Urbium e da Princesa de Civita. Nunca tinha feito isso antes, mas vou colocar você na mente de um de nossos personagens.

Peraí, droga como é que fazia isso mesmo?

... Lembrei!

Você logo logo ouvirá essa história diretamente da mente da herdeira da cidade de Civita.

Com um estalar de dedos, o nosso cenário se transforma, agora tendo como foco duas jovens senhoritas que dentro de uma carruagem faziam de tudo para fazer a outra se sentir o mais desconfortável possível.

Ah, e antes que me esqueça, a partir de agora você estará ouvindo os pensamentos de Annabel.

Começando.

...Sinceramente, eu já estava furiosa com toda a humilhação que essa nobre vizinha tinha me causado no meu próprio território, mas aquela situação inteira nem se compara a ter que ficar uma viagem inteira, INTEIRA, do lado dessa desgraçada.

- Qual foi Annabel? Tá com raiva do alvoroço que causei no palácio, você sabe que eu sinto muito do fundo do meu coração não é florzinha? -

Catherine mentia de forma natural, única coisa que essa garota sentia era desdém, disso eu tenho certeza.

- Não dirija a palavra a mim, sabe que estou aqui somente pelo encontro que o Rei convocou na capital. -

- Sabe Annabel, sei que o fiz não foi ideal, mas não fique com tanta raiva, você queria vir não queria? -

- Eu já falei para não falar comigo, mas sim eu queria vir, você só não precisava ameaçar todos os comerciantes da cidade por um motivo tão mínimo. -

- Você nunca sabe o que de fato quer. Sério, e depois eu que sou a princesa e não a primogênita. -

- É exatamente por esse motivo que você é tão sem vergonha, não tem que se preocupar com sua imagem. -

Eu e Catherine continuamos brigando por horas, achei que iria facilmente fazer ela parar de falar, mas ela tem muito orgulho para deixar qualquer palavra passar sem responder.

Mas enquanto eu e ela discutíamos, um som estridente passa por toda a carruagem.

- O que é isso? - Minha dúvida rapidamente foi respondida

Da maneira mais fria possível.

Um bando de bandidos, interceptaram a nossa carruagem, e, de forma que sou incapaz de explicar, um único bandido derrotou todos, e reitero, todos os soldados que nos escoltavam.

Bem, eu disse que era um bando certo? Ou ao menos era o que eu imaginei que fosse, para meu choque, o bando que imaginei que tivesse causado tanto estrago em questão de minutos, eram nada mais, nada menos, do que duas pessoas.

Para meu espanto, ambos em pouquíssimo tempo chegaram a minha carruagem, Catherine ao invés de sua personalidade ríspida estava com uma cara pálida, eu também estava com uma cara tão assustada quanto a dela.

- Vocês duas iram seguir viagem, meu trabalho já foi feito - Disse uma figura com um manto negro que cobria seu corpo inteiro, sendo bem sincera, não dava de identificar nada dessa pessoa, nem mesmo sua voz era algo memorável.

A outra figura a seu lado, porém era muito mais reconhecível. Era uma garota, usava roupas pretas assim como o outro, cobria sua face com uma máscara, mas deixava seus olhos expostos, possuía cabelos grisalhos, olhos púrpuros, que, não pareciam mostrar nenhum tipo de emoção, ou melhor, não pareciam transmitir sequer um sinal de vida.

Apesar do medo que eu sentia, do fato de que minhas pernas não queriam se mexer, e da minha boca que não se movia devido a toda a tensão do momento, eu consegui falar.

- p-Por que você f-ez issso? - Minhas palavras se atrapalhavam, mas ainda sim consegui falar o que eu queria.

- Os inimigos do Reino devem ser eliminados, simplesmente por isso. - A figura do manto me respondeu, com uma voz monótona que assustava mesmo que não fosse o intuito dele me assustar.

Assim que ele disse isso, senti um frio se espalhando por todo meu corpo, em questão de segundos, caí ao chão, já desacordada.

- Nyx, eu lhe disse que não precisava fazer isso com elas. -

- O senhor sabe que assim será mais fácil a viagem para ambas. -

Essa foi última coisa que ouvi antes de desacordar, o nome da figura feminina, Nyx.

E para minha surpresa, espanto, quando acordei, não estava na carruagem que teria que me levar a capital. Estava num quarto, iluminado pela luz do dia, sua sacada próxima a cama mostrava uma imagem bela demais para explicar.

A Catedral Solar, a maior igreja desse continente, e o local onde a Deusa Solar reside, um monumento tão belo, que confirmava o fato de que eu já estava na Capital.

Mas como?

E o que aquela figura quis dizer com os inimigos devem ser eliminados tendo matado dezenas de soldados do reino?

Essas dúvidas não deixavam minha mente, e para piorar, nenhuma resposta viria a mim, até aquele fatídico dia.

Sim, aquele fatídico dia.