O despertador tocava uma música animada que eu não fazia ideia de qual era e quem havia colocado aquilo. Olhei ao redor tentando acostumar meus olhos na claridade e assim que consegui, me levantei.
Era segunda feira. Céus, como eu odiava segundas!
O meu corpo estava todo dolorido e isso era culpa da minha saideira de ontem á noite com as meninas. Tinha que me lembrar de perguntar a elas quem havia me trazido para casa.
Meu celular começou a tocar em algum lugar, mas eu estava debaixo do chuveiro sentindo a água correr sobre meu corpo, não iria sair dali só para atender uma ligação; quem quer que fosse, iria esperar!
Sai do banho meia hora depois, mais meia hora para secar o cabelo e então sai do banheiro. Procurei pelo meu celular, mas não o encontrei, olhei no relógio e me assustei por já estar quase na hora de eu ir para o escritório.
Trabalhava em uma Empresa de Tecnologia. A Empire Technology. Eu era a Assistente Pessoal do Presidente. Daniel Delavounne... e era também, algo a mais dele.
Olhei minha gaveta de lingeries e me lembrei de que Delavounne voltaria aquele dia para a empresa. Significava que eu podia enfim estrear minha lingerie vinho toda rendada, com detalhes negros, juntamente com a cinta liga preta. A vesti com cuidado e por fim coloquei meu vestido lápis vinho até dois dedos acima do joelho. Calcei meu peep-toe preto e me olhei no espelho; os meus fios pretos estavam alinhados perfeitamente, graças ao secador, os meus olhos azuis estavam opacos, e isso era devido a maldita ressaca deixando assim uma mancha escura abaixo dos meus olhos, contrastando com a minha pele que era clara — e que naquele momento mais parecia um fantasma do que um ser vivo.
Com um certo desânimo — e irritada com o horário que se aproximava — eu fiz uma maquiagem básica. Não estava com tempo para fazer uma melhor.
Assim que terminei, sai atrás do meu celular porque não tem como eu trabalhar sem ele.
Era uma regra clara; eu precisava do maldito celular para ter contato constante com o meu querido chefe.
Procurei em todos os lugares possíveis em que eu sempre esqueço, mas não o encontrei. Primeiro optei pedir calmamente a todos os tipos de deuses, para me ajudarem na busca daquele pequeno aparelho branco. Não deu certo.
Logo parti para a segunda opção, que seria começar a xingar qualquer coisa e até o fabricante do aparelho — que não tinha nada a ver — para que eu encontrasse aquele maldito celular.
Respirei fundo na sala, quando me dei conta de que só iria perder tempo e não iria encontrá-lo.
Quando estava indo em direção a minha bolsa, ele começou a tocar novamente.
Os deuses tardam, mas não falham!
Eu o encontrei jogado no meu closet. Não faço a mínima ideia de como ele foi parar lá, mas isso não importava, pelo menos não naquele momento.
Atendi o celular e já sai correndo pegando as chaves, bolsa e indo para o elevador.
— Alô? — Atendi ofegante, e nem havia visto quem era.
— Hellen? — A voz sensual que eu sempre adorava, soou do outro lado fazendo meu corpo estremecer.
— Daniel! Você já chegou? — Usei meu tom sensual, enquanto saia do elevador e ia em direção ao meu carro.
O meu corpo logo se acendeu, como sempre fazia quando se tratava dele. Era algo enigmático para mim, mas não podia negar, eu gostava.
— Sim, e estou aqui em minha sala te esperando. — Sua voz carregada tinha um objetivo, eu sabia, e ele tinha conseguido com êxito ao concluí-lo; me deixar excitada logo pela manhã.
— Hmm... Eu espero que você tenha o almoço livre hoje. Preciso te mostrar algo. — Sorri maliciosa ao ouvir sua voz abafada, dizendo algo que não fui capaz de entender.
— Pra você eu sempre tenho. — Sua voz era tentadora, mas eu sabia que não era uma verdade o que ele havia dito. Ainda assim, não deixei de continuar a brincadeira como sempre gostava de fazer.
— Então no almoço te servirei algo bem saboroso. — Usei meu tom sensual, sem demonstrar exageros.
Ouvi sua respiração funda e eu sorri largamente quando notei que o havia atingido em cheio.
— Não pode ser agora, para um café da manhã? Eu estou com uma fome que só você é capaz de sacia-la. — Sua voz estava carregada de desejo e luxuria.
Fechei meus olhos lentamente ao entrar em meu carro e sentar no banco do motorista, deixando que sua voz me trouxesse lembranças de seus toques que faziam meu corpo se arrepiar e ficar completamente entregue a ele.
— Hmm... poderei pensar melhor nisso, mas ainda continuo achando melhor ser no almoço. — Levei minha chave até a ignição do carro, enquanto continuava sorrindo.
Adorava ter aquele tipo de conversa com Daniel. Esses joguinhos de desejos, misturado com Dirty Talk, era algo que fazia eu o desejar ainda mais. E era estranho o fato de que eu só conseguia — e gostava — de fazer isso apenas com ele.
— Pense bem. — O tom da voz era baixo e grave — Você estará fazendo um favor para todos da Empresa. — Terminou com seu tom formal e eu levei minha mão rapidamente acima do meu peito, sentindo o coração bombeando rápido — Sabe que eu bem saciado fico de bom humor. — Ao mesmo tempo em que soara provocante, também soou divertido me fazendo sorrir.
— Eu acho que você hoje está de muito bom humor, Sr. Delavounne. — Provoquei.
— Posso mudá-lo se esse for o problema aqui. — Disse sugestivo e eu balancei a cabeça como se ele pudesse me ver.
— Conversamos melhor quando eu chegar aí, querido chefe! — Girei a chave, fazendo o painel do meu carro se acender — Agora preciso ir, não quero que meu chefe me de um ralo por chegar atrasada. — Brinquei e sua respiração preencheu novamente meus ouvidos, me fazendo ter lembranças de alguns dias atras.
Da última vez que havíamos nos visto.
— Tudo bem. Estarei aqui te esperando, Srta. Cavannaugh! — O maldito sabia bem como pronunciar meu nome deixando meu ventre se contrair em desejos. — Faça um bom caminho até aqui e com cuidado. — Alertou, eu sorri e ele desligou.
Olhei para o retrovisor do carro e vi meus olhos com as pupilas dilatadas, sinal de que estava extasiada apenas por aquela ligação de Daniel.
Gostava daquela relação perigosa e sem sentimentos. Mas ainda assim, meu subconsciente me alertava para ter cuidado.
Respirei fundo fechando meus olhos por alguns segundos. Após abri-los, joguei meu celular no banco do passageiro e dei partida no carro.
Eu estava atrasada e realmente não era um bom dia para se atrasar, eu estava cheia de coisas para resolver. E meu querido chefe, estava afim de tirar minha sanidade.
»♡«
Ao entrar no elevador espelhado e elegante da Empire, eu respirei fundo mais uma vez e deixei que meus olhos focassem na mulher a minha frente que me encarava com expectativa, medo e anseio. Tombei meu rosto para o lado, ao ver meu eu ali no espelho e arqueei a sobrancelha levemente por ver que eu transmitia medo, mesmo que eu não estivesse sentindo, e isso me deixou perturbada.
Olhei para o meu reflexo, notei a mulher com postura profissional, que exalava elegância e segurança. Com o queixo erguido, reto, e os olhos concentrados. Qualquer pessoa poderia me julgar como metida e mesquinha. Aliás, eu era julgada assim por aqueles corredores.
Mas no fundo, eu era apenas uma mulher sozinha que, ainda não tinha vivido metade do que muitas da minha idade já haviam vivido no quesito amor. Fora isso, eu era expert em tudo.
Mas ainda assim, isso não me abalava. Gostava de saber que eu não era todo mundo.
Os meus olhos focaram novamente nos olhos do meu reflexo. E, eu me perguntei mais uma vez porque é que eu via o medo neles, mesmo que fosse em uma proporção pequena.
"As coisas podem não ser como você quer." Meu subconsciente se manifestou, e eu tombei novamente a cabeça para o lado arqueando a sobrancelha.
"Expectativas criadas demais, geram decepções." Mais uma vez, meu subconsciente alertou.
Estranhei aquele alerta em minha mente. Não me lembrava de ter criado expectativas, não expectativas que pudessem me fazer ter decepções.
Suspirei deixando de lado aqueles pensamentos. Tinha certeza de que o álcool ainda estava correndo em minhas veias, e que aquilo era consequência dele.
Mas mal sabia eu que, a verdade era que meu subconsciente me alertava por ter pressentimentos que eu estava ignorando.
»♡«
— Bom dia, Hellen! — Amélia disse me entregando um café e eu a agradeci dando um beijo em sua bochecha e dando-lhe bom dia. — O que aconteceu ontem para você se atrasar hoje? — Ela riu enquanto eu me ajeitava em minha mesa.
— Bebi todas que pude, achando que hoje era domingo. — Respondi risonha, ligando o meu laptop.
— Céus! Você não tem jeito. — Riu — O Sr. Gostosão — era assim que nós duas chamávamos Daniel, mas ela não sabia do meu caso com ele, ninguém sabia — disse que era pra você entrar quando chegasse. Mas antes que você entre, preciso que assine os papéis da loja e depois o entregue. — Me deu as folhas — Ah, mais uma coisa. O Sr. Caulfield, pediu para agendar um horário com o Sr. Delavounne ainda hoje se possível. — Continuou lançando seu sorriso sincero para mim.
Me joguei na cadeira e bufei.
Ah, segundas, como eu amo!
— Vai ser impossível isso. Hoje a agenda dele está cheia. — Revirei os olhos.
O cliente Caulfield era cheio de querer marcar horários em cima da hora, e ele queria que eu fizesse milagres. Quando não conseguia, ele sempre vinha com grosseria.
— Você sabe como ele funciona. — Ela deu de ombros e eu assenti.
Olhei rapidamente as folhas da Loja e deixei minha assinatura em cada uma delas.
— Ele disse do que se trata?
— Sim. Sobre sua nova rede que irá abrir, e ele precisa de computadores avançados.
— Mas não já havíamos resolvido isso? — Suspirei e ela deu de ombros.
— Sim, mas ele quer uma linha mais potente que aqueles, porque disse que essa ala da sua empresa precisará! — Respondeu e eu fechei meus olhos já percebendo que eu ia passar por estresse naquele dia — Se isso te deixa melhor, eu também tenho um monte de coisas para fazer. Nosso chefe mal chegou e passou um monte de coisas para eu fazer. — Abri meus olhos e a vi suspirar sentando-se na sua cadeira.
— Como ele está hoje? — Me interessei ao lembrar do que ele me disse ao telefone.
— Com um ótimo humor. — Respondeu com outro sorriso e eu correspondi com outro ao ver que ele não tinha feito o que havia me dito.
— Ótimo, vou ir ver o que o Sr. Gostosão quer e já volto, porque hoje estou cheia de coisas para resolver. — Levantei, arrumando a barra do meu vestido e pegando todo o meu material de trabalho.
— Ah, está mesmo. — Assentiu com a cabeça, olhou para a tela do seu computador e ergueu o dedo para mim -— Já ia me esquecendo. — Levou sua mão até sua testa que estava tampada pela franja ruiva — Já ligaram atrás da planilha dos softwares novos umas três vezes. — Mordeu seu lábio inferior e eu fechei meus olhos respirando fundo mais uma vez naquela manhã.
É, o dia realmente seria cheio.
— Certo. Já volto, anota para mim os recados e eu prometo que te pago o almoço hoje. — Pisquei e fui para a sala do meu amado chefe.
A porta já estava aberta, como eu suspeitava. Sempre que dizia para Amélia que me esperava em sua sala, deixava a porta aberta, mas assim que eu a passasse por ela a mesma seria trancada por ele através de um botão.
Ele estava em pé perto da enorme parede de vidro, olhando Manhattan. Deixei minhas coisas junto com os papéis que ele precisava assinar, em sua mesa e me aproximei lentamente, ele então se virou e me puxou para si me dando um beijo quente e saudoso de tirar o fôlego.
— Vai saciar a minha fome agora, Cavannaugh? — Indagou assim que nossos lábios se desgrudaram.
Sua iris piscou para mim, e eu me vi em transe por aquele olhar azul que parecia um mar no qual eu adorava me jogar nele e nadar, sem ter medo das enormes ondas e possível tsunami que poderia acontecer.
— Não. Acho que pode aguentar mais umas horinhas. — Enlacei meus braços em volta do seu pescoço e ele semicerrou os olhos ficando sério por alguns segundos.
— Estava com saudades. — Disse com a voz rouca e eu me afundei em seu pescoço sentindo seu perfume amadeirado.
Eu também estava.
"E você acredita?" Meu subconsciente aquela manhã, havia decidido que deveria comentar tudo o que eu fazia da minha vida.
— Não mesmo, sei que se divertiu. — Sorri passando a mão em seus fios de cabelo.
Ele estava fora há uma semana, não pude ir com ele na viagem de negócios, pois, tinha um aniversário para ir na sexta.
— Ah, a viagem foi um tédio sem você, minha querida, acredite. — Riu me levando para sua mesa, sentando em cima dela e me colocando no meio de suas pernas.
— Não encontrou nenhuma alemã capaz de tirar o seu tédio, Delavounne? — Ergui minha sobrancelha e ele riu se entregando.
—Encontrei, duas aliás. E vou te dizer; você tem que topar uma hora fazer sexo a três. É maravilhoso! — Pediu apertando minha cintura e eu dei um leve tapa em seu ombro.
— Já disse que na cama eu não divido. — Pisquei.
— Você é gulosa! — Mordeu meu lábio inferior — Mas confesso que pensei em você enquanto tinha as duas me saciando. — Sussurrou.
– Espero que você não as tenha decepcionado dizendo meu nome, Daniel. Isso é broxante! — Ri.
— Só uma ou duas vezes. — Respondeu e nós dois gargalhamos. — E você, fez alguém broxar essa semana? — Ergueu a sobrancelha.
E eu sorri; a verdade era que aquela semana eu só pensei em me afogar em bebidas, sem explicação e não estava boa o suficiente para ir para cama com algum estranho.
— Não. Essa semana a minha diversão foi a bebida. — Respondi depois de alguns segundos.
Ele me olhou com uma sobrancelha erguida esperando explicação e eu ri.
— Como?
— Não fiz ninguém broxar, Daniel.
— Como? Você não disse meu nome? — Retrucou e eu revirei os olhos.
— Não, eu não transei. — Ri alto, logo me lembrando que Amélia estava do outro lado e podia ouvir.
— Você se converteu? É algum tipo de milagre? Hellen Cavannaugh, sem transar durante uma semana? — Dizia indignado.
— Xiiiu. Amélia pode ouvir! — Ralhei.
— Você grita nas tardes em que eu estou te fodendo em cima dessa mesa, e está preocupada se ela vai ouvir isso? Esqueceu que essas paredes foram projetadas para não passar qualquer barulho para o lado de fora? — Me olhava como se eu fosse criança e eu ri mordendo o seu lábio inferior.
— Desse jeito você quase me magoa, quase. — Fiz um bico teatral e ele deu aquele sorriso que poucas pessoas tinham o privilégio de ver, e eu era uma delas.
— Ainda não acredito. — Fechou o sorriso aos poucos, ficando sério e eu tombei minha cabeça para o lado.
Tudo bem que eu era uma praticante ativa de sexo, mas não era tão espantoso assim ficar uma semana sem, não é? Sim, era.
— Pois acredite, Sr. Delavounne! Estive essa semana inteira fazendo outras coisas que não incluíam sexo. — Meus cílios bateram com sensualidade e eu me afastei um pouco dele.
Seus olhos deslizaram da minha cabeça até meus pés, e subiu lentamente enquanto passava sua língua pelo seu lábio inferior, demonstrando o desejo libido que estava sentindo.
— Nem mesmo uma siririca pensando em mim? — Mesmo sério, sua iris me mostrava que ele estava faminto e eu ri alto outra vez.
Ele cruzou os braços na altura de seu peitoral, arqueou a sobrancelha deixando uma ruga se formar entre elas e tombou a cabeça levemente para o lado me olhando com uma cara de interrogação.
Aquele seu rosto, confuso, sua posição e seus lábios entreabertos na dúvida sobre dizer ou não o que pensava, convidava inocentemente meu corpo para o seu, e meus lábios para responder qualquer pergunta ao colar nos seus.
— Hoje você realmente está uma comédia. Não, nem mesmo isso. Sinto muito em te decepcionar. — O beijei, ao me dar conta de que estava perdendo tempo com aquela conversa e logo ele correspondeu intensamente.
Ele havia invertido as posições e agora quem se encontrava contra a mesa era eu. Minha perna estava em volta da sua cintura, e ele havia erguido meu vestido até minhas coxas, e passeava sua mão em meu corpo.
— Hellen... — Sussurrou e eu o respondi com um baixo gemido quando ele tocou meu clitóris por cima da calcinha.
Não podia deixar a surpresa ser estragada, mas era realmente difícil parar quando ele atingia aquele ponto.
E então ele parou, retirou sua mão e fitou meus olhos, sério.
No mesmo instante eu senti meu abdômen estremecer, e agora eu entenderia se meus olhos estivessem demonstrando medo, porque foi isso que senti.
— Você está apaixonada por alguém? — Perguntou olhando indeciso para os meus olhos e boca, e segurava forte minha nuca e minha cintura, enquanto meus lábios continuavam entreabertos esperando pelo os seus.
Pisquei duas vezes saindo do momento êxtase, e digerindo as palavras que ele havia dito.
Demorou alguns segundos para eu entender realmente o que ele havia dito e qual era o significado daquilo. Entendi suas palavras, mas não o significado.
Seu olhar inquietante estava sobre mim e só por isso lembrei que eu devia uma resposta a ele.
— O que? — Perguntei surpresa — Eu apaixonada? — Ele concordou com a cabeça — Da onde você tirou isso, Daniel? — As perguntas saíram em disparada da minha boca, e ele fechou os olhos rapidamente e depois os abriu.
E então eu me explodi em altas gargalhadas.
Fiquei alguns minutos rindo igual uma palhaça enquanto ele me olhava aflito e sério.
— Você ainda não me respondeu, Cavannaugh. — Sua voz grossa soou profissionalmente me fazendo parar o acesso de risos e recompor minha postura.
Quando aquele tom profissional soava, era automático eu ficar seria e ter a coluna ereta.
Ajeitei meu vestido e me levantei, me afastando um pouco dele.
— Não, Delavounne. Não estou apaixonada. — Sorri e vi seus ombros relaxarem — Por que essa pergunta? — Enruguei minha testa e ele se sentou em sua cadeira.
— Porque não estou afim de te deixar. — Disse olhando para os papéis que eu havia deixado em sua mesa.
Aquela pequena frase, fez o meu coração agir totalmente estranho. Ele pulsou forte e pareceu estar rápido demais.
"As expectativas. Lembre-se, não as crie!" Meu subconsciente gritou, me trazendo de volta para a sala.
Daniel e eu trabalhamos juntos há 5 anos, e há 2 e meio mantemos uma certa relação de amizade colorida, mas isso é só em sua sala ou em outras quatro paredes como; meu quarto, o dele, e o de hotéis quando viajamos.
Sem compromisso, sem sentimentos, livres para pegar quem quisermos quando não estivermos perto um do outro. Mas isso caso não nos apaixonamos por outra pessoa. As vezes nós dois conversávamos sobre quem pegamos no final de semana, e discutíamos se o parceiro (a) foi bom ou não na cama. Éramos amigos acima de tudo.
— Acho que vamos ter que adiar nossa brincadeira. Sinto muito, mas hoje te dei muito serviço — Ele dizia mexendo nos papéis, parecia inquieto e eu vi o momento em que ele fechou sua mão esquerda em punho, apertou seus olhos enquanto eu continuava ali parada o olhando sem saber o que dizer e sentir.
Então olhou para mim e deu um pequeno sorriso torto, e eu retribui.
"Reage!"
— Novidade. Quando é que você vai para a Alemanha e não volta sem mais trabalho para mim? —Indaguei risonha e ele me puxou dando um último beijo e logo me deixando.
— Não reclama, você é a que menos trabalha aqui. Agora vai! Senti a palma de sua mão bater em minha bunda, deixando a quente e formigando querendo mais do seu toque.
– Antes de ir. Preciso saber se você tem horário para o Sr. Caulfield, ainda hoje? – Indaguei puxando minha agenda da sua mesa, e ele suspirou jogando suas costas no encosto da sua poltrona confortável.
– De novo ele quer marcar algo em cima da hora? O que foi dessa vez? – Indagou apertando os olhos com a ponta dos dedos e eu assenti com um sorriso e repeti a informação que Amélia havia me passado – Bom, me repasse quem temos hoje.– Apontou para a minha agenda e eu ditei todos os seus compromissos, que eram muitos.
Eu até cheguei a me perguntar como eu daria conta das planilhas, se tinha duas reuniões fora da Empire com ele.
– Está me ouvindo, Hellen? – Ele me chamou com um sorriso, e eu despertei do meu devaneio.
– Desculpa, estava só repassando em minha mente o que eu tenho que fazer. – Respondi antes mesmo de ele perguntar. – O que disse?
– Vamos ter que desmarcar nosso almoço. –Dobrou os lábios, fingindo decepção. – O único horário que tenho disponível é o almoço, e o Caulfield é um excelente cliente que não podemos deixar na mão. – Concluiu e eu torci meus lábios em desgosto.
– Eu compreendo. É uma pena, a surpresa era boa. – Dobrei meu corpo à frente da sua mesa, apoiando minhas mãos no tampo de madeira dela e ele passeou os olhos pelo meu colo antes de subir para o meu olhar.
– Eu disse a você que era melhor no café da manhã. – Disse lentamente estalando os lábios.
E eu endireitei meu corpo novamente quando ele fez menção de me tocar. Apertei o botão em sua mesa, abrindo a porta.
– Tenho trabalho a fazer, como você mesmo acabou de me dizer. – Pisquei – Fica para outro dia. – Virei de costas com um sorriso andando até a porta e minha agenda em minhas mãos – Ou, – Olhei por cima do ombro – Outra pessoa pode degustar. Vai depender de quem vai chegar primeiro. – Lancei meu sorriso irônico para ele, seus olhos estavam escuros e eu pude ver sua mão fechada em punho.
Ele fez menção de se levantar, mas eu já estava com a mão na maçaneta da porta.
O olhei uma última vez por cima do ombro e ele estava encarando minha bunda com desejo. Safado como sempre, mas um safado que eu adorava deixar o desfrutar do meu corpo.