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Chapter 18 - Torre de Observação de Estrelas

Seguindo a marcha quase incessante do velho bêbado, quase porque ele teve que parar numa taberna para nos lembrar que ele é, bem, um velho bêbado.

E logo depois disso voltamos a marcha adiante para tão falada torre, que supostamente vai ser nossa base por um tempo. Só espero que quando chegarmos lá tenhamos tempo para acumular uma quantidade decente de Ki, eu me sinto andando indefesa desde o ataque aos cultistas.

Depois de duas horas de caminhada, avistamos a dita torre, tendo a forma de um octógono feita de pedras negras reluzentes e tendo oito andares, cada andar tem trinta metros de altura, porém cada andar é menor em diâmetro do que aquele que serve de base.

A também várias janelas em cada andar dispostas de forma intercalada, uma parede as tendo outra não, essa intercalação é feita em cada andar para que não haja duas janelas diretamente uma em cima da outra.

Nos aproximamos da torre calmamente, mais ou menos calmos na verdade, Baha e eu quase tentamos correr para a Torre pra checar se é tudo que ele disse, mas assim que tentamos acelerar nosso passo Kaz nos força a acompanhar o ritmo dele através de Synchro.

Calmamente, por falta de escolha, mas agora que pensei melhor entrar na torre sem causar uma cena é provavelmente melhor.

"Parem!" Grita um homem de roupas folgadas que estava encostado na parede ao lado do portão de entrada para a Torre. "Se identifiquem, e qual o seu propósito."

'Que convencido, para usar um tom de ordem em possíveis convidados, ao inves de perguntar com edução.

Conforme nos aproximamos pude ver o portão em mais detalhes, sendo duas grandes portas de madeira violeta que parecia ter um efeito de gradiente com três tons de roxo e uma moldura metálica dourada, na madeira violeta estavam pintadas varias constelações e onde a luz batia na madeira o violeta se tornava azul dando um ar etéreo para o portão.

"Kaz" O velho bêbado fala "e estou aqui para voltar a exercer minha função"

"Tem como confirmar isso?" O guarda, vigia, bem quem sabe qual é a função desse desleixado? Pergunta para Kaz.

"Chame o Mestre Observador de Estrelas, ele é minha confirmação." Isso não soa como uma boa ideia mas, vai que da certo.

"E quem você seria pra usar o fundador como confirmação?" O guarda desleixado pergunta ofendido.

"O cara que salvou a vida dele e fez de tudo isso aqui possível." Kaz fala imitando o tom ofendido do guarda.

"Hã? Como é que eu nunca ouvi falar de você então?" O guarda pergunta.

"Ainda bem que você nunca ouviu falar de mim, porque se você tivesse o velho estrelas com certeza teria te matado." Kaz fala com um sorriso de ponta a ponta dos lábios fazendo um gesto de degolação com os dedos.

"Como assim? O mestre me mataria se eu soubesse de você?" O guarda pergunta com uma mistura de ofensa e duvida.

"Eu não estou brincando, consiga alguém para tirar aquele velhote de seu estudo, ele vai entender assim que ouvir meu nome." Kaz respondo, com calma dessa vez.

"Eu vou passar a mensagem, Kaz, é melhor você estar falando a verdade." O guarda fala apontando um anel com uma pedra lapis azul cinzenta para o topo da torre.

No meu sexto sentido percebo uma leve ondulação se espalhando pela atmosfera, uma forma de enviar mensagens sem deixar que outros vejam do que se trata, hein? Essa torre já está começando a me interessar.

Após um minuto um homem salta de uma janela do ultimo andar, sem fazer nada para parar aceleração, se deixando cair reto como se apenas tivesse pulado um degrau de uma pequena escada. Quando o homem chega perto do chão uma luz azul se expande abaixo de seus pés e o empurra levemente para cima, a luz se dispersa e os pés do homem, que eu imagino ser o Mestre Observador de Estrelas, chegam ao chão sem sequer levantar um pouco de poeira.

"Kaz meu velho amigo, mais um seculo sem vê-lo e eu faria um funeral para você." Diz o Mestre Observador de Estrelas, com um sorriso genuíno apesar do tom sarcástico das palavras.

O Observador de estrelas, pode ser descrito como o oposto do estilo bagunçado do velho bêbado, cabelos negros lisos e alinhados, longos robes azuis e violeta com bordados dourados, um rosto afiado com ângulos fortes dando um ar de escolaridade e olhos azuis cintilantes.

"Isso é coisa que se diz quando se reencontra um velho amigo?" Kaz pergunta, sem demonstrar incomodo nenhum com a pergunta na verdade.

"Considerando sua tendencia a criar uma miríade de inimigos aonde quer que vá eu considero essa uma duvida razoável." O Observador de Estrelas responde com um sorriso relaxado.

"Bah, que seja, você não mexeu na minha sala, certo?" Kaz pergunta, parece que eles consideram essa troca de perguntas quase ofensivas um comprimento.

Bando de doidos.

"Mais ou menos, tive que realocar algumas coisas, mas ainda tenho todos os seus documentos e ferramentas guardados, já que você quer voltar a trabalhar aqui te consigo uma sala até amanhã. Está bom assim?" Pergunta o Mestre da torre.

"Perfeito, arranje um lugar pra esses dois também, eles vão ser meus assistentes." Kaz responde com um sorriso, que por algum milagre, não o faz parecer que ele está pensando em matar alguém brutalmente.

"Você, usando assistentes?" O Mestre Observador de Estrelas pergunta erguendo levemente uma das sobrancelhas "Qual é a pegadinha? Eles são fugitivos de alguma conspiração ou guardiões de um tesouro secreto?"

"Algo assim." Kaz fala levantando e abaixando os ombros.

"Você devia ter continuado escondido seu louco." O Observador de Estrelas fala, com um olhar de descrença e um tique nervoso no olho esquerdo.

Quando a conversa dos dois velhos monstros acaba, vamos ignorar que quase gritei 'Como você sabe disso?' quando o Mestre da torre deu exemplos de que tipos de problemas o velho bêbado costuma se envolver, adentramos a torre.

No centro do andar uma escada em espiral com uma coloração âmbar que vai até o topo do torre, e até embaixo também, como uma ampulheta com as proporções invertidas.

Ao redor da escada, estava um vão de dez metros de diâmetros, com alguns pilares dourados aqui e ali, ao redor desse vão haviam paredes que separavam as salas, uma avançando para perto do vão e outra recuando.

Acho que esse tipo de intercalação é o tema do lugar, mais até do que estrel-

Penso nisso quando acabo olhando para cima e vejo o mapa espacial de 'Horizonte Expandindo' um dos onze sistemas solares, ás vezes chamados de 'onze mundos conhecido' e também o qual o planeta que estamos se encontra.

"Gostou? Cada andar da torre tem um mapa de um mundo pintado no teto, a maioria está na ordem em que eles foram descobertos. Infelizmente na época não tínhamos fundos para fazer onze andares então os três últimos mundos estão pintados nos andares do subsolo." O Mestre Observador de Estrelas pergunta com o sorriso orgulhos de um artista exibindo uma de suas melhores criações.

"Gostei sim, mas isso quer dizer que há três andares no subsolo?" Eu pergunto.

"Não, há oito, parcialmente por simetria e parcialmente porque eu nunca acreditei que houvessem só onze mundos." Quem responde dessa vez é Kaz com um sorriso discreto e o olhar de quem está saboreando a nostalgia que o lugar lhe trás.

"Então você acha que seriam dezesseis mundos?" Baha pergunta olhando com atenção o mapa.

"Não, ainda mais." Kaz responde instantaneamente.

"Quantos então?" Baha pergunta de novo.

"Sei lá, talvez uns trintas." Kaz responde com um sorriso travesso "Minha sala provavelmente vais ser nos andares de baixo pra me esconder, se importa se eu já for dar uma olhada?" Kaz pergunta para o Mestre Observador de Estrelas apontando o indicador para baixo.

"Fique a vontade." E o Mestre responde sem pensar muito.

"E vocês dois querem ver o que desta humilde torre?" O Observador de Estrelas muda a pergunta para nós.

Humilde? Aonde?

"Antes disso, sé três dos andares abaixo são para os mundos conhecidos o que há nos outros cinco?" Pergunto para o Mestre da torre.

"Mapas de cinco mundos não conhecidos ou que pelo menos nenhuma força revelou que os descobriram." O Mestre Observador de Estrelas fala com um sorriso que não é um sorriso, como se ele estivesse escondendo uma ameaça por trás dessa resposta.

'Cuidado com o que falam e com o que pergunta.'

Deve ser algo assim considerando a natureza da torre como um centro de pesquisa, que tenta não ser arrastado para conflitos de poder e interesse.

"Querem ver os outros andares?" O Mestre pergunta, apagando todo e qualquer ar ameaçador de seus maneirismos.

"Pode ser." Baha responde por nós dois.

Ele chegou a perceber que isso foi uma ameaça velada?

Talvez, talvez não.

Começamos a subir as escadas até o segundo andar.

"Por que esse espaço oco no meio das escadas?" Baha pergunta olhando para o centro das escadas "ou é só estética?"

"Alguns dos nossos membros não conseguem se conter quando desenvolvem a habilidade de voar então deixamos esse espaço por segurança e praticidade."

Segurança com um buraco gigantesco no meio do prédio?

Tudo bem que as escadas são largas e os corrimões são altos e firmes mas, são duas coisas que não andam juntas normalmente.

"Obviamente temos um dispositivo no último andar subterrâneo que absorve o impacto caso alguém caia."

Ohh. Essa é a parte 'segura'.Pensando nessas bobagens finalmente chegamos ao segundo andar no geral é a mesma coisa do primeiro andar apenas com o mapa sendo diferente, e nas meia-canas do teto tendo desenhos simplificados de homens e mulheres com a pele negra como obsidiana e tatuagens tribais radiantes cada uma de uma das cores do espectro visível da luz.

"Eu queria perguntar desde que vi as pinturas do primeiro andar, o que essas linha douradas entre os planetas são supostas a representar?" Baha pergunta olhando para o mapa e para as pessoas obsidianos, quase hipnotizado.

Olho para o mapa e vejo as linhas douradas conectando os sete planetas dispostos em órbita ao redor do sol.

"Você nunca saiu desse planeta, certo Baha?" Pergunto a ele.

"Não. Como isso se relaciona?" Ele responde e pergunta de volta.

"Tudo. Essas linha douradas representam as 'Pontes Cosmicas' relíquias do tempo em que a exploração dos outros mundos estavam só começando e o único jeito de pessoas comuns cruzarem de um planeta para o outro." Começo a explicação.

"Com licença senhorita, não quero ser estraga prazeres mas, é mais correto dizer que as três pontes originais são relíquias dos antigos Cultivadores de logo após a queda do Reino Divino." O Mestre Observador de Estrelas começa a falar, e continua sem esperar por uma resposta " e as outras pontes são recriações feitas quando os Synchroners começaram a explorar além dos planetas em que nasceram."

De fato um escolar, não consegue aguentar nem a mínima inconsistência nas suas explicações.

"E as pessoas ao redor?" Baha pergunta outra vez.

E eu espero o Mestre da Torre responder já que dessa vez eu não faço ideia.

"Os Cultivadores antigos tinham varias habilidades que apesar de podemos recriar com Synchro são fundamentalmente diferentes, uma delas é a habilidade de passar parte dos poderes diretamente para os genes de seus descendentes, chamamos isso de 'Talentos de Linhagem'. As pessoas aqui representadas são uma tribo lendária de 'Aurora Eterna' os Ligverborge os quais o talento de linhagem lhes permitiam aprimorar varias habilidade através da luz." Será que o Mestre Observador de Estrelas fundou essa lugar porque ele tem uma compulsão de responder tudo?

Provavelmente não, mas seria divertido se fosse isso.

Olho para Baha que fica encarando as pinturas desses ligverborges.

"Ligverborge, luz escondida."

Que raios isso significa Baha?